Cristiano Ronaldo




Notícias com Sotaques
Cristiano Ronaldo é um dos finalistas à Bola de Ouro 2012.
O futebolista português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, está entre os três finalistas da Bola de Ouro FIFA de 2012.

Eventos com Sotaques



Hoje às 21h30 na Cadeira de Van Gogh no Porto, Apresentação do Livro " O céu sobre Berlim" do escritor brasileiro Danyel Guerra.
O público assistirá à projeção do filme " As asas do desejo", de 1987, realizado por Wim Wenders, cujo título inspirou o livro.
www.sotaques.pt - Divulgamos os Eventos com Sotaques

O Mar de Rodrigo Leão inundou o Coliseu do Porto


Entramos num Concerto de Rodrigo Leão como crianças encantadas. Ouvimos os sons perfeitos que se propagam na sala, como se voltássemos a brincar no Parque, imunes a qualquer ruído supérfluo, a qualquer maldade, envolvendo-nos num Mar de música que nos acaricia os rostos e nos faz sentir humanos, abençoadamente humanos. Ontem no Coliseu do Porto, esse Mar veio até nós com uma intensidade brilhante, autêntica, natural. Fosse através da sofisticada orquestra que o acompanhava, de uma perfeição melódica sobrenatural, do acordeão que dançava à nossa frente ou dos violinos que nos faziam chorar ou rir intimamente, fosse pelos extraordinários convidados – Beth Gibbons, Neil Hannon ou Scott Matthews – cujas vozes ecoavam como um canto doce e infinito, vindo sabe-se lá de que Paraíso perdido.
Rodrigo Leão, a cada Disco, a cada Concerto, a cada música, a cada som que toca, mostra possuir o elixir da criatividade eterna. Tudo nele cresce, se reproduz e melhora – nada morre, nada se esgota, nada se banaliza.
Ontem fomos crianças. Levadas pela sábia mão deste espantoso artista que é Rodrigo Leão, em direcção ao Mar que nunca acaba, o Mar da grande Música !!!!

R. Marques

www.sotaques.pt – A Música das palavras em Língua Portuguesa

1º Aniversário do Fado Património Imaterial da Humanidade


Há um ano atrás, o Sotaques envolveu-se numa causa nobre e necessária - a consagração do Fado como Património Imaterial da Humanidade, que acabou por se materializar. Uma atribuição justíssima se tivermos em conta a riqueza musical, cultural, antropológica que possui a canção nacional portuguesa. Imortalizada por nomes míticos como Amália, Alfredo Marceneiro, Mariza, Carlos do Carmo ou Camané, entre tantos outros, o Fado soube reinventar-se. Seja por uma via mais tradicional, seja pela mistura com outros géneros, o Fado conquistou o mundo e é hoje alvo de uma admiração sem fronteiras.
Por este Património imaterial do ser português no mundo, vale a pena celebrar. Viva o Fado, Património imaterial da nossa Cultura e Identidade !!!

João Portugal

www.sotaques.pt - Cantemos o Fado da Felicidade

Valter Hugo Mãe vence o Prémio Portugal Telecom 2012



O escritor português, Valter Hugo Mãe foi o vencedor, na categoria de Romance, do Grande Prémio Portugal Telecom de Língua portuguesa 2012. O galardão foi-lhe entregue, esta segunda-feira, numa cerimónia que se realizou no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, pelo Presidente da PT Brasil, Abílio Martins, consagrando a sua obra “ A Máquina de fazer espanhóis”.Na categoria de contos venceu Dalton Trevisan com o livro de Contos “ O Anão e a Ninfeta” e o poeta Nuno Ramos, que triunfou na poesia, com a obra “ Juntos”, completaram o lote de premiados. Ao autor, um dos grandes valores da Literatura em Língua portuguesa, o Sotaques Brasil/Portugal dá os parabéns por mais este prémio e por promover a Literatura Portuguesa em todos os países que falam português.

R. Marques

Glauber Rocha: o Génio da Bahia que iluminava o povo


           
                        
