No reino da palavra
poética, o nome próprio é tudo. É
indicador de uma mundividência, de um espírito forte e insubmisso que não cede
ao autoritarismo literário e político, por isso, o nome Sophia tinha, teve, tem e terá uma força muito própria no
Universo poético português.
Sophia de Mello Breyner
Andersen nasceu no dia 6 de Novembro de 1919, numa casa da Rua António
Cardoso, na cidade do Porto. Bisneta de Jan Andersen, que veio da Dinamarca e aportou à
Invicta à procura de fortuna, implantando raízes duradouras que deixaram marcas
– o seu filho, João Henrique comprou o terreno onde hoje é o Jardim Botânico,
no Campo Alegre, onde brincaram Sophia e o seu primo, outro grande escritor
português, Ruben A.
Foi nos Jardins frondosos
do Campo Alegre, entre as árvores e a água límpida das fontes, que a menina
Sophia começou a imaginar. E a imaginação, como nós sabemos, é a irmã gémea da
Literatura, partilham um laço comum que nunca se perde.
Educada nos valores
católicas de uma família da alta aristocracia portuguesa, Sophia sempre pensou
pela própria cabeça. Foi dirigente de movimentos universitários católicos,
enquanto frequentava o Curso de Filologia Clássica na Universidade de Lisboa e
travou amizade, entre outros, com dois escritores ligados à oposição a Salazar –
Jorge de Sena e Rui Cinatti.
A criação artística e a
intervenção política, para ela, nunca foram campos antagónicos, mas
complementares. Foi autora, por exemplo, da “ Cantata da paz”, música de
intervenção e de denúncia do Salazarismo, e sempre teve, junto com o seu
marido, o Jornalista Francisco Sousa Tavares, uma atitude de firme repulsa
contra o Estado Novo.
Literariamente, a sua obra
é fulgurante: na Poesia destacam-se Livros como “ “Poesia”, “O Dia do Mar”,
Coral”, “ Livro Sexto” – que venceu o Grande Prémio de poesia da Sociedade Portuguesa
de autores – ou Dual, na Literatura infantil clássicos como a “ Fada Oriana” e “
O Cavaleiro da Dinamarca”, ensaios e os
seus excecionais “ Contos exemplares”.
Primeira mulher a vencer o
Prémio Camões em 1999, Sophia está no panteão dos Deuses literários nacionais –
ao lado de Camões ou Pessoa. Com nome próprio como só é apanágio dos Grandes da sublime arte da poesia.
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R. Marques