" Hoje" ou a perpétua dança dos corpos




Há um Chão que não é chão. Há corpos que se lançam em espiral pelo solo, que se abraçam e repelem, com uma energia simétrica, há colchões que perdem a gravidade e se espalham ao comprido, servindo de espaço de conforto e desconforto para os actores. 
"Hoje", a peça coreografada por Tiago Guedes em exibição no Teatro Nacional de São João, é um ponto de encontro entre duas linguagens: a dança e o teatro, em que cada gesto se transforma numa mensagem sobre este Mundo de permanente instabilidade, onde nunca conseguimos fincar os nossos pés em terreno sólido. 
Durante o espectáculo, vemos corpos a misturar-se no espaço. Dançam uns com os outros, rejeitam-se violentamente, lembram-nos quem somos e onde estamos
A pós-modernidade que nos foge, é a grande personagem desta Peça/Ensaio sobre ser humano no século XXI. Ver "Hoje" é contemplar esse caos, no qual se destrói com infinita facilidade aquilo que levou séculos a edificar.
Faz bem observarmo-nos ao espelho. " Hoje" é esse espelho cruel mas leal, porque verdadeiro. 


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R. Marques