A Bahia é uma terra de revolucionários. Revolucionários na música – Caetano ou Maria Bethânia – revolucionários na Literatura – Jorge Amado – e  revolucionários no cinema – e, nesse caso, o nome de Glauber Rocha é obrigatório.
Glauber da Rocha nasceu em 1939 em Vitória da Conquista, numa família com fortes convicções religiosas e ligações à Igreja Presbiteriana. Com a mudança dos pais para Salvador da Bahia, o jovem Glauber começa a interessar-se pelas artes performativas e pelo cinema,  enquanto frequenta o Colégio 2 de Junho.   
Ingressa, mais tarde, na Faculdade de Direito da Bahia, período no qual realiza filmagens para o seu primeiro filme – a curta metragem  “  Pátio” – em 1959. Abandona, porém, o Curso e dedica-se ao Jornalismo e à realização  dos seus primeiros filmes.
É na década de 60,  que a estética muito própria de Glauber se materializa em filmes como “ Barlavento”,” O Deus e o Diabo na Terra do Sol”,  “Terra em Transe” ou o “ O  Dragão da maldade contra o Santo guerreiro” entre outras longa-metragens  e documentários. Estes três últimos, sublinhe-se, foram premiados em três anos sucessivos em Cannes, o que mostra bem o reconhecimento internacional que teve o cinema de Glauber.
Os traços essenciais dos seus filmes passam pela denúncia das injustiças sociais e políticas, pela valorização do povo como entidade viva, concreta, real, e pelo poder da metáfora, da imagem para simbolizar aquilo que escapa ao nosso entendimento mundano. Glauber Rocha é o pai do cinema novo, de um cinema que se impregna da realidade e que toma partido – não é, por acaso, que o cineasta baiano viverá muitos anos no exílio, hostilizado pela Ditadura militar.
À imagem de Jorge Amado, na Literatura, o cinema de Glauber resgata a dignidade do povo dos lugares comuns. O seu génio está na iluminação desse povo que vive na penumbra da História, mas que ele procura reabilitar e colocar no centro dos acontecimentos, fazendo dessa tarefa uma obrigação ética e estética.
Com a sua morte, aos 42 anos, em 1981, Glauber transformou-se num ícone cultural. Para além das modas, ele é um dos rostos da criatividade brasileira e a maior referência do cinema brasileiro.
Ninguém filmou o Brasil e a Bahia como ele o fez. Com amor e espírito crítico, iluminando a nossa visão para sempre.

  www.sotaques.pt – Luzes, Câmara, Sotaques !!!

R. Marques

Rodrigo Leão no Coliseu do Porto


                    
Rodrigo Leão, um dos mais conceituados músicos portugueses, vai estar hoje às 21h00, no Coliseu do Porto,  para um novo Concerto. Como convidados especiais, poderemos ouvir   nomes tão sonantes do universo musical como a vocalista dos Portishead Beth Gibbons, Neil Hannon ou Scott Mathews.
Mais uma oportunidade única para rever um artista único, que tem conseguido reinventar-se, ao longo da sua carreira musical,  e criar um som cheio de beleza, identidade e força. O Sotaques vai estar lá e partilhar com os seus leitores, em Portugal, no Brasil e em todos os países que falam português, as impressões de um momento que, estamos certos, celebrará a magia da música como é raro ver na atualidade. 

  www.sotaques.pt – Dance ao som da melodia do Sotaques

R. Marques

Efemérides com Sotaques: aniversário de Eça de Queiroz


                    
           
      
Foi há 167 anos que o grande Eça de Queiroz, um dos maiores romancistas portugueses, nasceu na Póvoa do Varzim a 25 de Novembro de 1845. Era filho de Carolina Augusta Pereira D’Eça, natural de Monção e  do Juiz José Maria Teixeira de Queiroz, nascido no Rio de Janeiro e que se tornaria amigo do outro grande vulto do Romance português do século XIX, Camilo Castelo Branco,  e protagonista no célebre processo judicial que este sofreu.
O facto de Eça  ter sido registado como filho de mãe incógnita deve-se, segundo alguns especialistas, a que quando ele nasceu os pais ainda não estarem casados por falta do consentimento da família de Carolina. Só aos 4 anos de vida de Eça é que os pais se casariam.
Foi entregue aos cuidados de uma ama até que se mudou para  a Casa do Vermelhido em Aradas, Aveiro, onde vivia a sua avô paterna. Posteriormente foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, e aos dezasseis anos vai estudar Direito para a Universidade de Coimbra.
Em Coimbra para além do Curso, torna-se amigo de Antero de Quental, “Santo Antero” como ele o descreverá num livro de memória do grande poeta açoriano. Paralelamente começa a colaborar na Revista Gazeta de Portugal, coletânea de textos que seriam publicados, postumamente, com o título de Prosas Bárbaras.
Concluído o Curso, passa a viver em Lisboa onde exerce a advocacia e o jornalismo. No seguimento de uma viagem ao Oriente, na companhia do Conde de Resende, irmão de Emília de Resende que se tornaria sua esposa, tira notas que depois utiliza para escrever as obras “ A Relíquia” e “ O mistério da Estrada de Sintra”.
Em 1871,  participa junto com os seus amigos Oliveira Martins e  Antero de Quental, entre outros, nas célebres Conferências do Casino em Lisboa. Numa série de Conferências procuram-se traçar novos caminhos para Portugal, nas mais variadas áreas, combatendo o marasmo que sofria o país.
A partir da década de 70 do século XIX, desabrocha todo o talento literário de Eça, com obras como “ O Crime do padre Amaro” – escrita em 1875, quando foi nomeado Administrador de Leiria -  e, claro está, a obra-prima “ Os Maias”,  em 1888. Inicia igualmente a sua carreira diplomática, com passagens como Cônsul por Cuba, Inglaterra ou França.
O último livro escrito e publicado, em vida, de Eça foi “ A ilustre Casa de Ramirez”, uma reflexão amarga sobre os problemas de linhagem de um nobre do século XIX. São muitas as obras de Eça que foram publicadas após a sua morte: entre outras podemos assinalar  “ Correspondência de Fradique Mendes”, “ A cidade e as serras” ou “ A Capital”.
Eça morre em 16 de Agosto de 1900 em  Neully-Sur-Seine, perto de Paris, localidade que o homenageou com uma Estátua. Regressado a Portugal teve um funeral de Estado, sendo sepultado em Santa Cruz do Douro.
Dele ficou-nos o estilo inconfundível, o português elegantemente sarcástico e uma visão profundamente irónica do país. Celebremos Eça de Queiroz, um imortal das letras em Língua Portuguesa.

