Retrato do artista enquanto Jovem



Esqueçam os tópicos, as verdades absolutas, as metáforas rebuscadas. O homem que ontem beijou a Teresinha do Aniki-Bóbó e recebeu as flores e os aplausos do público, não tem idade. Têm Projectos em mente, ideias, têm filmes na cabeça que, a serem concretizados, se perpetuariam pela Eternidade adentro.
Ontem o Fantasporto e a cidade do Porto, prestaram a devida Homenagem ao seu artista mais jovem. Aquele que começou tudo - sem ele, o melhor da cinematografia portuguesa não existiria, sem ele o Fantástico também não.
Ou porventura Aniki-Bóbó não será, em si, uma Janela para o Universo da fantasia do ser humano, dos sonhos das crianças, dessa outra dimensão de todos nós, subjugada por essa Fera castradora e implacável chamada realidade ?
Quer seja na evocação da Ribeira do Porto, na materialização desse Douro que a grande Agustina Bessa-Luís descreveu com finíssimo talento, ou no confronto entre a Pátria portuguesa com a perda do Império, o mais novo Realizador do mundo sempre viveu e filmou no limiar do sonho e do onirismo. Agora é que reconhecemos um legado construído em imagens, uma urbe de símbolos, alegorias, palavras, que sempre esteve ali, e sem o qual o Porto e Portugal não se podem olhar ao Espelho.
Por isso, olhemos com olhos de ver, como diz o Povo na sua sabedoria infinita, e observemos que, à imagem do artista Basil Hallward, que só quer captar a beleza do Mundo no rosto de Dorian Gray, ele apenas deseja continuar a mostrar-nos a ética do Belo e do Grandioso. E como nós precisámos de Beleza neste País e neste Mundo, como nós precisámos desse olhar terno e cheio de esperança de Manoel de Oliveira.

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R. Marques