Mensagem de Fim de Ano do Sotaques


                           

Ao longo deste primeiro ano de vida, a Revista Online Sotaques tem procurado essencialmente cumprir dois objectivos: o primeiro, aproximar os portugueses e brasileiros, fazendo uma Ponte Cultural entre os dois povos, mostrando a sua História e Criatividade, o segundo é trazer uma mensagem de optimismo, de esperança, de capacidade de fazer mais e melhor.

Como os nossos leitores e seguidores puderam constatar, através dos nossos conteúdos, Portugal e o Brasil são dois países criativos, ricos em iniciativas. Juntar essas energias, essa força é um dos maiores desafios que o Sotaques se propõe atingir.

Portugal atravessa uma crise económica visível. Mas quem,  como a nossa Revista, vai à procura da criatividade dos portugueses, encontra verdadeiros tesouros culturais e pessoas dotadas de imensas qualidades e vontade de fazer.

Essa é a Mensagem de Fim de Ano que a Revista Sotaques lança aos seus leitores, aos criadores portugueses e brasileiros, aos seus Parceiros e que, ao mesmo tempo, é um desafio. Criem, lancem as sementes e terão em nós um Parceiro, um Amigo, um Divulgador da vossa palavra e talento.

Um Feliz 2013 para todos !!! Viva Portugal e o Brasil!!! Viva a Língua Portuguesa !!!

 www.sotaques.pt – A Revista da Língua Portuguesa
R. Marques  

Sotaques em Revista


Sotaques em Revista

Reveja, nos próximos dias , vários conteúdos que a Revista Online Sotaques publicou ao longo do ano. Passe o Ano Sotaques em Revista e releia alguns dos nossos Textos, Entrevistas e Eventos mais significativos.

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R. Marques


Feliz Natal e Próspero Ano Novo


                                Feliz Natal e Próspero Ano Novo
O Sotaques deseja a todos os seus leitores e a todos os portugueses e brasileiros um Feliz Natal e um óptimo ano de 2013. Que o próximo ano sirva para aprofundarmos ainda mais os nossos laços através da Língua e da Cultura.
Feliz Natal com Sotaques !!!
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R. Marques

Emília Silvestre : uma atriz total que tem o Teatro no sangue



Entrevista com Sotaques a Emília Silvestre :  uma atriz total que tem o Teatro no sangue
É uma das grandes referências do Teatro português. Emília Silvestre compõe em “ Casas Pardas” uma espantosa personagem: a granítica Maria do Carmo, uma mãe fria e distante cuja única preocupação é manter as aparências, sacrificando tudo e todos se for necessário.
Entrevistamos Emília Silvestre, uma atriz total que experimentou, brilhantemente, todos os os géneros – Teatro, Cinema e Televisão. Mas que gosta de estar em Casa – e a sua Casa é o Teatro onde vai  continuar a receber o público,  como boa anfitriã,  e a  proporcionar-lhe  momentos inesquecíveis e personagens únicas

P – Em “ Casas Pardas interpreta três personagens – a mãe, Maria do Carmo, a Mulher II e uma das Carpideiras. Como correu este desafio ?
Emília Silvestre – É sempre estimulante para um ator fazer várias  personagens diferentes na mesma Peça. Sobretudo quando há uma certa perversidade nelas, designadamente na Maria do Carmo, que é uma esposa com um casamento infeliz, de fachada, e à  Mulher II, uma figura retrógrada.

P – Concorda que as personagens más são as mais estimulantes para os atores ?
Emília Silvestre – Adoro fazer personagens más, porque sinto que puxam mais  pelo ator, obrigam-no a ter uma elasticidade maior, a ser mais completo, a exprimir-se mais profundamente.

P  – O contexto temporal de “ Casas Pardas” situa-se nos anos finais do Salazarismo. Que recordações tem dessa época ?
Emília Silvestre – Guardo boas memórias porque era ainda criança. Lembro-me dos meus avôs, do ambiente familiar

P – E em relação à Peça  “ Casas Pardas” como foi o trabalho para materializar  o texto ?
Emília Silvestre – Foi um desafio permanente: isso vê-se no texto que é muito exigente e difícil, e nós sentimos que tínhamos de passar essa reflexão, esse espírito de indagação sobre esse período para o público.

Por outro lado, este é um Espetáculo visto muito sobre o lado feminino. São sete mulheres em palco a representar personagens, portanto esse desafio foi ainda maior.

Também pesquisei outros Livros e Romances que abordam temas ligados ao Estado Novo, para compreender melhor a mentalidade de personagens como a Maria das Dores.