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R. Marques

Raul Proença: o Príncipe dos Jornalistas que amava Portugal


        
Das Beiras não só é natural Aquilino Ribeiro, mas outra grande figura da Cultura portuguesa do século XX, integrante como o romancista de Sernancelhe do mítico grupo da Biblioteca, Raul Sangreman Proença. Este príncipe do Jornalismo e  da polémica, amante da filosofia e autor do magnífico “ Guia de Portugal”, viagem à História e Geografia das terras portuguesas, nasceu em 1884  nas Caldas da Rainha.
Formado no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, afirmou-se nas primeiras duas décadas da jovem República como uma voz forte e contundente na defesa dos valores republicanos e socialistas, nomeadamente em Revistas e Jornais como a “ Alma Nacional” ou “ A Águia”. Ao lado de outras figuras proeminentes da elite intelectual republicana  como Aquilino, Jaime Cortesão, António Sérgio ou Leonardo Coimbra, Proença defendia um idealismo realista, que concretizasse os ideais republicanos e conduzisse o país a um caminho de progresso económico e cultural.
Não é de estranhar, pois, que fizesse parte do movimento da Renascença Portuguesa ou da Seara Nova, junto com o seu grande amigo António Sérgio, e que integrasse o já mencionado Grupo da Biblioteca. Na Biblioteca Nacional foi Chefe dos Serviços Técnicos, em coordenação com o Diretor da Instituição, Jaime Cortesão, modernizando os métodos de catalogação e organização documental.
A queda da segunda República e a ascensão do regime militar, embrião do Estado Novo, levou-o ao exílio, terrível destino para toda esta extraordinária Geração. Após passagem por Madrid vai para Paris, onde vive em condições muito precárias.
Regressa muito doente a Portugal em 1932, internando-se no Hospital Conde Ferreira, no Porto. Morre, nesse estabelecimento, em 1941  de febre tifóide.
De todas as obras que nos deixou Raul Proença, a mais emblemática é certamente o “ Guia de Portugal”, cuja primeira edição saiu em 1924 sob a tutela da Biblioteca Nacional. Uma extraordinariamente bem documentada descrição das terras da Nação Portuguesa, da sua História e Geografia, organizada e coordenada por Proença, com a participação de grandes vultos da nossa Literatura, Geografia  e Artes plásticas como Aquilino Ribeiro, Jaime Cortesão, António Sérgio, Raul Lino, Orlando Ribeiro.
Florbela Espanca, que o conheceu, dedicou-lhe um belo e certeiro poema “ Le Prince Charmant”. Porque ele era, verdadeiramente, um Príncipe dos jornalistas, das letras, do pensamento português.

www.sotaques.pt – No reino da palavra mágica, o leitor é o Soberano

R. Marques

Jorge Amado: o menino que sonhou o Brasil


                              
                     
