Apesar das assimetrias no
nível de utilização, a Língua Portuguesa é importante na Internet em volume de
utilizadores. O Português é um grande potenciador da troca de experiências de
negócios e conhecimentos profissionais em várias áreas da atividade económica,
assim como do aumento os negócios entre países onde se fala a língua de Camões.
Algumas empresas já o estão a fazer, mas de que estamos à espera para aumentar
o nível de partilha?
O português é a quinta língua do mundo em termos de utilizadores na
Internet, segundo os dados do Internetworldstats.com e ainda tem bastante
margem para evoluir, quando comparamos com a América do Norte, em que a taxa de
penetração da Internet na população é de mais de 78%. O Acordo Ortográfico tem
suscitado muita discussão e, concorde-se ou não, surge no sentido de aproximar
e reforçar a Língua Portuguesa num mundo globalizado. O primado da economia
assim o obriga. Basta referir que o Brasil é o 7º maior mercado de internet no
mundo e muitas vezes a versão de websites em Português do Brasil surge primeiro
do que a versão de Português Europeu, como é muitas vezes designado.
Em contrapartida, em Portugal o crescimento do Produto Interno
Bruto tem verificado uma estagnação nos últimos 15 anos, tendo-se verificado
uma divergência em relação aos valores registados pela União Europeia. Esta
situação estava de certa forma prevista no Livro
Verde para a Sociedade da Informação em Portugal (Missão para a Sociedade
da Informação, 1997), que perspectivava a transformação necessária e já
alertava para o aparecimento de novas oportunidades de negócio, que exigiam
soluções criativas e formas inovadoras de desenvolver a distribuição e a
comercialização dos produtos e serviços. As questões levantadas no documento
num contexto de globalização permanecem actuais. Como refere o texto, «no caso
português, fundamentalmente caracterizado pela predominância das PME e, face às
naturais condicionantes geográficas de país periférico, o desenvolvimento e
generalização da implantação de estruturas de suporte a redes de empresas irá
decerto constituir um factor de sobrevivência num cenário de economia global». Passados
15 anos da data desta publicação, o país encontra-se em clima de recessão
económica. O ano passado ficou para a história de Portugal pelo ano em que o
FMI voltou a entrar no país depois dos anteriores pedidos de intervenção de
1977 e 1983 e o presente ano tem sido marcado pela austeridade e pelo
desemprego. Apesar da situação económica, Portugal tem a população com maior
nível de escolaridade da sua própria história.
Há países de Língua Portuguesa que, apesar de também se
verem afetados pela conjuntura atual, têm experimentado
crescimentos nos últimos anos. Este é o caso do Brasil, que integra os BRIC (acrónimo BRIC, que corresponde à crescente importância e potencial de países como o
Brasil, Rússia, Índia e China, criado por Jim O'Neill da consultora Goldman Sachs em 2001). Outros casos interessantes são o desenvolvimento
económico de Angola e de Moçambique, encarados como um caso
de sucesso entre as economias africanas.
Como além da língua, partilhamos uma cultura que nos diferencia das outras,
de que estamos à espera para tornar esse fator uma vantagem? As empresas
portuguesas estão a procurar sair da sua zona de conforto para encontrar
soluções para a crise lá fora, em mercados com taxas de crescimento mais
elevadas.
Os países de língua portuguesa poderão encontrar em Portugal a sua entrada
no mercado europeu, assim como colaborar na construção de conhecimento e partilha
de tecnologia em português. Todos os países têm muito a ganhar com esta
cooperação, desde a partilha de conhecimento nas escolas e universidades à
construção de empresas com maior massa crítica no mercado globalizado.
Para que a Língua cumpra a sua função unificadora, a comunicação
empresarial tem de estar à altura do desafio e as empresas têm de reconhecer a
sua importância, aos mais variados níveis. Para manter os negócios na era da
Internet, é preciso respeitar a Língua Portuguesa e expressar-nos de forma
clara para evitar equívocos decorrentes de vivências culturais diferentes e
estereótipos. A comunicação fluída permite construir um ambiente de confiança
entre os diferentes povos, condição indispensável para o estabelecimento de
relações empresariais.