Entrevistas com Sotaques

                       


               Maíra Freitas: com a música na alma e no coração


O Brasil é uma pátria de músicas e músicos. Como o futebol, o ritmo, a dança, os sons fazem parte da vida do povo brasileiro,  manifestando-se no quotidiano de  todas as classes sociais e momentos desde o baile popular de bairro até aos desfile das Escolas de Samba no Carnaval, passando pela Garota de Ipanema,   que é cantada  com  como um hino nas belas praias de Copacabana.
Maíra Freitas, filha de um dos grandes ícones da música brasileira, Martinho da Vila,  é um exemplo dessa música que faz parte da alma do Brasil. Com uma formação clássica como pianista erudita, no Rio de Janeiro, teve a sua primeira participação como cantora  num Disco do pai  "Os poetas da cidade", e junto com este e com a irmã Mart'inália fez várias espectáculos pelo Brasil e pelo mundo.
Entretanto em 2011 lançou o seu primeiro Disco " Maíra Freitas", com colaborações de músicos como Chico Buarque e Paulinho Viola, e actuou em Outubro em Portugal, recolhendo o aplauso unânime  do público e da crítica e a admiração do Presidente da República, Cavaco Silva. Venha conhecer melhor, nesta entrevista com Sotaques, uma das artistas mais talentosas e ecléticas  da nova vaga da música brasileira, que é tão imensa e diversa como o próprio país.

Começou a sua carreira musical com a participação no disco do seu pai "Poetas da cidade". Como foi essa experiência?  
Foi uma experiência incrivel. Nunca havia cantado numa gravação e, muito menos,  me apresentado como cantora. Durante um almoço de Natal, o  meu pai me convidou e eu me espantei, mas acabei aceitando, pois a música “Ultimo Desejo” do Noel Rosa é bastante difícil e carregada de emoção e dramaticidade. Mesmo assim, fiquei bem confortável e me diverti bastante no estúdio com meu pai e seu produtor Rildo Hora. 
No mais recente disco do seu pai participam vários membros da família. Foi especial este disco?  
Apesar de ter sido lançado recentemente, a gravação da minha participação neste disco foi bem perto da gravação do disco do Noel. Foi  muito importante na minha jornada de descobrimento pessoal. Nos shows que faço com o meu pai, sempre cantamos essa música (Jobiniando – Ivan Lins/Martinho daVila), é uma música que fala dos acordes, dos sons, adoro musica que fala de música.
A  família  da Maíra tem algum segredo para ter tantos artistas e tanto gosto pela música ? 
Segredo? Não sei... só sei que somos muito felizes e que curtimos muito a vida regada a muita música boa e cerveja! (risos) Gostamos de viver bem, fazendo as coisas com calma, sempre devagar, devagarinho....
Tem uma formação de pianista erudita e clássica. Foi difícil abordar outros géneros musicais da música brasileira nos espectáculos
Apesar de vir de uma formação erudita, desde pequena ouço músicas de diversos géneros musicais. Em casa tocava Beethoven, Chopin e Villa-lobos, mas depois saía para a Lapa e para Vila Isabel dançar e ouvir os shows de Samba com a familia. Tudo o que eu ouvi e vivenciei musicalmente, na minha vida,  acabou se refletindo na minha música e nas minhas apresentações. Foi um processo natural.

Quais são as suas grandes referências musicais?
Sou muito eclética. Ouço MPB, Jazz, Samba, Pop, Phunk da decada de 70, Pop Rock. Gosto de boa musica. Se alguem pegar o meu ipod por engano e colocar no shuffle vai ouvir Villa-Lobos, Rachmaninoff, Bach, Chopin, Liszt, Thelonious Monk, Miles Davis, Ella Fitzgerald, Nat King Cole, Speranza Spalding, Jimmy Smith, Nina Simone, Tom Jobim, Vinicius, Caetano Veloso, Maria Bethania, Nana Caymmi, Chico buarque, Gilberto Gil, Djavan, Michael Jackson, Lenine, Parliament funkadelic, Bob Marley, Paulinho da Viola, Martinho da vila, Zeca Pagodinho, Alcione, Amy winehouse, Elza Soares, Elis Regina, Roberto Carlos, Alanis Morrisset e até Lady Gaga.
Esteve em Outubro em Portugal numa série de Concertos. Gostou do público português?
Gostei muito. Fiquei muito orgulhosa e honrada,  pois toquei para o Presidente de Portugal numa solenidade. Estive com Cavaco Silva, ele foi muito simpático e fez elogios ao meu show!
O Sotaques é um Projeto cultural que procura fazer parcerias e pontes culturais entre Portugal e o Brasil. Acha que é importante haver mais intercâmbios entre os nossos dois países a nível cultural e artístico ?  
Acho importantissimo.  Ja visitei alguns países da europa, mas assim que pisei em Portugal, tive a sensação gostosa de estar em casa. Nós temos muitas caracteríscas, além da lingua, que nos aproximam. É muito importante estreitar cada vez mais esses laços, levar artistas brasileiros para lá e trazer artistas portugueses para o  Brasil conhecer.
Quais são as suas perspectivas para 2012?
Em 2012 pretendo viajar muito com o meu Disco novo, fazer muitos shows e mostrar para  Brasil e  mundo a minha música. Gosto muito de estar nos palcos e de fazer as pessoas felizes.
Em 2012 a Maíra vai voltar a actuar  em  Portugal ? 
Quero muito! Se tudo der certo estarei de volta em breve!

Autor: Rui Marques