Como uma das suas personagens mais vivas, a Gabriela que cheirava  a Cravo e Canela, Jorge Amado reinventou o Brasil, captando-lhe as nuances, as cores, os odores. O Brasil da Baía, mulato, negro, rico ou pobre, o Brasil da mistura, do café com leite cuja identidade se multiplica até ao infinito.
Nascido em Itabuna, no Sul da Baía, em 1912, Jorge Amado foi viver com a família para  Ilhéus. A infância, essa idade dourada para a imaginação e a literatura, alimentou-se desse espaço paradisíaco, capital do cacau e  de um Litoral exuberante, que beijava o Mar e preenchia os sonhos do jovem escritor.
A ida para a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, na década de 30, estimulou o seu  ativismo político. É nessa altura que começa a ligação ao partido comunista, tão brilhantemente sintetizada na extraordinária Trilogia” Os subterrâneos da liberdade”, denunciando a brutalidade do Regime de Getúlio Vargas.
Em vez de enveredar pela carreira jurídica, Jorge Amado trabalhou como jornalista. O que não estranha pois o seu primeiro trabalho tinha sido, aos 14 anos,  como repórter policial no Diário da Baía e, posteriormente, noutro jornal baiano “ O Imparcial”.
Os temas do romancista foram um prolongamento dos trabalhos como jornalista: aos 18 anos, em 1930,  vê publicado o seu primeiro livro “ O país do Cacau” e em 1933 sai “ Cacau”, ambos um retrato crítico  dos poderes instalados dos coronéis e da  desigualdade sociais e económicas entre classes sociais. Paralelamente ao seu percurso como romancista e jornalista, também foi deputado federal , em 1945, pelo partido comunista brasileiro, sendo o autor da emenda que garantia a liberdade religiosa.
Esta intensa militância política e literária,  não era bem vista pelos sucessivos Governos que tinham simpatias fascistas – nomeadamente o Estado Novo de Getúlio Vargas. E, Jorge Amado,  sofreu vários exilíos na década de 40 e 50, na Argentina e Uruguai,  e na Europa, em Paris e Praga.
Jorge Amado é um dos mais profícuos escritores brasileiros: no total escreveu 49 livros e viu a sua obra editada em 55 países. Venceu os maiores prémios literários em Língua portuguesa – entre os quais o  prémio Camões em 1995 ou o prémio Jabuti em  1955 e 1959.
Mas será para  sempre recordado pelos filhos que criou, as suas personagens, algumas imortalizadas na Televisão. Como Gabriela de “Gabriela  Cravo e Canela”, Dona Flor e Vadinho de “Dona Flor e os seus maridos” ou Pedro Bala e o Professor em “ Capitães de Areia”.
 Um escritor com profundas ligações a Portugal – não só era amigo pessoal de José Saramago, Urbano Tavares Rodrigues  e Mário Soares – como era visita constante da pastelaria Natário, em Viana do Castelo. Foi uma inspiração para muitos escritores portugueses, pela sua escrita forte e sensual, estética e ética.
Deixou-nos em 2001,  com o seu imenso olhar nostálgico de menino de Ilhéus. O menino que sonhou o Brasil !!!

 www.sotaques.pt –O homem sonha, a obra nasce, o Sotaques divulga

R. Marques

Aquilino Ribeiro: um mestre da Língua Portuguesa

                         
Sempre que se fala nas referências, no século XX, da arte de escrever bem em português aparece, invariavelmente, o nome de Aquilino Ribeiro. Mestre Aquilino, uma referência para a Geração de escritores da segunda metade do século, entre os quais avultam Vergílio Ferreira, José Saramago, António Lobo Antunes ou José Cardoso Pires.
Ler Aquilino é um deleite: obras como “ A ilustre Casa de Romarigães”, “ Volfrâmio”, “ Terras do Demo”, “ O Malhadinhas” ou “ Quando os Lobos uivam” conduzem o leitor, como uma criança encantada, pelo bosque da ficção, através de um vocabulário riquíssimo que o desafia permanentemente. Além dos romances, não podemos esquecer o extraordinário autor de livros infantis como “ O romance da Raposa” ou “ O livro da Marianinha”,  ou o fulgurante biógrafo de Camilo,  por via do “ Romance de Camilo”, publicado em três volumes.
A vida de Aquilino  é tão extraordinária como a sua obra ficcional: este ilustre beirão, nascido no Carregal, no Concelho de   Sernancelhe, Distrito de Viseu,  em 1885, estudou para ser padre, no Seminário de Beja, mas desistiu do Curso, mudando-se para Lisboa em 1903. Na capital, colabora com o Jornal republicano “ A vanguarda”, escrevendo o seu primeiro romance “ A filha do Jardineiro”, em parceria com José Ferreira da Silva, em 1907, uma  exaltação  dos valores republicanos contra os poderes monárquicos instituídos.
Nesse mesmo ano entra no Maçonaria, passando a ser irmão no Grande Oriente Lusitano e é preso, por suspeita de pertença aos movimentos anarquistas que conspiravam para matar o rei – no seu quarto morre um membro da carbonária numa explosão. Feito prisioneiro, evade-se e foge para a Alemanha onde estuda letras na Faculdade da Sorbone e se casa com a alemã Grete Tiedman.
Regressa a Portugal, após a primeira guerra mundial, iniciando uma vida de professor no Liceu Camões e, a partir de 1919, integra o extraordinário grupo da Biblioteca, composto por Jaime Cortesão, Raul Proença ou António Sérgio. Esse grupo que trabalha em conjunto, na Biblioteca Nacional, sob a direção de Jaime Cortesão,  revoluciona a Instituição e afirma-se como uma referência intelectual nas duas primeiras décadas do século XX.
A República portuguesa cai, em 1927, e instala-se no país a Ditadura militar que será o embrião do Estado Novo de Salazar – que é convidado para Ministro das Finanças do General Mendes Cabeçadas -  e o grupo da Biblioteca vê-se empurrado para fora de Portugal e da Biblioteca Nacional. As restantes décadas são marcadas pela itinerância – vive em Paris, na Galiza, é homenageado em 1952 pela Academia das Letras do Brasil.
Desde a década de 30 até à sua morte em 1963, vive em Portugal. Nunca deixa de escrever e de manifestar o seu repúdio pelo Estado Novo, integrando em 1958 a candidatura de Humberto Delgado à presidência da República.
Em 1960 é proposto para o prémio Nobel da Literatura. Um prémio, sublinhe-se, que seria justíssimo para alguém que fez da Literatura Portuguesa uma obra de arte, influenciando gerações sucessivas.