P – A Emília é natural do Porto. Gosta do Sotaque tripeiro e dos outros Sotaques ?

Emília Silvestre – Adoro o Sotaque tripeiro. É tão característico que gosto muito de ouvi-lo.
Mas também gosto de interpretar Sotaques – já fiz Peças em que tive de interpretar um determinado Sotaques e é um prazer para um ator poder fazer isso, porque desafia-o  a conhecer melhor a sua Língua, as diferenças no modo de falar das várias Regiões.

P – Conhece o Teatro Brasileiro ? Tem algum autor ou atriz brasileira que admire ?
Emília Silvestre – Autor diria que o Nelson Rodrigues, que tem Obras muito fortes e visuais. Enquanto atriz já tive a oportunidade de trabalhar com a Eva Wilma na Peça “ Turismo Infinito”, que já foi apresentada no Brasil, que é uma excelente atriz,  e outra grande referência do Brasil é a Fernanda Montenegro.

P – Gostava que esta Peça fosse representada no Brasil ?
Emília Silvestre -  Gostava muito. Já tive a oportunidade de trabalhar em Peças que foram apresentadas no Brasil e gostei imenso da experiência, do contacto com o público brasileiro.

P – Tem algum papel de sonho que gostasse de representar em 2013 ?

Emília Silvestre – Para o ano vou participar em  em duas peças que admiro muito – “ Dias Felizes” de Samuel Beckett e “ Macbeth” de Shaekspeatre onde vou interpretar Lady Macbeth.
São dois papéis magníficos que estou certa me vão dar grande satisfação fazer.

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R. Marques

“ Casas Pardas” que olham para as Janelas da Alma


São Casas. Lugares de Habitação, de medos, de segredos, de seres fechados em labirintos infinitos que a História foi tecendo, cruelmente, mas em que elas se foram enredando como moscas prisioneiras da teia das conveniências sociais e políticas.

“ Casas Pardas”, a Peça que nasceu da vontade de traduzir o romance de Maria Velho da Costa de Nuno Carinhas e do trabalho literário de Luísa Costa Gomes, é um prodígio de economia e sapiência teatral. Nenhuma palavra é inútil, nenhuma personagem é irrelevante, nenhum gesto se perde no meio da História.

Melhor dizendo, das Histórias que cruzam uma família da Burguesia Lisboeta – com a sua tríade de Marias, nome tão português e tão característico do Portugal de Salazar, a matriarca fria e impassível, Maria do Carmo, as filhas,  a menina bonita e mal amada, Maria das Dores,  a irreverente Maria Elisa, o marido e o irmão – com as vidas das empregadas, dos amigos, , das carpideiras que choram a morte de todos os que gravitam à volta daquele pequeno mundo em tons de Farsa. A cena da Ceia  em que as personagens se juntam, usando uma pequena máscara que lhes esconde o olhar, é a perfeita síntese deste baile eterno de Fantasmas de um país que já morreu, mas que ainda revela sinais de vida.

Salazar não explica tudo. Nunca explicou: ele não passou de um pretexto para que uma sociedade corporizasse o seu reaccionarismo mais primário, os seus complexos de classe e hierarquia, o seu desejo profundo de viver em plena mediocridade de sonhos e ambições.
Cada personagem é, em si, uma Casa. Um espaço encerrado, circular, onde não flui a vida, onde tudo morre à nascença.

Todas elas sopram o  ar de  morte e podridão  desse Tempo decadente na figura da boneca de carne e osso que é Maria das Dores. Que se rebela num magnífico monólogo, mas que está irremediavelmente condenada: sempre será um sub-produto dessa sociedade familiar  que odeia a individualidade, a autonomia, o pensamento.

Vejamos essas Casas por dentro. Olhemos as Janelas da Alma do que fomos para perceber, através dos sinais que esta luminosa Peça de Teatro, de Vida, nos transmite  aquilo em que nos tornamos.

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R. Marques  







Nuno Carinhas, em Busca da Música da Língua Portuguesa


Entrevista com Sotaques:  Nuno Carinhas,  em Busca  da Música da Língua Portuguesa
A Peça “ Casas Pardas” é uma revisitação de uma das obras-primas   da Literatura Portuguesa do século XX. Partindo da Obra homónima de Maria Velho da Costa, publicada em 1977, adaptada por Luísa Costa Gomes, fazemos uma viagem pelo Salazarismo através dos diálogos de várias personagens que se fecham  em Casas Pardas,  claustrofóbicas, onde tudo  funciona numa lógica aparentemente eterna e asfixiante.

