Oficialmente foi a 22 de Abril de 1500, que a Frota de Pedro Álvares Cabral aportou a Terras de Veracruz em Porto Seguro – a Descoberta foi a 22 de Abril, mas os portugueses só pisaram o novo território no dia 24 de Abril . Os primeiros Índios – assim baptizados pelos portugueses, crentes de que tinham chegado à Índia – a receber a Armada vinda de Portugal foram da Tribo dos Tupis.
O termo Descobrimento ou Achamento, tantas vezes alvo de polémica, deve ser matizado. O que houve foi um Descobrimento mútuo entre dois Povos, um encontro de Culturas, e como tal devemos encará-lo.
Teoricamente, a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, foi fruto do acaso. A Frota dirigir-se-ia à Índia para consolidar a presença dos portugueses naquela Zona do Globo, após a viagem de Vasco da Gama que chegou a Calcute, na Índia, a 20 de Maio de 1498.
Na prática, porém, há vários indícios que nos fazem acreditar que a Corte do Rei D. Manuel já conhecia a existência das Terras de Veracruz. Por exemplo, Duarte Pacheco Pereiro, navegante e cosmógrafo português, foi incumbido em 1498, por D. Manuel I, de fazer um reconhecimento que partiu do Arquipélago de Cabo Verde e terá chegado à Costa entre o Maranhão e o Pará.
Se pensarmos que o mesmo Duarte Pacheco Pereira, foi um dos representantes portugueses que negociou com Castela a divisão do Mundo, no Tratado de Tordesilhas celebrado a 7 de Junho de 1494, naquela localidade espanhola, chegamos à conclusão que a Corte portuguesa sabia muito mais do que aparentava. Aliás para alguns Historiadores, que apontam a obra de Duarte Pacheco Pereira, “ Esmeraldo de situ Orbis como prova, terá sido ele o primeiro a aportar ao Brasil.
Figura de grande importância na História dos Descobrimentos portugueses, Pacheco Pereira foi retratado por Camões, nos Lusíadas, como o “fortíssimo e Grão Pacheco Aquiles Lusitano”. E foi comparado por um dos seus biógrafos, o historiador Joaquim de Carvalho, na década de 60, a Leonardo da Vinci, sendo o responsável pelo cálculo do meridiano com uma margem de erro de 4%.
A Carta de Pêro Vaz de Caminha ao Rei D. Manuel, relatando o emocionante encontro entre os portugueses e os índios, ainda hoje é um notável documento pela sua plasticidade a nível de linguagem, de riqueza nas descrições. Pêro Vaz de Caminha, nascido no Porto, em meados do século XV, foi o fiel cronista desse momento histórico, sem o qual nada teria sucedido como sucedeu.
Por isso, enterremos as polémicas e construamos esta História do Futuro, entre Portugal e o Brasil, o Brasil e Portugal, como a classificou o Padre António Vieira numa das suas mais premonitórias e fulgurantes criações literárias. O Futuro não espera por nós – descubramo-nos mutuamente.