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R. Marques

E Deus criou Salvador da Bahia …


Cidades com Sotaques  Bahia 

Deus está em todo o lado nesse milagre cultural e religioso que é Salvador da Bahia. Uma cidade pintada com todas as cores, todas as raças, todas crenças – aqui convivem o candomblé e o catolicismo em perfeita harmonia - todos os Continentes que a ela aportaram, tornando-a num viveiro humano,  representação  desse sincretismo excepcional   que tornou  o Brasil num país único e irrepetível.
A cidade de Salvador da Bahia foi fundada a mando de D. João II, através da atribuição, em 1536, de uma capitania hereditária a Francisco Pereira Coutinho. Mas passaria mais de uma década, mais concretamente no dia 29 de Março de 1549, para que chegasse de Portugal uma comitiva naval, capitaneada por Tomé de Sousa e constituída por seis embarcações, três naus, duas Caravelas e um Bergantim, com a missão de fundar uma cidade-fortaleza chamada São Salvador.
São Salvador foi capital e sede da Administração colonial do Brasil até 1763. Mas foi também epicentro de movimentos intelectuais como a Revolta dos Alfaiates em 1793 ou de importantes revoltas de escravos como a Revolta dos Malês em 1835.
A área metropolitana da Bahia é mais rica do Nordeste do Brasil e a região é conhecida pela sua imensa riqueza patrimonial e histórica – o Centro Histórico da cidade de Salvador é património mundial da UNESCO, pela sua gastronomia e pelas múltiplas religiões que coexistem no seu interior. A Bahia é conhecida, igualmente, como o centro da cultura afro-brasileira, com a maioria da população a ser composta por negros e mestiços.
Basta ler dois clássicos da Literatura baiana e brasileira, Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro, para vislumbrar o maior património dos baianos. Uma cultura plural, rica em personalidades diversas, que se confunde com a alma mais profunda do próprio Brasil.
R. Marques

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Cidades com Sotaques: Aveiro, a Veneza de Portugal


                                     


Muitas vezes comparada à cidade italiana de Veneza, Aveiro ganha na comparação se valorizarmos a organização urbana, a limpeza das ruas, a coabitação equilibrada  entre o moderno e o antigo. Jóia da Arte Moderna, com vários Edifícios perfeitamente conservados, esta cidade da Beira Litoral portuguesa é famosa igualmente pelos moliceiros que divagam pelas águas serenas dos canais da sua Ria  e pelos irresistíveis ovos moles.
Elevada a cidade pelo Rei D. José I, em 1759, Aveiro começou por designar-se Nova Bragança, passando a ter a denominação  atual no reinado de D. Maria I em 1777. Além de vários Edifícios da chamada Arte Nova – estilo arquitetónico que vigorou entre os séculos XIX e XX, Aveiro é uma terra ligada a grandes figuras da História portuguesa como os políticos José Estevão de Magalhães, intelectuais como Jaime Magalhães Lima ou o Jornalista Fernando Pessa, todos nasceram neste Distrito, enquanto Eça de Queiroz viveu na cidade durante um período.
Vamos descobrir, ao longo destas semanas, a beleza de Aveiro. Acompanhe-nos nesta viagem por uma cidade única, cheia de encantos !!!

