Feliz aniversário do Sotaques



Dois meses depois,  o Sotaques está melhor do que nunca. Cresceu em qualidade, ganhou novos amigos nas redes sociais, tem conteúdos mais diversificados.
Este mês histórico - fazemos dois meses de vida- começa sob o signo da História e  da relação entre o Minho e Minas Gerais. Uma relação de simbiose cuja origem está nas características muito peculiares da emigração minhota para Minas. 
No ensaio do historiador Donald Ramos (1), publicado na revista do  Arquivo  público  Mineiro, salienta-se o facto da emigração minhota ter representado uma profunda mudança na clássica estrutura familiar. Devido à ida dos homens para destinos como o Brasil, as mulheres tornaram-se maioritárias face aos homens e  cresceu o número de mulheres solteiras no Norte do país.
Este autor cita os registos inquisitoriais(2),  para explicar que a emigração nortenha e, maioritariamente, minhota era em maior número que outras regiões portuguesas nas regiões de extracção do ouro. Curiosamente a mobilidade espacial que exigia a exploração do ouro(3),  provocou que os homens tivessem de deslocar-se para vários pontos geográficos de Minas, não se estabelecendo nem constituindo uma família nuclear e, indirectamente, fazendo crescer o número de mulheres celibatárias e solteiras que se tornavam chefes de família.  
Talvez seja esta tradição histórica que explique a importância da mulher no Minho e em Minas Gerais. E que seja a origem de uma profunda ligação histórica, que iremos abordar entre os Sotaques do Minho e de Minas Gerais, no mês de Novembro. 

Autor: Rui Marques
Fontes
(1)-  Ramos, Donald - Do Minho a Minas, Revista do Arquivo Público Mineiro , pags 135-150
(2) idem pag. 141 a 145
(3) ibidem  pag. 143-144

 Este artigo citado no texto  foi publicado pelo historiador Donald Ramos, professor emérito de História latina da Universidade de Cleveland, nos Estados Unidos e especialista na em História demográfica e social de Minas Gerais. Originalmente foi publicado na  Hispanic American Historical Review, Vol. 73, nº 4, pag. 639-662, 1993, e publicado posteriormente na Revista do Arquivo Público Mineiro.