Estava escrito, nas entrelinhas da genética, que Guilhermina Augusta Xavier de Sousa Medin Suggia, nascida a 27 de Junho de 1885 no Porto, tinha um encontro marcado com a História da Música e, mais especificamente, com o Violoncelo . O pai, Xavier de Suggia foi violoncelista no Real Teatro D. Carlos, e o seu primeiro professor aos cinco anos.
Não era fácil uma mulher evidenciar-se neste instrumento: pensava-se que este exigiria uma força e destreza física masculinas, e seria inadequado para o sexo feminino. Guilhermina desfez todos os tabus e aos 16 anos recebeu uma Bolsa de Estudo, entrando no prestigiado Conservatório de Leipzig, o mais conceituado da Europa na altura.
Daí foi viver para Paris e Londres, onde tocou com a elite musical europeia - com violoncelistas como Pablo Casals ou pianistas como Arthur Rubinstein e Wilhelm Backhaus. O seu reportório era variado, mas alcançava um nível sublime quando tocava as Suites para Violoncelo de Bach.
Guilhermina Suggia tinha vários violoncelos. Entre eles destacam-se os famosos Stradivarius (Cremona, 1717) e Montagna (Cremona, 1700 . No testamento dispôs que ambos fossem vendidos, e com o fruto da sua venda foram instituídos prémios anuais aos melhores alunos de violoncelo da Royal Academy of Music de Londres, do Arts Council da Grã-Bretanha e do Conservatório de Música do Porto.
Morreu em 1950, de doença no Porto, mas o eco da sua música ainda ressoa como só acontece com os grandes génios da História da Música, que alcançam a imortalidade na nossa memória.
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R. Marques