Katherine Mateus, retrato de uma escritora apaixonada


Foto EntrevsitaEntrevistas com Sotaques: Katherine Mateus, retrato de uma escritora apaixonada

É um  jovens valores da Literatura portuguesa mas também  é, claramente, uma mulher apaixonada. Pela escrita, pelas pessoas, pela música, pela vida.
Acompanhe-nos nesta viagem, com Sotaques,  pelo universo de uma escritora que procura, antes de mais, a Liberdade como máxima para a  escrita e a existência.          
     
P - O que é diferencia " O amor entre mulheres"  de todas as outras relações?
R – Julgo que o amor é universal. O que quis mostrar nesta obra “ Amor entre mulheres II”  é que há duas fases na relação amorosa – uma primeira de paixão intensa e uma segunda em que o amor entra na rotina, começamos a notar os pequenos pormenores.
Interessa-me muito esse outro lado, mais cruel, do amor do qual evitamos falar.
P- O que é o amor para a Katherine Mateus  ?
R – O amor é um sentimento vital. Não é um mar de rosas nem um conto de fadas como muitas vezes se retrata, mas é algo que nos torna mais humanos.
Para mim,  quer na escrita, quer na vida, o amor é uma presença forte que sinto em tudo o que faço.
P- Da sua biografia ressalta o facto de ter nascido na Venezuela. Essa origem reflectiu-se a nível da sua escrita e filosofia de vida  ?
R – Talvez o facto de vir de um país com mais calor, com uma mentalidade mais aberta tenha influenciado a minha escrita. Acho que em Portugal ainda há uma sociedade muito estereotipada,  e os meus livros procuram mostrar os temas polémicos que ninguém quer abordar devido à moralidade vigente.
P - Mantêm ligações com a Venezuela ?
R – Sai da Venezuela quando ainda era criança, mas mantenho ligações familiares lá.
P- Como surgiu a escrita na sua vida ? Foi uma vocação ou uma descoberta tardia ?
R – Mais ou menos. Quando era criança gostava de ler histórias,  mas julgo que foi a partir da adolescência, com a leitura obrigatória dos Maias de Eça, que comecei a ficar encantada com as frases e a desejar, intimamente, escrever.
Mais tarde fui escrevendo e guardando o que escrevia na gaveta. Até que um dia decidi arriscar e mostrar os meus escritos.
P - Está a escrever algum livro novo ?
R – Sim. O tema que escolhi é o da violência doméstica que, infelizmente, só se fala uma vez por ano, muitas vezes quando já é muito tarde. Quero mostrar neste novo livro os dois lados – o do agressor e da vítima – e fazer despertar consciências para uma questão que tem de ser sempre debatida e confrontada.
P- O que é que a inspira para escrever ?
R – Inspira-me sobretudo o mal que há na sociedade. Olho à minha volta e sinto um grande mal estar em relação a determinados temas, e procuro abordá-los sem preconceitos, de um modo radical, que acho que é salutar.Escrever é uma forma de expressar essa reação perante situações com as quais não concordamos. 

P - Que escritores ou escritoras foram referências  para si ?
R- Antes de mais Júlio Dinis. Já li e reli várias vezes a “ Morgadinha dos Canaviais”, aliás,  vivo num local perto de onde ele se terá inspirado para escrever a Obra.  Admiro muito também  António Lobo Antunes, a forma de escrita tão especial, e igualmente o José Luís Peixoto.
P- O Sotaques valoriza a Língua e as suas diferenças. A Katherine sentiu muitas diferenças no seu Sotaque, pela influência da Venezuela,  quando veio viver para Portugal ?
R – Como referi numa resposta anterior, vim muito nova para Portugal por isso não senti tanto essa diferença no Sotaque.
P- Que Sotaques portugueses admira ?
R – Talvez por ser do Norte sempre me chamaram mais  a atenção os Sotaques do Norte – o Sotaque tripeiro, de Trás-Os-Montes e do Minho- embora também ache curiosos outros Sotaques como o Alentejano ou o Açoriano.
P- E Sotaques brasileiros ?
R – Adoro o Sotaque brasileiro. Parece-me tão musical, os brasileiros falam a cantar e adorava falar com Sotaque brasileiro.
P - O Brasil é um país onde gostaria de apresentar os seus Livros ?
R – Gostava imenso. Tenho família em Copacabana e,  além disso,  teria uma certa curiosidade como os brasileiros reagiriam à minha escrita e aos temas de que falo.
P - Fora da Literatura como é a  Katherine Mateus ? Que atividades desenvolve ?
R – Tenho uma ligação forte à música e a outras formas culturais. O ensino e a pedagogia são também atividades que me fascinam pela importância que a formação artística tem no desenvolvimento dos mais jovens.  
P- Como vê Portugal, atualmente,   na área cultural e literária ?
R – Estamos a atravessar um momento complicado. Para mim, o essencial é que perdemos as referências éticas e morais ao subordinar tudo à economia.
Não vivemos bem connosco próprios e temos de nos reencontrar. Nesse sentido, a Cultura desempenha um papel fundamental nessa busca interior de saídas para a crise. 
P- Uma escritora sonha com os seus livros ou só pensa neles quando os escreve ?
R – Já me aconteceu a meio da noite acordar e pensar numa frase, numa situação, num momento que ocorreu durante o dia, que achei que seria interessante aparecer num livro.
Quando escrevemos,  ficamos mais atentos ao que nos rodeia. A Literatura, no fundo, alimenta-se das nossas experiências pessoais.
 P- Que Livro ideal  gostava de escrever no Futuro ?
R – Não tenho propriamente um livro ideal em mente. Gostava de continuar a escrever,  e que cada vez mais  leitores se identificassem com os temas que abordo.
www.sotaques.pt – Paixão pela escrita e pelos nossos escritores

R. Marques