O néctar verde dos Deuses minhotos....

Falar da identidade cultural de um povo implica referir a sua cultura  gastronómica. De entre os produtos da terra minhota  que são conhecidos a nível nacional e internacional, projectando o Minho no mundo,  sobressai inevitavelmente o famoso vinho Alvarinho.
A casta do Alvarinho embora se desenvolva em várias Regiões do país, atinge o máximo das suas potencialidades  na sub-região de Monção e Melgaço, duas das Vilas com mais história do país com cerca de 700 anos, e que possuem um micro-clima muito especial que potencia o seu crescimento. É considerada a mais nobre das castas brancas, derivando da espécie Vitis Vinifera, e caracteriza-se  por ser um vinho de cor intensa, com reflexos citrinos e  um sabor frutado.
A título de curiosidade diga-se que há registos históricos que encontramos no Foral de D. Afonso III de 1261, que já então reconheciam  o cultivo e a protecção  das vinhas aos habitantes de Monção. Sublinhe-se, igualmente que,  segundo a obra escrita pelo Conde D'Aurora  em 1962 "Itinerário do primeiro vinho exportado para Inglaterra", o primeiro vinho a ser exportado para aquele país não foi o vinho do Porto, mas sim  o vinho  de Monção, havendo referências de ingleses que comercializavam este produto em Monção e Viana do Castelo.
Actualmente, o vinho Alvarinho conquistou uma legião de admiradores dentro e fora das nossas fronteiras. Também cresceram os eventos para promover este produto - exemplo disso serão a Festa do Fumeiro e Alvarinho em Melgaço e a Feira do Alvarinho de  Monção,  que se realizam anualmente.

Autor: Rui Marques 

Sua majestade : o Bacalhau I do Minho !!!


Se a Gastronomia minhota fosse uma Monarquia, o bacalhau seria o incontestável rei. É verdade que existem nobres de aristocrática linhagem como o cabrito assado no forno ou o arroz de sarrabulho, mas nenhum ocupa o lugar principal nas mesas e nos gostos dos minhotos como este fiel e delicioso amigo vindo do Norte da Europa.
Na ementa minhota encontramos receitas tão diversificadas como o arroz de bacalhau à moda do Minho -bacalhau cozido e desfiado envolvido numa mistura de pão, aceite, cebola - arroz de bacalhau com grelos - partido aos bocados e misturado com arroz, grelos de couve ou arroz - ou o Bacalhau à Narcisa- embrulhado em folhas de couve e alourado no forno com lascas de presunto. Isto para não falar de clássicos como o Bacalhau à minhota - bacalhau cozido e lascado com batatas cozidas no mesmo azeite e uma cebolada - e bacalhau à moda de Viana- pitéu composto por postas do lombo embrulhadas em folhas de couve assadas no forno. 
Quem passar a Consoada no Minho não ficará, certamente, decepcionado. Sua majestade, o Bacalhau, nunca se esquece dos seus devotos súbditos. 

Atenção!

Amália - Monumento nacional




Que nome é este que agrega um estilo, que grandeza é a desta mulher que é sinónimo de uma música secular, interpretada por uma infindável galeria de fadistas de ambos os sexos, mas que volta sempre  a essa denominação única, a essa alma mater musical  que se confunde com a própria  natureza  do  Fado ?
Amália é esse nome: chamá-la Amália da Piedade Rodrigues, dizer que nasceu em Lisboa em 1920, afirmar que começou a cantarolar nos bairros de Lisboa os tangos melancólicos  de Carlos Gardel, vendeu fruta, foi engomadeira e bordadeira na adolescência, participou na Marcha popular de Alcântara em 1936  e, mais tarde,  foi convidada a cantar na mais célebre casa de Fados de Lisboa chamada Retiro da severa, é ficar aquém do mito que é Amália Rodrigues. 
O resto da história, os concertos no Rio de Janeiro, no Olympia de Paris com Edith Piaf ou Charles Aznavour a aplaudir , nos Estados Unidos, a capacidade única daquela voz nos arrancar a  alma, de rasgar os versos de poetas magníficos como David Mourão, Alexandre O'Neil ou Pedro Homem de Mello, todos já conhecemos. Diz-se que Amália sucedeu  a outro mito, a Severa, mas rapidamente se tornou na encarnação do Fado, não numa rainha fugaz daquelas que vem e passam, mas no próprio género em si, poderoso como uma força telúrica soberba e imparável, num caudal de talento que nenhum crítico musical  consegue espartilhar, reduzir, caracterizar.
Amália, simplesmente Amália. Sem apelidos, substantivos e adjectivos. Só um nome que significa todos os nomes do Fado. 
Amália - Monumento nacional.