Conversamos com Nuno Carinhas, Diretor do Teatro Nacional de São João, responsável pela Encenação do espectáculo, sobre esse Tempo passado cuja memória ainda nos fere, nos dias de hoje, e que é também uma homenagem à Música poderosa, incontornável, única que possui a Língua portuguesa,  e que o Teatro recupera como legado para o Futuro, para as Gerações vindouras.

P – Que contacto tinha com esta obra Literária de  Velho da Costa “ Casas Pardas”, escrita em 1977,  e como foi o desafio de traduzir este texto para o  Palco?

Nuno Carinhas – Este Projecto nasceu a partir da ideia do cruzamento de  vários autores,  traduzindo  textos emblemáticos da Literatura Portuguesa para a linguagem mais específica do Teatro – por isso, quisemos que o Jacinto Lucas Pires adaptasse o “ Nome de Guerra do Almada Negreiros e a Luísa Costa Gomes   “ Casas Pardas”, de Maria Velho da Costa.
Relativamente a “ Casas Pardas” é um Livro que admiro, um romance charneira na ficção nacional que além de espelhar esse Tempo cinzento e triste, o faz com um grande domínio da Linguagem e elegância.
P – Luísa Costa Gomes fala-nos de um Romance Teatral na abordagem da Obra. Concorda  com esta definição ?
Nuno Carinhas – Sem dúvida. É um romance teatral porque ensaia várias formas de Literatura no seu interior. Isso fez com que sentíssemos que tínhamos em mãos um Texto invulgar , que devíamos respeitar ao máximo. Procuramos na Peça uma certa economia,  para que não houvesse repetições nem pleonasmos,  palavras ou  gestos a mais, para que o espectador fruísse a beleza dos diálogos e monólogos das várias personagens. 

P – “ Casas Pardas” aborda o Portugal anterior ao 25 de Abril. Que memórias guarda desse Tempo e como era a atividade Teatral então ?
Nuno Carinhas – Eu era relativamente jovem nesta altura e lembro-me que havia um crivo muito forte da parte da censura, existiam autores malditos, proibidos e tínhamos a presença constante dos censores no Teatro. Eles eram pessoas lá de casa, uns privilegiados, e claro,  essa  falta de liberdade prejudicava a nossa atividade.
P – Até que ponto o Portugal de Salazar, com as suas encenações – o próprio Ditador quando já estava doente, na cama, era visitado pelos ministros que o tratavam como se ainda estivesse no Poder – era uma gigantesca  Peça de Teatro no sentido mais profundo do termo ?
Nuno Carinhas  – Julgo que havia uma sensação de imutabilidade no regime. O Estado Novo condicionava a liberdade de expressão e de criação das pessoas, havia uma repressão surda que fazia com que  elas falassem  baixo e tivessem  medo do vizinho, do colega, sentiam-se constrangidas. 
P – A Revista Online Sotaques procura aproximar a Cultura Portuguesa e Brasileira. Aprecia o Teatro Brasileiro e algum autor em particular  ?
Nuno Carinhas – O Nelson Rodrigues é um nome incontornável porque é um autor com uma linguagem própria, mas também posso falar de outro criador como Ariano Suassuna, com um registo mais local. Creio que o Teatro brasileiro tem uma variedade de propostas e autores muito interessante.
P – Valorizamos a língua e a diversidade de Sotaques. Como cultor da palavra,  por excelência, que se dedicam à exploração do texto e da fala,  gosta de algum Sotaque português em particular ?
Nuno Carinhas –  Os Sotaques são essenciais porque nos mostram as possibilidades da Língua. Por exemplo, quando encenamos um Auto de Gil Vicente estamos a recuperar um Património Cultural da nossa forma de falar, das nossas origens. Nos Sotaques há essa musicalidade das palavras que enriquece a nossa ação como criadores.
P – O Teatro Nacional de São João tem boas relações com o Brasil ?
Nuno Carinhas – Desde 2008, assinamos um Protocolo de colaboração com o Serviço Social de Comércio de São Paulo, no âmbito do qual temos desenvolvido várias parcerias.
No âmbito desse Protocolo,  o TNSJ já apresentou  no Brasil Peças como “ Turismo Infinito” ou  “ Sombras – A nossa tristeza é a nossa alegria” da autoria do Ricardo Pais, um tributo que junta   textos de  escritores como o Padre António Vieira, Garrett ou António Ferreira e o universo do Fado. Também já recebemos criações do SSCSP aqui .
P – As parcerias com o Brasil podem ser uma saída para a crise que atravessa o Teatro nacional  ?
Nuno Carinhas – São importantes para podermos fazer essa troca de experiências, de criatividade que é fulcral nesta conjuntura difícil.
P – O TNSJ tem um especial cuidado com os Projectos educativos ?
Nuno Carinhas – Procuramos que as Escolas possam ter um contacto regular com o Teatro Nacional de São João. Através da vinda dos professores e alunos para assistir aos ensaios, da organização de oficinas sistemáticas, de Masterclass,  enfim toda uma série de atividades que aproxima o Teatro aos jovens e que estimula a sua curiosidade e gosto.
P – 2013 está aqui ao virar da esquina. Que balanço profissional faz de 2012 e como projeta a  atividade do TNSJ  em 2013 ?
Nuno Carinhas – Faço um Balanço positivo e reconfortante  de 2012: realizamos os trabalhos que desejávamos e cumprimos o nosso papel de proporcionar uma programação de qualidade aos vários públicos. Quanto ao próximo ano espero que,  apesar das conhecidas restrições orçamentais, possamos dar continuidade ao nosso trabalho. A Cultura e as artes são essenciais para o país,  e é fundamental termos estratégias comuns para valorizá-las.

