Estava
uma noite de chuva e nuvens lá fora e, talvez por isso, o público que, neste
Domingo, se deslocou à Casa da Música para ouvir Melingo, saboreou
tão bem os tangos. Buenos Aires e o Porto, cidades tão distantes e, simultaneamente, tão
parecidas, uniram-se numa toada melancólica e bela, com o artista argentino a exercer de mestre de cerimónias brilhante.
O
que fascinou as pessoas presentes no Concerto, foi a sofisticação e simplicidade da sua música. Melingo entrou no palco como quem vem
de uma viela de Buenos Aires, sem pretensões, devolvendo-nos aquele ar de homem
de rua comum, que canta as banalidades da vida, os amores perdidos, e se ri de si próprio, ciente das suas
limitações.
É
um sedutor, porque não é um sedutor.
Alguém que não precisa de pirotecnias circenses para ter o público na mão, que
usa os dois recursos mais prosaicos que existem: a voz e o corpo.
O
Álbum “ Linyera” ( vagabundo), que apresentou no espectáculo, é um cruzamento
de estilos. Jazz, Bossa Nova, Blues são géneros convocados para uma dança com o
Tango mais popular, num baile solitário em que o artista se revela integralmente ao
mundo.
Clássicos
como “ Santa Milonga”, “ Narigon “ ou “ Maldito tango”, trouxeram alegria a uma
noite de chuva e frio. No final, melancólico como é, o Porto despediu-se de
Melingo com saudades.
Foi
um autêntico tango à moda do Porto.
R.
Marques
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