Autor: Rui Marques  

A origem misteriosa do Fado


De onde vem o Fado ? Qual é a origem desta misteriosa música que se entranhou na alma de um povo até se tornar uma parte integrante dos portugueses, do nosso organismo, da nossa forma de ser e pensar ? 
É uma questão que vários investigadores colocaram: uma hipótese aponta para que o Fado terá nascido a partir dos cantos dos mouros que permaneceram no Bairro da Mouraria, em Lisboa, após a reconquista cristã, outra tese assinala que a origem estará na imensa popularidade que nos séculos XVIII e XIX tinha a modinha e da sua síntese com outros géneros musicais como o Lundu,essa dança brasileira trazida pelos africanos que foram para o Brasil e Portugal, e que se terão misturado,  no caldo de culturas que era a Lisboa da época,  para gerar esse filho luminoso a que chamamos Fado. 
Tenha a origem que tiver, a verdade é que foi uma criança brilhante e é um filho extraordinariamente adulto sempre em evolução constante. Em Lisboa, em Coimbra, no Porto, no mundo que o reconhecerá como património mundial, o Fado é um mistério que enche a nossa vida de feliz e doce melancolia. 


Autor:Rui Marques

O Fado dos poetas


O Fado cresceu com a criatividade da poesia portuguesa . Nomes como  José Carlos Ary dos Santos, David Mourão Ferreira ou Alexandre O'Neil quebraram os preconceitos que diziam que a poesia escrita para Fado era uma arte menor, provando o contrário, que a musicalidade do Fado era ideal para expressar a força telúrica dos seus poemas.
José Carlos Ary dos Santos nasceu numa família da alta burguesia lisboeta em 1937 e escreveu os seus primeiros poemas aos 14 anos, e dois anos depois a sua poesia  integrou a  Antologia do prémio Almeida Garrett. Sai de casa por essa altura e dedica-se a várias actividades com a publicidade e a escrita de poemas que são adoptados por vários intérpretes da música portuguesa.
É autor de famosas  letras para canções que Portugal levou ao Festival da canção com a Desfolhada portuguesa( 1969), interpretada por Simone de Oliveira, Menino do Alto da Serra ( 1971), por Tonicha ou Tourada( 1973), por Fernando Tordo. No Fado deixou a sua marca em canções inesquecíveis como " Meu amor, meu amor", " Alfama" ou " Os putos" que foram perpetuados pela voz de Amália ou Carlos do Carlos do Carmo.
David Mourão Ferreira nasceu a 27 de Fevereiro de 1927 em Lisboa, licenciou-se  em Filologia na Faculdade de letras de Lisboa onde se tornou professor,  mas foi como grande poeta do amor que se notabilizou. Escreveu vários poemas para Amália como Sombra, Maria Lisboa, Nome de rua, Fado Peniche ou Barco Negro.
Alexandre O'Neil nasceu a 19 de Dezembro de 1924 na cidade de Lisboa, descendia de irlandeses e foi um dos fundadores do movimento surrealista em 1948 junto com outros nomes como Mário Cesariny, José Augusto França ou António Pedro. Possui uma ampla e rica obra poética com antologias como A ampola miraculosa (1948), No reino da Dinamarca(1958) ou a Fera cabisbaixa ( 1965) e poemas musicados para Fado como Gaivota, Adeus português ou Há palavras que nos beijam.


O Sotaques vai homenagear estes poetas, durante esta semana, com a reprodução em vídeo de vários Fados musicados a partir dos seus poemas. Porque sem eles o Fado não teria a riqueza e plasticidade que tanto admiramos na voz dos fadistas.