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R. Marques

Dama do teatro português - Emília Silvestre


Rui.Marques e Emília Silvestre
O Sotaques esteve à conversa com  a grande  dama do teatro português, a  atriz Emília Silvestre, que integra  o  elenco da Peça” Casas Pardas”,  um  espectáculo que revisita o Portugal de Salazar através da adaptação de Luísa Costa Gomes do romance de Maria Velho da Costa.
Conheça melhor uma das maiores atrizes do nosso país, com uma carreira extraordinária cheia de papéis marcantes no Teatro, Cinema e Televisão. Não se atrase porque o pano vai subir, e esta bela peça jornalística começa já esta sexta-feira.
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R. Marques

O ritmo baiano de Chico Moreno




Entrevista com Sotaques ao ritmo baiano  de Chico Moreno

O Sotaques esteve à conversa com  o cantor baiano Chico Moreno. Um cantor que conquistou Portugal e o Brasil e que faz a Ponte Cultural  entre os dois povos, com a sua música alegre e contagiante.
Leia a entrevista aqui com um artista que tem a música no sangue e que  começou a cantar aos 16 anos.

P – Começou a cantar muito jovem – aos 16 anos . Como foram os primeiros anos da sua carreira ?

R – Sim, muito jovem. Na verdade, na Bahia tem um ditado que diz “baiano não nasce,  estreia, o dom vem no sangue”. No início era um desejo de estar no meio da festa, desejo dos palcos, logo se transformou em algo mais sério e profissional.

P – O Chico Moreno teve vários êxitos em Portugal. Quais as razões para uma ligação tão forte com o nosso país ?

R – Portugal é  a história do Brasil. Todo o brasileiro tem vontade de conhecer mais não só a música, mas também o país, cultura etc. Eu tive a oportunidade de vir em 1999 trabalhar com música, numa experiência de 6 meses,  que se transformaram em 14 anos. No início era complicado pelo clima, saí da Bahia com 30º e aqui era inverno com menos de 10º. O povo Português aderiu ao nosso estilo rapidamente, nos deram um carinho enorme que virou paixão por Portugal.

P – Da sua Biografia consta que atuou ao lado de grandes nomes da música. Com quem teve mais prazer  em tocar em conjunto ?
R – Na verdade, para nós artistas é sempre uma emoção muito grande dividir o mesmo palco com artistas conceituados e fazer um duo. A primeira vez que tive uma participação num álbum foi logo de um cantor e de uma banda conhecida no mundo por ser a maior banda de samba-reggae do mundo, o Olodum com voz do grande Mestre Tonho Materia, seguido de Flaviana Fernandes, Margareth Meneses, Ricardo Chaves, etc. Em Portugal foram vários artistas Brasileiros e Portugueses, como por exemplo o Toy, e o cantor Leonardo.

P – A Bahia é um dos destaques este mês no Sotaques. O que é que a Bahia e os baianos tem de especial que os tornam num povo único ?

R – A energia positiva dos baianos, a alegria. Nós somos acolhedores, tudo é motivo de festa. Como um bom baiano: Axé.


P – Se pudesse definir o Carnaval da Bahia o que diria ?

R – O melhor do mundo. Festa e alegria sem fim.


P – O  Sotaque baiano é muito musical. Concorda  ?

R – Sim, nós baianos falamos cantando.

P – Quem são as suas grandes referências musicais ?