www.sotaques.pt - Uma casa de cultura edificada com a Língua Portuguesa 

R. Marques

Homenagem Sotaques aos 90 anos do Nascimento de José Saramago



                               
        José Saramago: o homem que venceu todas as convenções 

Nada era suposto acontecer assim na vida de José Saramago: nascido numa humilde família de camponeses a 16 de Novembro de 1922, na Azinheira, no Alentejo profundo, sem uma educação académica convencional, dedicou-se durante anos a várias atividades como serralheiro, desenhador, funcionário, tradutor, editor jornalista. Em 1947,  publica-se  o seu primeiro romance “ Terra de pecado”, sem grande sucesso, sublinhe-se, e só volta a escrever um livro de poemas em 1966 “ Os poemas possíveis”,  conseguindo  um maior reconhecimento  com os romances  “ Levantado do Chão”, em 1977,  e “ Manual de Caligrafia” em 1980.
Os anos 80,  assinalam a sua ascensão fulgurante como príncipe das letras nacionais com títulos tão excecionais como “ Memorial do Convento”, “ O ano da Morte de Ricardo Reis”, “ A Jangada de Pedra” ou “ A História do cerco de Lisboa”. Obras que mostram um autor que cultiva as raízes da cultura e da História de Portugal, com justiça, sem nunca cair no elogio fácil, mantendo um juízo crítico a toda a prova.
A década de 90 caracteriza-se por livros mais simbólicos, cheios de parábolas sobre o homem e a sua ação na Terra. O assombroso “  Ensaio sobre a Cegueira”, que é uma descida aos abismos da alma humana, após um cataclismo que deixou cegos quase todos os homens,   “ A Caverna”, “ A Viagem do Elefante” ou o derradeiro “ Caim”, são viagens metafísicas em que a humanidade se contempla e reflete sobre o seu destino.
Vencedor do Prémio Camões em 1995 e do Prémio Nobel em 1998, ficaram célebres  as  suas  palavras  na cerimónia de entrega do máximo galardão literário mundial. Disse o eternamente insubmisso José Saramago, em Estocolmo, que o homem tem mais facilidade em chegar à Lua ou explorar o espaço do que em ajudar o seu semelhante.  
Contra todas as convenções – sociais, políticas, culturais- contra todos os poderes, José Saramago   é  um exemplo cívico para todas as Gerações. É um exemplo cívico cuja memória se perpetuará, apesar da morte em 2010,  ao lado de outros grandes vultos literários e de cidadania ativa  como Camões, Fernando Pessoa ou Sophia de Mello Breyner.

www.sotaques.pt – Leia o Mundo em português  neste Livro sem fim

R. Marques

Sotaques do mês de Novembro: a Bania e as Beiras


                 
           
                         
O mês de Novembro vai ser marcado pela relação muito especial que existe e, muitos portugueses e brasileiros desconhecem, entre a Bania no Brasil e as Beiras em Portugal. Antes de mais, pelo facto de Pedro Álvares Cabral, o comandante que aportou ao Brasil em 1500, em Porto Seguro na Bania  ser natural de Belmonte, no Distrito de Castelo Branco, na Beira Baixa, mas também pela emigração desta Região portuguesa para a Baía.
As Beiras abrangem cidades como Coimbra, Aveiro, Leiria, Santarém, Tomar ou Castelo Branco abrangendo do Litoral ao Interior português. A Baía é um Estado com uma História riquíssima, com a mais extensa Zona marítima do Brasil e o sexto maior PIB do país.
Vamos falar da Literatura, das Cidades,  da Gastronomia, da História, da Cultura, da Língua. De tudo o que nos liga e faz com que, estando tão longe, estamos tão perto um dos outros,
Ao longo deste mês,  vamos revelar as linhas da História desconhecida que se cozem entre estas duas Regiões. Esteja atento(a) porque não vão faltar surpresas !!!

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R. Marques

Efemérides com Sotaques: Serpa Pinto, um herói português


                                     

Alexandre Alberto de Serpa Pinto ficou nos livros  da História  como um dos grandes exploradores do Continente Africano. Nascido a 20 de Abril de 1846, no Concelho de Cinfães em Viseu, Serpa Pinto foi excecionalmente precoce, ingressando  no Colégio Militar aos dez anos e tornando-se, quando ainda era aluno,   no primeiro Comandante do Batalhão.
O Continente africano estava na rota da vida de Serpa Pinto:  viajou pela primeira vez para o Zambeze, em 1869, numa expedição onde desempenhada funções como técnico que avaliava a rede hidrográfica e a topografia local. O objectivo  desta missão era fazer o reconhecimento do território e defender as pretensões portuguesas, numa época em que África era o Continente de todas as ambições das Nações Europeias.  
Em 12 de Novembro de 1877, começa  uma expedição  ainda mais ambiciosa . A partida dá-se em  Benguela, Angola, com a participação de Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo,  e esta segunda incursão por terras africanas sofre uma cisão no Bié, obrigando Serpa Pinto a concluir a travessia em solitário percorrendo Angola, o Congo e partes da Zâmbia,  do Zimbabwe e da África do Sul, concluindo-a em 1879.
Apesar de Portugal ter perdido muitas das suas possessões africanas, com a querela do mapa-cor-de-rosa que enfrentou o país a Inglaterra, a figura de Serpa Pinto foi elevada ao estatuto de ícone nacional. Foi nomeado Cônsul em Zanzibar, em 1885, e Governador Geral de Cabo Verde em 1894, e foi-lhe concedido o título nobiliárquico de Visconde de Serpa Pinto pelo Rei D. Luís.
Morreu em 1900 como um herói português. Um dos maiores exemplos de bravura e capacidade de ultrapassar os obstáculos da História de Portugal,  e um nome incontornável nas páginas de grandes feitos dos portugueses.

