Agostinho da Silva: o Filósofo que amava Portugal e o Brasil


Celebra-se hoje o aniversário de um dos intelectuais que mais aproximaram Portugal e o Brasil, não só pelo pensamento que defendeu, mas também pela actividade docente que exerceu em Universidades portuguesas e brasileiras: George Agostinho Baptista da Silva.
Nascido no início do século, a 13 de Fevereiro de 1906 na cidade do Porto, Agostinho da Silva fez os estudos secundários no Liceu Rodrigues de Feitas e, mais tarde, ingressou na Universidade do Porto, onde se licenciou brilhantemente com a média final de 20 valores no Curso de Filologia Clássica. Doutora-se na mesma Universidade com a tese “ O sentido histórico nas Civilizações Clássicas”, aos 23 anos, e parte para Paris como bolseiro. 
Paralelamente, começa a escrever na reputada revista cultural portuguesa “ Seara Nova”, na qual priva com intelectuais como António Sérgio ou Jaime Cortesão. Regressado de França, lecciona como professor durante um breve período, pois acaba por ser expulso do Ensino por não subscrever a Lei Cabral que exigia que todos os funcionários públicos declarassem não pertencer a organizações secretas. 
Insubmisso por natureza, Agostinho da Silva continua a não resignar-se à repressão salazarista, cria em 1939, o Núcleo Pedagógico Antero de Quental, o que faz com que tenha de sair do país na década de 40, perseguido pela Polícia Política. 
O Brasil torna-se a sua pátria de adopção – permanecerá aqui até 1969. A sua acção é notável: dá aulas em várias Universidades como a Universidade Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, Universidade da Paraíba ou a Faculdade Fluminense de Filosofia, colabora com Jaime Cortesão na pesquisa para a Obra sobre Alexandre Gusmão e na Exposição do Quarto Centenário do Aniversário da cidade de São Paulo e é um dos fundadores da Universidade de Santa Catarina. 
Em 1969 volta a Portugal. Dá aulas na Universidade Técnica de Lisboa e é, já na década de 90, com o programa de Televisão Conversas Vadias que atinge o grande público e é reconhecido. 
O pensamento filosófico de Agostinho da Silva, mais do que propor um sistema de pensamento convencional, defende a liberdade e a simplicidade como princípio. Defende o advento da idade do Espírito Santo como um momento que sintetizará a evolução da Historia humana, dando-lhe uma coerência própria, um sentido.
Muito mais haveria de dizer de Agostinho da Silva. O Filósofo que amou Portugal e o Brasil como nenhum outro. 

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R. Marques