R – Eu me espelho pelos grandes nomes da música popular brasileira,  em vários ritos. Ex. Djavan, Roberto Carlos, Caetano Veloso, etc. Embora cante um pouco de cada estilo.

P – Como é que vai ser a sua agenda em 2013 ?

R – 2013 está chegando, espero que venha com muita força. Acreditamos sempre em bons resultados, estamos trabalhando para que seja melhor a cada ano. Para iniciar o ano estarei na minha terra natal e retornarei com muita força  e energia a Portugal, com novo álbum e novas surpresas.

P – Prevê voltar a atuar em Portugal no próximo ano ?

R – Sim, como disse anteriormente retornarei com muita força e energia para que possa dar mais alegrias ao povo português e a todos os imigrantes. Gostava ainda de agradecer à revista Sotaques e a todos os meus fãs e aproveito para desejar as Boas Festas!

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Paulo César 

Alexandre Borges na Casa Saramago


Alexandre Borges dá recital memorável na Casa Saramago


Ontem à noite o ator brasileiro Alexandre Borges, um artista  muito querido em Portugal,  proporcionou ao público que o foi ver à Casa Saramago um espectáculo inesquecível. Cruzando os textos e poemas de grandes  figuras  da Literatura  portuguesa e brasileira como Fernando Pessoa, o seu heterónimo Álvaro de Campos, José Saramago  e Vinícius de Moraes, o ator emocionou o público com uma leitura cuidada e mágica.

Foi uma grande noite para a Língua Portuguesa que cruzou os mares do Atlântico,  na voz forte e quente de Alexandre Borges.

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R. Marques  

Nuno Carinhas - Teatro Nacional São João


 Rui.Marques e Nuno.Carinhas

O Sotaques foi ao Teatro 

Não perca amanhã a entrevista com o Diretor do Teatro Nacional  São João, Nuno Carinhas , responsável pela  Encenação da peça “ Casas Pardas”, que está em exibição no TNSJ. Uma oportunidade única  para ouvir uma vozes mais prestigiadas do Teatro português sobre um espectáculo  que revisita um romance maior da Literatura portuguesa da autoria de Maria Velho da Costa, adaptado por Luísa Costa Gomes.
O anúncio está feito. Amanhã venha ao Teatro a convite do Sotaques !!!
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R. Marques

Prémio Leya 2012


Nuno-Camarneiro

Nuno Camarneiro ganha o prémio Leya 2012

O escritor Nuno Camarneiro venceu o prémio Leya 2012, no valor de 100.000 euros. O anúncio foi feito esta semana e o premiado foi galardoado pela obra “ Debaixo do Céu”, consagrado por um Júri presidido pelo poeta e escritor Manuel Alegre.
Nuno Camarneiro é natural da Figueira da Foz, onde nasceu há 35 anos, e reside em Aveiro. Doutorado em Engenharia Física pela Universidade de Coimbra e em Ciência aplicada ao Património Cultural em Florença , é actualmente investigador na Universidade de Aveiro e Professor na área do Restauro na Universidade Portucalense do Porto.
Publicou em várias revistas e colectâneas antes de se estrear, em 2010, com o romance “ No meu peito não cabem pássaros”. “ Debaixo do céu”, o seu segundo livro é uma viagem pelo “ Purgatório” de várias personagens isoladas num Condomínio - assim o define o seu autor.
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R. Marques

Café Majestic



Majestic : muito mais que um café, a alma do Porto

Para muitos, a alma das cidades vive nos cafés. É neles que encarnam os valores de um tempo, de uma sociedade, de uma cultura que fervilha e alimenta os seus cidadãos.

O café Majestic representa, um pouco, a alma do Porto. Inaugurado a 17 de Dezembro de 1921, chamava-se então “ Elite” e situava-se como na actualidade na Rua de Santa Catarina no Porto.

O charme e o glamour do novo espaço – emblema da chamada Arte Nova – é projectado pelo arquitecto João Queiroz, discípulo de um dos grandes mestres da arquitectura da cidade, Marques da Silva, autor da Estação de São Bento, chamaram logo a atenção da elite portuense e nacional, sendo visitado por grandes figuras como o aviador Gago Coutinho ou a actriz Beatriz Costa. Levaram também a uma mudança de nome para “Majestic”, mais apropriado à ligação à Belle époque e aos cafés de Paris que eram então o padrão da elegância das elites ocidentais.

Lugar de encontro de Tertúlia literárias e de encontro de intelectuais como Leonardo Coimbra, José Régio ou Teixeira de Pascoaes ou obra de arte inspiradora de artistas como Júlio Resende, o Majestic tornou-se um símbolo da cidade. No anos 60 atravessou uma fase de declínio que começa a inverter-se em 1983 com a declaração de Imóvel de interesse público.

