Amália - Monumento nacional




Que nome é este que agrega um estilo, que grandeza é a desta mulher que é sinónimo de uma música secular, interpretada por uma infindável galeria de fadistas de ambos os sexos, mas que volta sempre  a essa denominação única, a essa alma mater musical  que se confunde com a própria  natureza  do  Fado ?
Amália é esse nome: chamá-la Amália da Piedade Rodrigues, dizer que nasceu em Lisboa em 1920, afirmar que começou a cantarolar nos bairros de Lisboa os tangos melancólicos  de Carlos Gardel, vendeu fruta, foi engomadeira e bordadeira na adolescência, participou na Marcha popular de Alcântara em 1936  e, mais tarde,  foi convidada a cantar na mais célebre casa de Fados de Lisboa chamada Retiro da severa, é ficar aquém do mito que é Amália Rodrigues. 
O resto da história, os concertos no Rio de Janeiro, no Olympia de Paris com Edith Piaf ou Charles Aznavour a aplaudir , nos Estados Unidos, a capacidade única daquela voz nos arrancar a  alma, de rasgar os versos de poetas magníficos como David Mourão, Alexandre O'Neil ou Pedro Homem de Mello, todos já conhecemos. Diz-se que Amália sucedeu  a outro mito, a Severa, mas rapidamente se tornou na encarnação do Fado, não numa rainha fugaz daquelas que vem e passam, mas no próprio género em si, poderoso como uma força telúrica soberba e imparável, num caudal de talento que nenhum crítico musical  consegue espartilhar, reduzir, caracterizar.
Amália, simplesmente Amália. Sem apelidos, substantivos e adjectivos. Só um nome que significa todos os nomes do Fado. 
Amália - Monumento nacional.

Autor: Rui Marques