Efemérides com Sotaques: aniversário de Eça de Queiroz


                    
           
      
Foi há 167 anos que o grande Eça de Queiroz, um dos maiores romancistas portugueses, nasceu na Póvoa do Varzim a 25 de Novembro de 1845. Era filho de Carolina Augusta Pereira D’Eça, natural de Monção e  do Juiz José Maria Teixeira de Queiroz, nascido no Rio de Janeiro e que se tornaria amigo do outro grande vulto do Romance português do século XIX, Camilo Castelo Branco,  e protagonista no célebre processo judicial que este sofreu.
O facto de Eça  ter sido registado como filho de mãe incógnita deve-se, segundo alguns especialistas, a que quando ele nasceu os pais ainda não estarem casados por falta do consentimento da família de Carolina. Só aos 4 anos de vida de Eça é que os pais se casariam.
Foi entregue aos cuidados de uma ama até que se mudou para  a Casa do Vermelhido em Aradas, Aveiro, onde vivia a sua avô paterna. Posteriormente foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, e aos dezasseis anos vai estudar Direito para a Universidade de Coimbra.
Em Coimbra para além do Curso, torna-se amigo de Antero de Quental, “Santo Antero” como ele o descreverá num livro de memória do grande poeta açoriano. Paralelamente começa a colaborar na Revista Gazeta de Portugal, coletânea de textos que seriam publicados, postumamente, com o título de Prosas Bárbaras.
Concluído o Curso, passa a viver em Lisboa onde exerce a advocacia e o jornalismo. No seguimento de uma viagem ao Oriente, na companhia do Conde de Resende, irmão de Emília de Resende que se tornaria sua esposa, tira notas que depois utiliza para escrever as obras “ A Relíquia” e “ O mistério da Estrada de Sintra”.
Em 1871,  participa junto com os seus amigos Oliveira Martins e  Antero de Quental, entre outros, nas célebres Conferências do Casino em Lisboa. Numa série de Conferências procuram-se traçar novos caminhos para Portugal, nas mais variadas áreas, combatendo o marasmo que sofria o país.
A partir da década de 70 do século XIX, desabrocha todo o talento literário de Eça, com obras como “ O Crime do padre Amaro” – escrita em 1875, quando foi nomeado Administrador de Leiria -  e, claro está, a obra-prima “ Os Maias”,  em 1888. Inicia igualmente a sua carreira diplomática, com passagens como Cônsul por Cuba, Inglaterra ou França.
O último livro escrito e publicado, em vida, de Eça foi “ A ilustre Casa de Ramirez”, uma reflexão amarga sobre os problemas de linhagem de um nobre do século XIX. São muitas as obras de Eça que foram publicadas após a sua morte: entre outras podemos assinalar  “ Correspondência de Fradique Mendes”, “ A cidade e as serras” ou “ A Capital”.
Eça morre em 16 de Agosto de 1900 em  Neully-Sur-Seine, perto de Paris, localidade que o homenageou com uma Estátua. Regressado a Portugal teve um funeral de Estado, sendo sepultado em Santa Cruz do Douro.
Dele ficou-nos o estilo inconfundível, o português elegantemente sarcástico e uma visão profundamente irónica do país. Celebremos Eça de Queiroz, um imortal das letras em Língua Portuguesa.

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R. Marques