Com uma nova gerência, o café reabre portas a 15 de Julho de 1994. Em 2011 foi considerado um dos dez mais belos cafés do mundo.

Parabéns Majestic por estes magníficos 91 anos de idade !!!

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João Portugal






Entrevista com Sotaques: Luís Henrique Pereira, Jornalismo de excelência em nome da Mãe Natureza




Ninguém fez mais pela divulgação televisiva  da vida natural em Portugal, nas últimas décadas, do que Luís Henrique Pereira. Este jornalista da Televisão Pública, nascido na cidade do Porto em 1970,  é o autor do programa “ Vida animal” da RTP, o único programa das Televisões portuguesas que, em permanência, nos revela as singularidades das várias espécies animais em Portugal e fora do nosso país.
O Sotaques falou com este repórter  global dos ecossistemas naturais, que mostra nesta conversa a sua paixão pela Amazónia e o Brasil, a sua ligação a ícones dos documentários como o mítico David  Attenborought,  e o seu compromisso firme em continuar a fazer Serviço público e aproximar os cidadãos da sua Mãe , a Natureza.

P –  “Vida Animal em Portugal e no Mundo” é um programa singular no contexto da Televisão Portuguesa. Como surgiu a ideia do programa e por que etapas passou até ser materializado?

L .H. Pereira - Desde muito pequeno que tenho fascínio pelos animais, pela vida selvagem. Recordo-me de ir para a que chamo de “Selva Urbana”, uma vez que nasci na cidade do Porto, e nos jardins capturar os animais mais variados entre abelhas, escaravelhos, formigas entre outros, devia ter nessa altura uns 8,9 anos. A ideia era só uma: observá-los mais de perto. Nessa altura,  coleccionava cromos de borboletas, mamíferos, insectos, peixes, enquanto que os meus amigos coleccionavam cromos de futebolistas ou corredores de Fórmula 1.
 A seguir,  veio a fase dos livros que mais me marcaram. São exemplo disso :  “O Grande Livro dos Oceanos”, “A Vida na Terra” e o Planeta Vivo” de Sir David Attenborough, livros como “Os animais da Terra”,  as mais variadas Enciclopédias  da vida animal, tudo isso eu devorava.
 Lembro-me de me levantar cedo, por volta das 7 da manhã,  aos fins-de-semana, para entrar nesse mundo encantatório que existia dentro dessas milhares de páginas dos mais variados autores como Jane Goodall,  que durante 40 anos,  estudou o comportamento dos chimpanzés em Gombe, na Tanzânia, Gerald Durrel, famoso divulgador e naturalista,  assim como o grande Félix Rodríguez de la Fuente. Outro dos meus adoráveis autores era, sem dúvida alguma,  Jacques-Yves Cousteau e o seu admirável “Mundo Submarino”.
 Ora,  nos anos 70, 80 passavam na televisão algumas séries feitas por grandes cadeias internacionais de televisão como é o caso da BBC e,  em concreto,  a série
 de 13 episódios,  idealizada por Sir David Attenborough,  intitulada “A Vida na Terra”. Um sucesso mundial visto por mais de 500 milhões de telespectadores, em praticamente todo o mundo.
 Lembro-me de nessa altura, ainda  não existiam  os primeiros vídeo gravadores, eu gravava junto ao altifalante do televisor o áudio dos programas com um gravador,  para a seguir reproduzir a narração e os sons,  a fim de “rever” as imagens do programa ou série.
Respondendo mais directamente à pergunta: entrei na RTP em 1994. De vez em quando,  lá ia fazendo um ou outro trabalho relacionado com a vida selvagem. Sempre entendi que a televisão, neste caso a RTP,  deveria ter desde o seu início uma unidade de História Natural, o que nunca aconteceu.
 O “Vida Animal em Portugal e no Mundo”,  nasce como uma primeira série,  que juntava vários mini documentários em várias partes do país e do mundo. A partir daí,  deu-se a metamorfose e,  desde 2008,  que temos o PRIMEIRO PROGRAMA DA HISTÓRIA DE TODA A TELEVISÃO EM PORTUGAL DE PRODUÇÃO NACIONAL E EM CONTINUIDADE sobre vida animal, sobre vida selvagem.
Alimenta noticiários na RTP 1, o próprio programa na RTP Informação e RTP Internacional…enfim, praticamente é visto em todo o mundo,  através também dos canais e das antenas internacionais da RTP. No espaço de 5 anos,  já produzimos 140 documentários, entre formatos de 20 a 25 minutos e (a maior parte) formatos que não ultrapassam os 10 minutos.
A ideia, a minha ideia é acabar os meus dias a fazer documentários sobre a vida selvagem. É esse o meu grande objectivo em termos profissionais.