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R. Marques

Oscar Niemeyer, o Arquitecto que veio do Futuro


                   

www.sotaques.pt – Uma casa luso-brasileira desenhada pela Língua portuguesa
                  
                   
Há homens que vêm do Futuro. Aparecem para mudar as nossas vidas porque veem mais longe, mais profundamente, desenhando o esboço do que serão as nossas  sociedades nas próximas décadas.
Oscar  Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares veio do Século XXI. Nascido no Rio de Janeiro em 1907, marcou um antes e um depois na História da Arquitetura Mundial,  pela sua visão heterodoxa do modo como deviam ser construídas as cidades.
Niemeyer definiu a sua ideia da arte arquitectónica numa bela frase: não é a linha recta, dura e inflexível  que me atrai, mas a curva livre e sensual que encontro nas montanha do meu país, nas ondas do mar, nas corpo da mulher preferida”. Essa conceção artística da sua atividade era tão brasileira como a Bossa Nova de Tom Jobim e Vinícius,  ou o gingar da bola dos meninos dos bairros do Rio de Janeiro.
Trabalhou com Le Corbusier, participou na construção  do Edifício das Nações Unidas, foi autor de Projetos emblemáticos como a Igreja de São Francisco de Assis em Belo Horizonte, o Parque de Ibirapuera em São Paulo  ou o Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova Iorque. Mas se há obra-prima da    visão como criador ela é,   sem dúvida,  Brasília.
Brasília,  a cidade do Futuro, da Ordem e Progresso, de um Brasil aberto e ecologicamente responsável. Foi o responsável pelos edifícios públicos da capital brasileira  como o Edifício do Congresso, o Palácio do Congresso ou a Catedral de Brasília.
Num momento muito sensível, em que se encontra hospitalizado, o Sotaques Brasil/Portugal  presta homenagem ao homem que veio do Futuro e mudou a face arquitectónica  do Brasil, inspirando Gerações de Arquitectos em todo o mundo.


R. Marques  

Teixeira de Pascoaes ou a Arte de ser português



            
                 
                  www.sotaques.pt – Temos saudades do Futuro 

 Chamavam-lhe saudosista, mas Pascoaes era   só um apaixonado com uma melancolia metafísica. Amava Portugal, a sua Geografia, a sua História, e escrevia-lhe cartas de emocionado amor em forma de Poesia, de Prosa  ou de Teatro. Teixeira de Pascoaes deixou uma marca na Literatura portuguesa profunda, influenciando gerações de escritores no século XX.
Nascido em 8 de Novembro de 1877, em Amarante, numa família aristocrática com uma forte tradição jurídica, vai estudar Direito em Coimbra, onde se licencia. Começa a trabalhar como advogado, em Amarante e no Porto e, posteriormente, torna-se Juiz  Mas o seu pendor filosófico e desejo de se expressar através da escrita,  vence as obrigações do jurista – ele próprio escreve que entre “ o poeta natural e o bacharel à força, ia começar um duelo que durou dez anos, tantos como o cerco de Tróia e a formatura de João de Deus”.
No universo literário de Pascoaes,  a natureza tem um papel demiúrgico – os seus livros de poemas como “Mâranus”, “ Regresso ao Paraíso” ou “ Elegia do amor”, revelam-nos o poeta que canta a beleza da Serra do Marão, e a osmose panteísta  entre a natureza e o  homem. Além da poesia, Pascoaes notabiliza-se no Teatro com a peça “ Jesus Cristo”, em colaboração com  Raul Brandão, e sobretudo com uma galeria de  magníficas biografias  romanceadas como “ São Paulo”, “ Camilo Castelo Branco, o penitente”, “ Napoleão” ou “ Santo Agostinho”.
Também é um escritor que está na vanguarda dos grandes movimentos literários do seu tempo. É fundador da Renascença, ao lado de António Sérgio e Raul Proença, e da Revista “ Águia” junto com Jaime Cortesão e Leonardo Coimbra.
Provavelmente, a maior herança que nos legou Teixeira de Pascoaes – que morreu em 1952 – esteja contida nesse tesouro literário que é outra obra sua “ A Arte de ser português”. Uma declaração de amor incondicional a Portugal, à Pátria que defendia vibrantemente, sem concessões, numa saudade infinita e bela.  