Autor: Rui Marques
                                         

Carlos Paredes e Mariza: os rostos das várias Gerações do Fado




Carlos do Carmo  e Mariza são dois rostos que simbolizam a evolução do Fado nas últimas décadas. O primeiro é o ícone do Fado nacional, o cantor que recebeu a passagem de testemunho da imortal Amália e a transmitiu à nova Geração, Mariza é precisamente uma das representantes desse extraordinário grupo de intérpretes que reinventaram o género e o exportaram para o mundo.
O Fado está nos genes de Carlos do Carmo: é filho da grande fadista Lucília do Carmo, e  um talento precoce que gravou o primeiro disco aos 9 anos. Apaixonado lisboeta, nasceu na capital em 1939, e cantou alguma das mais belas músicas sobre Lisboa como " Canoas do Tejo", " Lisboa menina e moça" e " Bairro Alto", algumas em parceria com esse excepcional letrista e poeta do Fado chamado José Ary dos Santos. 
Fez várias digressões no estrangeiro, actuou em palcos míticos como o Canecão do Rio de Janeiro, cidade que o honrou com a atribuição da condição de cidadão honorário . Venceu também  o prémio Goya para melhor canção original com "Fado da saudade" em 2008.  
Mariza nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, em 1973 os pais vieram  para Lisboa. Abriram um restaurante chamado Zabala na Mouraria, território sagrado dos fadistas, e foi na Casa de Fado Adega Machado que a menina Mariza, com sete anos, cantou pela primeira vez.
Em 1999, depois de ter desenvolvido uma carreira profissional na casa Sr. Vinho de Maria da Fé, outro grande nome do Fado, foi convidada por Filipe La Féria a participar na grande gala da TVI de homenagem a Amália. O Disco de estreia foi editado em 32 países pela editora holandesa World Conection, e a partir daí sucederam-se as digressões mundiais, actuações em grandes palcos e programas de televisão míticos.
Curiosamente o primeiro Fado que interpretou no restaurante dos pais foi " Os putos" de Carlos do Carmo, com quem já cantou em vários espectáculos. 


Autor: Rui Marques   

Silêncio ...que se vai falar do Fado ....



O Sotaques vai prolongar o destaque dado aos Sotaques do Minho e de Minas Gerais para o mês de Dezembro. Esta semana continuaremos a ter conteúdos ligados a esta relação Minho/ Minas Gerais, mas também falaremos de um  tema muito especial: o Fado.
Porque a partir desta terça-feira a Unesco reúne-se em Bali, na Indonésia, para votar várias candidaturas para património mundial da humanidade, e o Fado tem grandes hipóteses de atingir esta consagração global. O que na prática já é uma realidade: veja-se a quantidade extraordinária de músicos que têm surgido nos últimos anos, reinventando o género, levando-o aos palcos internacionais, conjugando a riquíssima tradição musical  cuja origem se perde nos séculos com uma estética renovada e jovem.
Fado deriva do latim "fatum", que significa destino, um destino que está ligado à língua como um coração é indissociável do corpo. Por isso, caros amigos do Sotaques, silêncio .... que se vai falar de Fado ......

Autor: Rui Marques

E do Minho nasceu Portugal ...




Há lugares que definem a História de um país.  Assim como sempre que falamos da independência do Brasil nomeamos o famoso grito dado por D.Pedro I  nas margens do rio Ipiranga, onde se situa actualmente a  cidade de  São Paulo, também associamos  Guimarães à fundação de Portugal. 
No século XI,  o rei D.  Afonso VI de Leão e  Castela entregou  o Governo do Condado portucalense ao Conde D.Henrique de Borgonha, que o tinha auxiliado na conquista do reino da Galiza. Este casou-se com a filha ilegítima do rei castelhano, D.Teresa, e tiveram um filho- D. Afonso Henriques- que nasceu em Vimararanes que era então a Villa mais importante do Condado portucalense, e cujo nome derivará  com o passar dos séculos  para Guimarães.  
O conde D. Henrique morreu em 1114 e,  entre D. Teresa     que apoiava  a continuação da vassalagem a Leão e Castela  e  D. Afonso Henrique, que defendia a independência, trava-se um conflito que vai culminar na Batalha de São Mamede, junto ao Castelo de Guimarães. Vence D. Afonso Henriques que se torna no primeiro rei de Portugal,  cuja autonomia face a Leão e Castela será  finalmente confirmada pela bula papal do Papa Alexandre III em 1179. 
E do Minho nasceu Portugal .....