P – As questões relacionadas com a biodiversidade acompanharam a sua formação jornalística e pessoal ? Desde quando são temas que lhe interessam ?

L.H.Pereira - Posso dizer que desde sempre. Estudei na área de saúde, no Secundário,  que era a única que dava acesso à Biologia, ora eu sempre quis ser biólogo, mas a matemática não deixou, como costumo dizer, mas ainda bem.
 Perdeu-se o biólogo,  ganhou-se o jornalista, um conservacionista, um naturalista e investigador, licenciado em Ciências da Comunicação (com média de 15 valores),  e com um Projeto Científico Final de Graduação intitulado “Vida Selvagem em Documentário”, que me valeu 19 valores como nota final.
 Vai de resto agora ser passado a livro, também ele um guia pioneiro para os que querem enveredar por este mundo,  uma vez que se trata de uma recolha exaustiva dos conselhos e das técnicas dos mais prestigiados produtores,
realizadores, guionistas e autores de documentários da vida selvagem em todo o mundo. Muita bibliografia e outra tanta filmografia. Quase dois anos de trabalho de investigação e pesquisa.  

P – Quem foram os seus modelos ou referências televisivas que o estimularam a desenvolver este programa?

L.H.Pereira -  Sem dúvida,  a escola da BBC, o chamado formato “Blue-Ship”: é uma filosofia  em que   há claramente o  máximo de ética, de espera, de brio, e da procura DA imagem, não DE UMA imagem. Sir David Attenborough,  que já tive o prazer de entrevistar em exclusivo para a RTP,  foi desde sempre para mim “A referência”.
 A ideia de levar o espectador ao cenário e não o cenário ao espectador. Esse é ,para mim,  o maior desafio e quando é bem  conseguido, a maior das conquistas.  

P – Como vê o estado da conservação da Vida Animal em Portugal?

L.H. Pereira - Não temos grande tradição no que à conservação da natureza diz respeito, ao contrário, por exemplo,  dos nossos vizinhos espanhóis. “Conseguimos” extinguir praticamente o Lobo Ibérico do nosso território, a Águia-real no Parque Nacional da Peneda Gerês, o Lince Ibérico…e  por aí fora.
 Não há efectivamente, em minha opinião,  uma Legislação que possa, por exemplo, dissuadir os caçadores furtivos, os nossos Parques Naturais carecem de vigilância mais apertada, há na minha opinião tudo ou quase tudo por fazer e o que se faz…pelos vistos é raro resultar. É com muita mágoa que o digo, acreditem! Muita.

P – Quais são as espécies animais ameaçadas no nosso país? Sente que as autoridades têm desenvolvido um trabalho meritório na sua preservação?

L. H. Pereira - Infelizmente há muitas. Vou dar dois exemplos em que o Estado pouco ou nada interveio no sentido de “dar a mão”,  no sentido de salvar duas espécies. A Primeira é uma ave, o Priolo que só existe na Ilha de S. Miguel, nos Açores, o outro,  o cagarro, também ele ave,  que se encontra em território açoriano, depois a rola-brava que a sobre - caça quase fez desaparecer.
Entre as muitas Entidades que lutaram e  continuam a lutar,  para evitar que espécies como estas não desapareçam para sempre do nosso território  está, por exemplo,  a “Sociedade Portuguesa Para o Estudo das Aves”, a “Associação Ambientalista Quercus”, entre outras.


 Têm muito trabalho feito no terreno,  e lá vão pressionando os governantes a olharem com mais atenção as temáticas ambientais.

P – Tem uma ligação forte ao Brasil e um conhecimento das paisagens naturais mais conhecidas mundialmente como o Amazonas. O Brasil é um país especial em termos de riqueza natural de espécies animais e vegetais?

L.H. Pereira - Quando estamos a falar,  por exemplo,  da Floresta Amazónia, estamos a falar de algo que sabemos muito importante, mas que conhecemos muito mal. Seis milhões de quilómetros quadrados de verde, o tamanho de meia Europa…inacreditável !!!
Acredita-se que só estejam descobertas apenas 20 por cento das espécies de animais e plantas que lá habitam. Fantástico.
 A Amazónia Brasileira,  onde tive o grande prazer de estar e conhecer apenas “uma ínfima gotinha”, assim como a Amazónia Colombiana e Peruana, são um MUNDO. Não há palavras para descrever tanta maravilha junta, não se conseguem encontrar palavras. Impossível.

