Efemérides com Sotaques: 31 de Janeiro de 1891, a primeira Revolta Republicana



            
  
A República foi implementada a 5 de Outubro de 1910. Mas duas décadas antes, mais especificamente no dia 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto,  eclodiu  o primeiro movimento republicano com o intuito de derrubar a Monarquia.
Na génese da rebelião esteve o descontentamento dos republicanos pela questão do  Mapa cor-de-rosa – Portugal ocupava o território que compreende actualmente a Zâmbia e o Zimbabwe, unindo Angola e Moçambique e a Inglaterra exigiu, em 1890, através do primeiro-ministro inglês, Lorde   Salisbury, a saída imediata  destes territórios. A Coroa portuguesa acabou por ceder ao Ultimato inglês, gerando uma enorme onda de descontentamento.
A 1 de Janeiro de 1891, celebra-se o Congresso Republicano de onde sai eleito um Directório,  no qual pontificam figuras como Teófilo Braga, Manuel de Arriaga ou Magalhães Lima. Embora não defendesse a revolta militar, o Congresso não deixava de vincar uma hostilidade crescente dos republicanos contra a Monarquia instituída.
Os acontecimentos precipitaram-se, definitivamente, a 31 de Janeiro de 1891. Pela madrugada, o Batalhão nº 9 de caçadores, composto maioritariamente por sargentos,  marcha em direcção ao Campo de  Santo Ovídio – actualmente a Praça da República no Porto – onde se encontra com o Regimento de Infantaria  nº 10 e uma Companhia da Guarda fiscal e o Alferes Malheiro – nome imortalizado  numa rua do Porto -  perto da  Cadeia da Relação.
Descem a Rua do Almada até à Praça de D. Pedro – a Praça da Liberdade do Porto – onde ouvem o Dr. Alves da Veiga a proclamar a República em frente à câmara municipal do Porto. Entre os intelectuais portuenses que aderiram ao levantamento destacam-se, entre outros, o jornalista e escritor João Chagas, os filósofos Sampaio Bruno e Basílio Teles ou o comerciante   Aurélio Paz dos Reis, pioneiro do cinema em Portugal.  
Apesar de hasteada a bandeira vermelha e verde republicana na Praça da Batalha, os revoltosos são atacados pela Guarda Municipal na escadaria da Igreja  Santo Idelfonso e bombardeados pela artilharia que estava destacada na Serra do Pilar, em Gaia. Muitos civis e militares apoiantes  da  causa republicana são mortos, outros são  capturados e a Revolta é esmagada.
Quando a República triunfou, finalmente, no 5 de Outubro de 1910  a Rua de Santo António na cidade do Porto  passou a chamar-se Rua 31 de Janeiro. Em memória dos bravos civis e militares que verteram sangue pela democracia e pela liberdade.

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R. Marques