Autor: Rui Marques



Carlos Drummond de Andrade: o irmão modernista de Fernando Pessoa




Entre a vida e a obra de Carlos Drumond de Andrade e a de Fernando Pessoa podemos traçar um paralelismo notável: ambos foram representantes da iconoclasta  poesia modernista , são considerados os poetas mais emblemáticos no século XX nos seus respectivos países  e, curiosamente,  também partilham o facto de terem estado na génese de duas  revistas modernistas - o Orpheu em Portugal e A revista no Brasil. 
Indiscutivelmente, a grande figura cultural nascida em Minas Gerais - nasceu em Itabira, em 1902 -  Drummond é um poeta invulgar. Porque os seus poemas geram perplexidade e admiração do leitor: citemos, por exemplo, os míticos versos de "Uma pedra no caminho" ou o impiedoso e magnífico auto-retrato   "E agora José". 
Carlos Drummond de Andrade e Fernando Pessoa são duas constelações de um movimento literário - o modernismo- que abalou não só as ténues fronteiras da Literatura como mudou a própria Sociedade. São dois poetas com sotaque e carisma e merecem a nossa singela homenagem nestas páginas 

Autor: Rui Marques 
 

Miguel Sousa Tavares no Festival literário de Paraty


Escritor, jornalista,  cronista lúcido e inteligente da política e da sociedade portuguesa no Semanário Expresso, respeitado comentador no canal privado  TVI, Miguel Sousa Tavares é aquilo que podemos chamar um homem da renascença. Também é um amante do Brasil,  respeitado em terras de Vera Cruz  como é comprovado pela recepção calorosa que a  crítica prestou ao  seu romance Equador,  que foi adaptado pela TV Brasil. 

Miguel Sousa Tavares vai estar no próximo Festival literário de Paraty no dia 17 de Novembro,  na sessão dedicada ao tema História e historicismo em Equador, em conversa com o cronista brasileiro Woden Madruga. Uma oportunidade única para ouvir uma das vozes mais respeitadas do panorama jornalístico e intelectual português. 


Autor: Rui Marques


Adolfo Luxúria Canibal: o artista total


Adolfo Luxúria Canibal nasceu em Luanda em 1959,  mas passou a adolescência e juventude entre Vieira do Minho e Braga e pode ser considerado um minhoto e bracarense de adopção. É  uma das figuras mais carismáticas da música portuguesa das últimas décadas e líder dos  Mão Morta.
Os Mão Morta foram criados em 1984 e cedo se destacaram pelo rock gótico e negro que representava uma pedrada no charco no panorama musical nacional. Discos como Mão Morta (1988), Mutantes ( 1992) ou Maldoror( 2008) contêm letras fortes e viscerais, escritas por Luxúria Canibal , que provocam uma estranha sensação de repulsa e atracção dos ouvintes.
Se o pudéssemos definir, o termo artista total era o mais  adequado: músico consagrado tocou também em parceria com grupos como os Pop Dell' Arte, Clã ou Moonspel, escreveu crónicas para jornais como o Independente, traduziu obras de Heine Muller ou Maiakovski e foi actor em filmes como Gel Fatal de António Ferreira ou encenações teatrais como Maldoror ( 2007) de António Durães. Em 2003 foi eleito pelo Semanário Expresso uma das cinquenta mais importantes figuras vivas da cultura portuguesa.
Adolfo Luxúria Canibal é um artista carismático que deixou a sua marca na História da música portuguesa.


