As mil e uma vidas de Manoel de Oliveira




Prodigiosamente, o cidadão Manoel Cândido Pinto de Oliveira faz hoje 105 anos. É uma data, mas para o mais velho realizador de cinema do Mundo, em atividade, é uma mera circunstância. 
Porque Manoel de Oliveira tem a idade do próximo filme, do próximo projecto. E, nesse sentido, é o mais jovem de todos nós.
Sempre foi assim: em jovem adorava as corridas de automóveis, o atletismo e as tertúlias literárias no Café Diana, na Póvoa do Varzim, onde discutia com Agustina Bessa-Luís ou José Régio.
O cinema veio depois e ficou para a eternidade: entra aos vinte para uma Escola de atores no Porto, e começa a desenvolver um Projeto para filmar o Douro, acabando por realizar uma obra-prima do Documentário nacional - "Douro, Faina Fluvial".
Faz uma esporádica aparição como ator no clássico " A canção de Lisboa" em 1933, e em 1942 realiza Aniki-Bobó. Um daqueles retratos intemporais da infância, do Porto, da pureza dos sentimentos que ficou gravado na memória.
Seguem-se filmes como " Acto da Primavera" , " A caça", " O Passado e o Presente", " Os Canibais", " Vale Abraão", " O Convento" e tantos outros. O seu último filme foi " A Igreja do Diabo" em 2012. O novo filme " O Velho do Restelo" está a ser preparado com a minúcia dos anteriores. 
Manoel de Oliveira tem mil e uma vidas pela frente. É um fenómeno de esperança, criatividade e inteligência. 
Tem os 105 anos mais jovens do Mundo. 
Parabéns Mestre !!!

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R. Marques 

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