Patubatê: muito mais que uma Banda de música, uma Escola de vida




A música é muito mais que a música. É uma Escola de valores sociais, educativos, ecológicos, é sobretudo  um meio para nos afirmarmos como cidadãos.
Um exemplo claro desta filosofia de vida, é o grupo Brasileiro Patubatê: constituído por cinco músicos, a banda nasceu em 1999, em Brasília, com o objectivo de aliar a educação e formação – através de Oficinas onde ensinam a reciclar os instrumentos que são usados nos Concertos – com os espetáculos onde tudo, desde latas a baldes e peças de automóveis, serve como letra de música de  uma sinfonia perfeita e sustentável.
O Sotaques falou com este grupo de  invulgar criatividade e, quis saber quais os segredos de um conjunto,  que foi a banda de música que representou Brasília na Arena Sócio- Ambiental no Evento Ecológico  global Rio + 20, e que tem conquistado a admiração dos amantes da Música em todo o mundo.

P -Estiveram em Portugal, em Setembro, para atuarem em vários espetáculos . Que balanço fazem dessa digressão ?

R - Fazemos um balanço muito positivo: foi uma oportunidade para difundirmos a Cultura Brasileira de uma forma não tradicional e surpreendente para o público Português. Além dessa forma inusitada, procuramos passar os conceitos das nossas Oficinas, que é uma forma de interação com o público, e onde ficam a conhecer melhor o nosso trabalho.
O público português foi muito receptivo quer à nossa música, quer à mensagem social e ecológica que as nossas Oficinas representam e, por isso, sentimos muito apoio e carinho. 

P - Que impressão tem do público português ? 

R -Um público muito agradável, educado e atento ao que fazemos. Um pouco tímido, diferente do Brasileiro, mas vão interagindo à medida que vamos apresentando o Show.

P - Os valores ecológicos são incontornáveis na vossa música. Como surgiu esta consciência no vosso percurso musical ? 

R- Desde o início, em 1999, temos essa preocupação de usar material reaproveitado para a confeção da nossa arte. Queremos provar que podemos fazer música, artes plásticas e cênicas, utilizando formas alternativas. Conseguimos desde o início utilizar recursos baratos e às vezes até gratuitos, reaproveitar material que iria para o lixo ou material que tem uma outra utilidade e fazer disso a nossa arte.

P - Atuaram na arena ecológica da Conferência Rio 2012, interpretando o hino brasileiro. Como correu a experiência e que balanço fazem da própria Conferência do Rio ? 

R - A Conferência deixou muito a desejar no âmbito governamental, mas ficamos muito contentes de saber que existem várias Organizações Não Governamentais que estão agindo de maneira contundente na sociedade. Foi uma emoção ímpar tocar num  Evento de tamanha importância,  e contribuir um pouco para a formação de uma nova consciência mundial.

P - A educação é fundamental na vossa performance musical - através das oficinas  em que se fazem os próprios instrumentos que se vão tocar. Como vêem o papel da educação e formação musical na evolução dos jovens, sobretudo daqueles  de classes mais desfavorecidos ? 

R - De acordo com as nossas experiências  pelo mundo  fora, vemos que a formação musical e artística têm desenvolvido um  papel de suma importância na formação dos jovens, pois exalta valores e conceitos que, no mundo de hoje, se têm perdido um pouco. Trabalhamos valores como  o respeito ao próximo, a valorização do trabalho em grupo, a cooperação entre os indivíduos,  e tudo isso voltado para a  realidade de cada comunidade onde passamos. Procuramos incentivar os jovens, que são menos favorecidos, a fazer o seu próprio trabalho, com os recursos que estão ali no seu dia a dia,  e não ficar à espera  do momento ou da situação ideal para que isso aconteça.

P - O Sotaques Brasil/Portugal aposta no aprofundamento da ligação entre os criadores portugueses e brasileiros. Gostavam de desenvolver parcerias com músicos portugueses ? 

R - Sim, gostaríamos muito de desenvolver um trabalho onde os  músicos portugueses pudessem contribuir um pouco para a música do PATUBATÊ. Costumamos dizer que a música do PATUBATÊ é uma música do Mundo,  e estamos abertos para aprender novas linguagens e sotaques.

P - São naturais de Brasília. Como está o panorama musical na capital do Brasil ? 

R - Nos últimos anos,  o panorama musical Brasiliense tem melhorado muito! Estamos exportando vários trabalhos pelo mundo a fora,  e importando muita música de qualidade. Os artistas de Brasília têm uma Associação de Artistas, chamada Ossos do Ofício – Confraria das Artes, que tem desenvolvido um trabalho muito importante de divulgação da Cultura Brasiliense para o mundo.

P - Os habitantes de Brasília possuem um Sotaque  particular ? Quais são as suas características ? 

R - Ainda não temos um sotaque específico de Brasília, por ser uma cidade de apenas 52 anos e o povo que lá vive ser de várias regiões do país. Ainda temos muitas pessoas de outros locais do mundo, por termos as Embaixadas todas lá e então o sotaque ainda está sendo formado.

p - O que acham do Sotaque português ? 

R - É um sotaque muito interessante. Costumamos dizer que é um Português bem “ dizido” ( Rsrsrsrs ). Não falamos como os portugueses, perdemos muito do que falam, mas admiramos bastante.

P - Qual vai ser a vossa agenda nos próximos meses e que objectivos gostavam de atingir em 2013, através da vossa música ? 

R - Estamos com shows marcados em alguns estados do país como Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Goiás, Rio Grande do Sul e em nossa capital, mas além desses shows temos os nossos projetos de Oficinas Itinerantes, Oficinas com os Catadores de Lixo e Formação da Banda dos mesmos, projeto para a Copa do Mundo no Brasil e o lançamento do DVD “ RUÍDO SONORO”, em Outubro no Brasil e em 2013 em Portugal e países em que o PATUBATÊ passar e for convidado. O DVD foi gravado na construção do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, onde serão realizados jogos da Copa do Mundo de Futebol de 2014. 

www.sotaques.pt – Tocamos  a Sinfonia da sua Cultura

R. Marques