Rogério Charraz: um talento musical
português com o Brasil no horizonte
Rogério Charraz é um
cantor com um percurso fulgurante na
música portuguesa, que tem conquistado o público e a crítica com
a qualidade das suas letras. Natural de Lisboa e a viver em Sintra, é um dos
rostos da nova e talentosa geração portuguesa e já trabalhou, entre outros, com
Fausto, José Mário Branco ou Rui Veloso.
O seu primeiro Disco “ A
Chave” foi editado, em 2011, e teve
um grande êxito como tema na série da
RTP “ Pai à força” . Falamos com ele para conhecermos melhor as razões deste
reconhecimento generalizado, para sabermos mais sobre as parcerias que já
desenvolveu, no âmbito do Projecto musical Sotaques, com músicos brasileiros e
das que gostaria de desenvolver no futuro.
P - O título deste Disco chama-se " A Chave". Qual é a
Chave para entender a sua música ?
R - Bom, eu
espero que este disco seja a chave para as pessoas entenderem a minha música. Como é que isso está a acontecer eu não sei, até porque a música é uma daquelas
coisas difíceis de explicar...
P
- Várias das suas músicas foram tocadas
em Novelas e Séries – por exemplo, a música “ A Chave” na
série “ Pai á força" . Deve ser muito compensador, como criador, ter este
reconhecimento público ?
R - Naturalmente
que é muito reconfortante quando a nossa música chega a muita gente, e a TV é
um meio com grande alcance. Ter músicas no “Pai à Força” (RTP) e no “Louco
Amor” (TVI) permitiu-nos comunicar com muita gente, já que são programas com
grande audiência, o que nos ajudou a quebrar algumas barreiras próprias de quem
chega com um trabalho novo.
P - Conta no seu percurso musical com parcerias com grandes
nomes nomes da música portuguesa - Fausto, José Mário Branco, Rui Veloso. Que
importância tiveram estas parcerias para a evolução do seu processo criativo
?
R - Foram essencialmente
experiências incríveis que ficarão para sempre na minha memória. Estamos a
falar de três nomes que fazem parte das minhas maiores influências enquanto
músico e compositor, e poder privar e trabalhar com eles é para mim um feito
que me orgulha e me emociona muito. Naturalmente que foi muito inspirador e me
deu muita motivação para continuar a criar...
P - O que é que o inspira a criar a sua música ?
R - A minha maior inspiração é o
dia a dia. As pessoas que me rodeiam, as experiências que vou vivendo, a minha
observação do mundo que me envolve. E tanto posso falar de sentimentos como o
amor ou a amizade, como de problemas como o alcoolismo ou a crise financeira.
P - Nota-se um grande cuidado com as letras nas suas canções. O
Rogério Charraz define-se como um cantautor no sentido tradicional do termo
?
R
- Eu
gosto de fazer canções, e elas são formadas por duas metades: a música e a letra.
Ambas têm que ser tratadas com igual respeito e dedicação para que uma canção
seja bem conseguida. Pelo menos foi isso que aprendi ao ouvir as minhas maiores
referencias: o Sérgio Godinho, o Fausto, o Jorge Palma, o Rui Veloso, o Zeca
Afonso, o Lenine, o Caetano, o Gil, etc. Todos eles são cantautores: compõem,
escrevem, cantam e tocam as suas próprias canções, e é isso que eu procuro
fazer também da minha maneira, com o meu cunho pessoal.
P - O Sotaques é um Projecto que aposta nas parcerias e na ligação
entre os artistas portugueses e brasileiros. Gostaria de desenvolver parcerias
com artistas brasileiros e, nesse caso, com alguém em particular no
panorama musical brasileiro ?
R
- O
Sotaques é um projecto que nasceu do meu feliz encontro com uma dupla
brasileira radicada em Portugal: Silvia Nazário e Cláudio Kumar. Queremos
relembrar as pessoas dos muitos laços que unem a música dos dois países, e o
tanto que temos em comum. Eu sou um apaixonado pela música portuguesa, brasileira
e da África Lusófona. Está nos meus planos nos próximos discos abrir as
parcerias a músicos brasileiros (e africanos), e se me perguntar qual o
primeiro que convidaria, dos muitos que adoro eu escolheria o Lenine. Sou louco
pelo seu trabalho...
P
- Actuar no Brasil é um objectivo que
desejaria concretizar algum dia ? Já houve algum contacto nesse sentido ?
R
- Tocar
no Brasil é um dos sonhos que eu espero concretizar um dia. Ainda não houve
contactos nesse sentido, mas espero que esta entrevista seja um primeiro passo
nesse sentido...
P - Este mês estamos a realçar os Sotaques alfacinha e carioca
- de Lisboa e do Rio de Janeiro . Considera que cada um destes Sotaques
possui uma musicalidade própria ?
R
- Sabe,
eu nasci em Lisboa e moro desde sempre em Sintra, um dos concelhos da chamada
Área da Grande Lisboa. E é curioso porque os lisboetas acham que nãotêm sotaque. Nós achamos que falamos o “português original” e depois as várias regiões é que
acrescentaram o seu sotaque! (risos) Não sei muito bem como é relativamente ao
Rio de Janeiro, mas se for para Lisboa falar do sotaque lisboeta as pessoas vão
fazer uma cara estranha...
P
- O seu Sotaque é tipicamente
alfacinha ou é uma mistura de várias influências ?
R
- Acho
que já respondi um pouco na questão anterior. Devo acrescentar que adoro os
vários sotaques portugueses e brasileiros. Acho mesmo que é uma das provas da
riqueza da nossa língua e das nossas culturas. Um dos meus preferidos em
Portugal é o alentejano, talvez por ter costela... E curiosamente, apesar de
falar “à lisboeta”, quando vou para o Alentejo começo logo a falar com sotaque.
P
- Gosta de ouvir o Sotaque carioca ?
R
- Gosto,
embora para nós seja uma coisa relativamente natural, porque ouvimos todos os
dias, quer através da música, quer através das telenovelas. Creio que nesse
aspecto a ponte tem funcionado de forma muito desigual, porque em Portugal se
ouve muito os vários sotaques brasileiros, mas o Brasil ainda houve pouco os
vários sotaques portugueses. E não tenho problemas em admitir que em grande
parte a culpa é nossa, embora me pareça que deva ser feito um esforço conjunto
para equilibrar esta balança. Creio que seria uma das formas de reforçar a
Lusofonia...
P - Qual é o grande Projecto que gostava de concretizar no meio
musical. Existe algum sonho que deseje ver realizado na sua carreira ?
R - Eu acabo de lançar o meu
primeiro disco em nome próprio, e embora tenha já conseguido muita coisa nestes
primeiros meses, creio que seja natural ainda ter muitos sonhos e projectos por
concretizar. O grande sonho é continuar a fazer discos com regularidade, e
mostrá-los pelos palcos do país e do mundo. Dentro desse grande sonho, uma das
metas é pisar um palco brasileiro...
R. Marques
www.sotaques.pt - O site da música com Sotaque(s)