O inesquecível Lima Duarte




Tou certo ou tou errado ? Perguntava Sinhozinho Malta enquanto movia o pulso e franzia o sobrolho. Foi uma personagem marcante na mítica novela " Roque Santeiro de Dias Gomes e Aguinaldo Silva,  ao lado de Regina Duarte e José Wilker,  e ganhou uma enorme popularidade no Brasil e em Portugal.
Na vida deste ilustre mineiro, nascido em 1930 na povoação de Sacramento, no interior de Minas Gerais, não faltam, aliás,   personagens marcantes. Ao Sinhozinho Malta de Roque Santeiro podemos juntar o pistoleiro Zeca Diabo de O bem amado ou o  extraordinário  Sassá Mutema de  O Salvador da Pátria. Começou na rádio onde fez um pouco de tudo desde trabalhos de sonoplastia, rádio novelas  ou  dobragem de filmes da desenhos animados,  e adoptou o nome artístico de Lima Duarte por sugestão da mãe que era espírita  e o aconselhou a usar o nome do seu guia.
Ariclenes Venâncio Martins, o seu nome de baptismo, tornou-se para sempre, para os muitos portugueses e brasileiros que o admiram, no inesquecível Lima Duarte.



Magusto lindo!

Teatro Circo: um ícone da cultura bracarense e nacional




O quase centenário Teatro Circo de Braga - foi fundado em 1915 por um grupo de cidadãos de Braga- é uma referência cultural da cidade e do país. Inicialmente afirmou-se como uma sala para encenações teatrais, mas com o passar dos anos também albergou espectáculos de circo ou sessões de cinema.
Essa natureza ecléctica do espaço transpôs-se para os nossos dias: na agenda para 2011 constam espectáculos de teatro, dança, circo,  cinema ou música . É um ícone da cultura bracarense, admirado em todo o país, e que revela o dinamismo de Braga como cidade de cultura e arte.  

Museu do Ouro: um tesouro cultural de Minas Gerais




O Museu do ouro localizado em Sabará, Minas Gerais, testemunha a importância fulcral  da exploração aurífera no desenvolvimento deste Estado brasileiro. Fica situado na antiga Casa da Intendência e Fundição de ouro da Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará.
O Museu tem um acervo de 749 objectos entre mobiliário, armas, imagens religiosas e objectos ligados à exploração à prática da mineração nos séculos XVIII e XIX. Possui também uma Biblioteca com 4.972 livros e um arquivo histórico, com obras preciosas e raras que remontam à criação do Estado de Minas e do Brasil.
É  um tesouro cultural com um valor incalculável que une Portugal e o Brasil através dos caminhos da História. 

Prémio Portugal Telecom para brasileiro Rubens Figueiredo










O escritor brasileiro Rubens  Figueiredo venceu o prémio Portugal Telecom 2011 com a obra Passageiro do fim da linha. Uma obra  que já tinha sido sido eleita como   livro do ano pelo prestigiado prémio São Paulo de Literatura.
Passageiro do fim da linha conta-nos as reflexões  interiores de uma  personagem, Pedro, durante uma viagem de autocarro entre a o centro e a periferia, que se vão misturando  com a visão que  observa  da realidade que o rodeia. 
O Prémio Portugal Telecom é o mais importante prémio literário atribuído a autores de países de língua oficial portuguesa. Esta foi a 9ª edição de um galardão que cumprirá dez anos em 2012,  e que já premiou autores tão conceituados como os brasileiros Chico Buarque, Bernardo Carvalho ou o português Gonçalo M. Tavares. 

