João Portugal
Agustina Bessa-Luís fez 90 anos no passado dia 15 de Outubro. Uma data extraordinariamente simbólica para a Literatura portuguesa, apesar da doença a mitigar. Porque Agust
ina é uma herdeira avantajada dos nossos grandes clássicos: antes de todos do grande Camilo Castelo Branco, que transformou em deliciosa personagem literária em " Fanny Owen", mas também de Garrett, de Eça, de Aquilino ou de Vergílio Ferreira.
Ninguém como ela traçou uma descrição mais lúcida e cruel da Região Norte e da cidade do Porto, não escondendo os vícios, a mesquinhez, a manipulação, mas também mostrando-nos a alma do Norte, aquelas características que o tornam único. A corte do Norte", " Fanny Owen" ou " Vale Abraão". são escritos com uma linguagem visual que, mais tarde, Manoel de Oliveira, reproduziu brilhantemente em vários filmes.
Nos 90 anos de vida de Agustina Bessa-Luis, o país tem o dever de homenageá-la como deve ser, como um dos maiores vultos da História da nossa Literatura. E não ficar por este envergonhado silêncio que, a Norte, se torna ainda mais ensudercedor.
Agustina tem de reviver em Tertúlias, colóquios, em evocações: desde as páginas do Sotaques, lanço este repto aos nossos agentes culturais !!!