R. Marques 

Obama, um Presidente com Sotaques


Barack Obama reeleito Presidente dos Estados Unidos

Após uma renhida corrida à Casa Branca, Barack Obama foi reeleito Presidente dos Estados Unidos, batendo o candidato do partido Republicano, Mitt Romney. Depois de uma vitória excecional em 2008, o candidato democrata ganhou novamente, renovando as esperanças não só da América do Norte, mas do mundo.

Barack Obama, o primeiro Presidente negro da História dos Estados Unidos, filho de pai queniano e mãe americana, professor de Direito na prestigiada Universidade de Harvard, advogado de causas sociais em Chicago, representa o triunfo de uma sociedade com Sotaques, multicultural, universal. De uma sociedade em que a diferença de cor ou raça esbate-se face à igualdade real entre os homens, em que todos podem alcançar aquilo por que lutam sem olhar ao estatuto económico.

Obama é um Presidente com Sotaques !!!

E o Sotaques Brasil/Portugal saúda a sua reeleição !!!

R. Marques

Homenagem Sotaques a Sophia de Mello Breyner: a Deusa da Poesia portuguesa




No reino da palavra poética, o nome próprio  é tudo. É indicador de uma mundividência, de um espírito forte e insubmisso que não cede ao autoritarismo literário e político, por isso, o nome Sophia tinha,  teve, tem e terá uma força muito própria no Universo poético português.
Sophia de Mello Breyner Andersen nasceu no dia 6 de Novembro de 1919, numa casa da Rua António Cardoso, na cidade do Porto. Bisneta de Jan  Andersen, que veio da Dinamarca e aportou à Invicta à procura de fortuna, implantando raízes duradouras que deixaram marcas – o seu filho, João Henrique comprou o terreno onde hoje é o Jardim Botânico, no Campo Alegre, onde brincaram Sophia e o seu primo, outro grande escritor português, Ruben A.
Foi nos Jardins frondosos do Campo Alegre, entre as árvores e a água límpida das fontes, que a menina Sophia começou a imaginar. E a imaginação, como nós sabemos, é a irmã gémea da Literatura, partilham um laço comum que nunca se perde.
Educada nos valores católicas de uma família da alta aristocracia portuguesa, Sophia sempre pensou pela própria cabeça. Foi dirigente de movimentos universitários católicos, enquanto frequentava o Curso de Filologia Clássica na Universidade de Lisboa e travou amizade, entre outros, com dois escritores ligados à oposição a Salazar – Jorge de Sena e Rui Cinatti.
A criação artística e a intervenção política, para ela, nunca foram campos antagónicos, mas complementares. Foi autora, por exemplo, da “ Cantata da paz”, música de intervenção e de denúncia do Salazarismo, e sempre teve, junto com o seu marido, o Jornalista Francisco Sousa Tavares, uma atitude de firme repulsa contra o Estado Novo.
Literariamente, a sua obra é fulgurante: na Poesia destacam-se Livros como “ “Poesia”, “O Dia do Mar”, Coral”, “ Livro Sexto” – que venceu o Grande Prémio de poesia da Sociedade Portuguesa de autores – ou Dual, na Literatura infantil clássicos como a “ Fada Oriana” e “ O Cavaleiro  da Dinamarca”, ensaios e os seus excecionais “ Contos exemplares”.
Primeira mulher a vencer o Prémio Camões em 1999, Sophia está no panteão dos Deuses literários nacionais – ao lado de Camões ou Pessoa. Com nome próprio como só é apanágio dos  Grandes da sublime arte da poesia.

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R. Marques

Evento Poético dedicado a Camões em Melgaço


No passado sábado, 3 de Novembro, realizou-se a segunda sessão do Ciclo poético de Melgaço dedicado a Luís Vaz de Camões. Organizado pelo Sotaques Brasil/Portugal, o Evento contou com a participação do público, que compareceu em grande número, e foi uma oportunidade para evocar uma das grandes figuras da Literatura nacional e universal.

O Sotaques continua assim  a cumprir uma das suas missões primordiais – divulgar a Cultura e os  autores  ligados à História e Património da Língua  portuguesa.

www.sotaques.pt - Promovemos o talento em Língua Portuguesa

R. Marques