Autor: Rui Marques 

Feliz aniversário do Sotaques



Dois meses depois,  o Sotaques está melhor do que nunca. Cresceu em qualidade, ganhou novos amigos nas redes sociais, tem conteúdos mais diversificados.
Este mês histórico - fazemos dois meses de vida- começa sob o signo da História e  da relação entre o Minho e Minas Gerais. Uma relação de simbiose cuja origem está nas características muito peculiares da emigração minhota para Minas. 
No ensaio do historiador Donald Ramos (1), publicado na revista do  Arquivo  público  Mineiro, salienta-se o facto da emigração minhota ter representado uma profunda mudança na clássica estrutura familiar. Devido à ida dos homens para destinos como o Brasil, as mulheres tornaram-se maioritárias face aos homens e  cresceu o número de mulheres solteiras no Norte do país.
Este autor cita os registos inquisitoriais(2),  para explicar que a emigração nortenha e, maioritariamente, minhota era em maior número que outras regiões portuguesas nas regiões de extracção do ouro. Curiosamente a mobilidade espacial que exigia a exploração do ouro(3),  provocou que os homens tivessem de deslocar-se para vários pontos geográficos de Minas, não se estabelecendo nem constituindo uma família nuclear e, indirectamente, fazendo crescer o número de mulheres celibatárias e solteiras que se tornavam chefes de família.  
Talvez seja esta tradição histórica que explique a importância da mulher no Minho e em Minas Gerais. E que seja a origem de uma profunda ligação histórica, que iremos abordar entre os Sotaques do Minho e de Minas Gerais, no mês de Novembro. 

Autor: Rui Marques
Fontes
(1)-  Ramos, Donald - Do Minho a Minas, Revista do Arquivo Público Mineiro , pags 135-150
(2) idem pag. 141 a 145
(3) ibidem  pag. 143-144

 Este artigo citado no texto  foi publicado pelo historiador Donald Ramos, professor emérito de História latina da Universidade de Cleveland, nos Estados Unidos e especialista na em História demográfica e social de Minas Gerais. Originalmente foi publicado na  Hispanic American Historical Review, Vol. 73, nº 4, pag. 639-662, 1993, e publicado posteriormente na Revista do Arquivo Público Mineiro.

Mês de Novembro dedicado ao Minho e Minas Gerais

Começamos um novo mês do Sotaques onde falaremos da ligação entre o Minho e Minas Gerais. Ligação muito profunda cujas ramificações podemos encontrar, por exemplo, no ensaio histórico Do Minho a Minas Gerais da autoria do historiador Donald Ramos, publicada na revista do Arquivo histórico de Minas Gerais.
Nesse documento traçam-se os paralelismos entre a família minhota e a família mineira que, por via da emigração para esta região brasileira, eram muito fortes do ponto de vista demográfico e social. Famílias extensas, uma predominância do número de mulheres sobre os homens, que desenvolveram uma grande autonomia e independência, eram  características do Minho que vamos encontrar reproduzidas em Minas Gerais.
O mês de Novembro no Sotaques terá como habitualmente conteúdos culturais, gastronomia, história, entrevistas e novidades que, temos a certeza,  irão agradar aos nossos leitores e seguidores nas redes sociais.
Com Sotaques nos entendemos !!! 

Um mês de êxito para o Sotaques

O mês de Outubro no Sotaques foi dedicado às regiões dos Açores e de Santa Catarina.Foi um mês intenso em que procuramos realçar características regionais como a literatura, música, gastronomia com vários textos, e em que também apostamos em entrevistas com figuras que se destacassem numa determinada área profissional ou artística.
O balanço que fazemos é excelente: por um lado, sentimos imediatamente que os açorianos e santa catarinenses aderiram ao nosso Projeto e mostraram um enorme interesse, por outro, tivemos uma adesão generalizada dos portugueses e brasileiros nas redes sociais- facebook, orkut ou twitter- e um grande número de visitantes no nosso blogue.
No mês de Novembro vamos abordar as regiões do Minho e de Minas Gerais. Amanhã iremos escrever um texto sobre estes novos Sotaques.
Agradecemos o vosso apoio e participação.

Juntos somos muito mais fortes e fazemos do Sotaques um Projeto mais sólido e melhor.

Homenagem aos que não partiram

Neste dia dos fiéis defuntos, a equipa do Sotaques manda uma saudação  a todos os que em Portugal ou no Brasil  hoje honram os seus familiares falecidos. Lembremos-nos deles sobretudo porque eles não morreram: vivem dentro de nós e viverão através dos nossos filhos e netos.
Só vencemos a morte quando não a deixamos ter a última palavra. Quando construímos a nossa memória, os nossos projetos, as nossas ideias, a nossa vida sem pensar nela.
Este é o desafio de todos nós. Este é o desafio do nosso Projeto cultural que quer perdurar e passar de geração em  geração, ficando na memória dos portugueses e brasileiros.