O Fado dos poetas


O Fado cresceu com a criatividade da poesia portuguesa . Nomes como  José Carlos Ary dos Santos, David Mourão Ferreira ou Alexandre O'Neil quebraram os preconceitos que diziam que a poesia escrita para Fado era uma arte menor, provando o contrário, que a musicalidade do Fado era ideal para expressar a força telúrica dos seus poemas.
José Carlos Ary dos Santos nasceu numa família da alta burguesia lisboeta em 1937 e escreveu os seus primeiros poemas aos 14 anos, e dois anos depois a sua poesia  integrou a  Antologia do prémio Almeida Garrett. Sai de casa por essa altura e dedica-se a várias actividades com a publicidade e a escrita de poemas que são adoptados por vários intérpretes da música portuguesa.
É autor de famosas  letras para canções que Portugal levou ao Festival da canção com a Desfolhada portuguesa( 1969), interpretada por Simone de Oliveira, Menino do Alto da Serra ( 1971), por Tonicha ou Tourada( 1973), por Fernando Tordo. No Fado deixou a sua marca em canções inesquecíveis como " Meu amor, meu amor", " Alfama" ou " Os putos" que foram perpetuados pela voz de Amália ou Carlos do Carlos do Carmo.
David Mourão Ferreira nasceu a 27 de Fevereiro de 1927 em Lisboa, licenciou-se  em Filologia na Faculdade de letras de Lisboa onde se tornou professor,  mas foi como grande poeta do amor que se notabilizou. Escreveu vários poemas para Amália como Sombra, Maria Lisboa, Nome de rua, Fado Peniche ou Barco Negro.
Alexandre O'Neil nasceu a 19 de Dezembro de 1924 na cidade de Lisboa, descendia de irlandeses e foi um dos fundadores do movimento surrealista em 1948 junto com outros nomes como Mário Cesariny, José Augusto França ou António Pedro. Possui uma ampla e rica obra poética com antologias como A ampola miraculosa (1948), No reino da Dinamarca(1958) ou a Fera cabisbaixa ( 1965) e poemas musicados para Fado como Gaivota, Adeus português ou Há palavras que nos beijam.


O Sotaques vai homenagear estes poetas, durante esta semana, com a reprodução em vídeo de vários Fados musicados a partir dos seus poemas. Porque sem eles o Fado não teria a riqueza e plasticidade que tanto admiramos na voz dos fadistas.

Autor: Rui Marques