P – A Revista Online  Sotaques aposta na divulgação dos vários Sotaques portugueses e brasileiros. Ao longo das suas reportagens, em Portugal e no Brasil, qual foi o Sotaque que mais o surpreendeu ?

L.H.Pereira - O sotaque nordestino, gosto particularmente de sotaques também aqui em Portugal, sou também um apaixonado por vozes! Enfim uma outra paixão “oculta”.

P – E o Sotaque do Luís Henrique Pereira?  É tipicamente tripeiro ou tem outras influências?

L. H.Pereira – Repare:  eu fiz rádio e tenho ampla formação na colocação de voz, respiração, postura etc. Mesmo nascido no Porto há muita gente que garante que nasci em Lisboa! Mas eu acho que o meu sotaque é praticamente inexistente, em todos os sentidos.

P – Que paisagem, em Portugal e no estrangeiro, mais o deslumbrou no decorrer do programa ou nas suas viagens como turista?

L . H. Pereira -Respondo com uma palavra:Amazónia

 P – O Luís trabalha na redacção do Porto da RTP, nos estúdios localizados no Monte da Virgem, em Gaia. O Porto e Vila Nova de Gaia são bons exemplos a nível de respeito pela diversidade natural e animal?

L.H.Pereira  -  Resido em Gaia e em Espinho. Em Gaia tem havido nos últimos anos um esforço enorme em prol do ambiente e da educação ambiental.
No espaço de 8 anos, por exemplo,  80 por cento do saneamento estava por fazer. Hoje rara será a habitação que não o tem. O Parque Biológico de Gaia tem-se expandido, tem implementado um enorme esforço na criação de novos espaços verdes na cidade.
 As melhores praias de Portugal  são as de Vila Nova de Gaia, no que à qualidade das areias e das águas diz respeito.
Para trás,  há um imenso trabalho ligado ao saneamento e construção de ETAR´s,  que depois vem dar ao concelho bandeiras azuis, acho que são 17 praias para 17 bandeiras azuis. Gaia é, de facto,  um bom exemplo no que à preservação ambiental diz respeito,  e também na  à constituição de novos projetos ambientais.

P – Que locais, no Porto e em Gaia, recomenda para os amantes da natureza fazerem uma visita?

L.H.Pereira  - Em Gaia  desde logo o Parque Biológico e a obra que lá está,  que remete o visitante também para a restante obra ambiental no Concelho. A Reserva Natural Local do Estuário do Douro, a primeira a nascer em Portugal.
 No Porto, a Zona da Foz e o Parque da Cidade,  a par de outros Jardins maravilhosos como a casa Andresen e a Quinta da Macieirinha, junto à Sé,  por exemplo. Outros dos meus locais de eleição é o Passeio Alegre e as suas palmeiras,  que nos remetem para um exotismo tropical encantatório.
 Era, de resto, o lugar predilecto do falecido poeta portuense Eugénio de Andrade. 

P – Que opinião tem das paisagens do Douro e da região Duriense?

L.H. Pereira - Apaixonei-me eternamente pelo Douro, especialmente pelo “Canyon” do Douro Internacional. Absolutamente recomendável! Imperdível. Mágico!!!!


 P – Relativamente aos animais que filmou. Qual ou quais foram os que mais o impressionaram?

L.H. Pereira -Adoro aves, por isso diria que, se fosse um animal,  adoraria ser uma Águia-real ou então um golfinho, animais que filmei e que observei em estado selvagem com tempo e paixão.

P – Existem lugares onde gostaria de gravar o seu programa e aonde ainda não foi. Quais?

L. H. Pereira - Muitos…Muitos…Muitos. Deixo apenas dois exemplos: Bornéu e Papua Nova Guiné, para ver “cara a cara” as maravilhosas aves do paraíso. 

P – Se lhe pedissem para fazer um programa que representasse o Planeta Terra como um todo, qual seria o lugar que escolheria para filmar?

L.H. Pereira - Boas parcelas dos fundos marinhos, uma vez que pelos visto conhecemos melhor o espaço do que as nossas profundezas oceânicas e,  por outro lado,  todas as zonas de Montanha que me fascinam,  e que remetem também não só para a vida selvagem mas para a História Natural,  para as alterações de que o planeta foi alvo ao longo de muitos milhões de anos.

P – O que representa a natureza para si?

L.H.Pereira - A Mãe…como todos lhe chamamos. Dela fazemos parte. Só que nunca demos conta disso.

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R. Marques