Cidades com Sotaques – Coimbra


Coimbra: a capital sentimental de Portugal

Costuma-se  dizer  que Lisboa é a capital, o Porto a capital do trabalho e Coimbra a capital sentimental de Portugal. Esta cidade, a mais antiga do país, destaca-se pelo seu lirismo intenso, pela história que se perde por tempos imemoriais, pelo Fado e guitarra portuguesa, pelo bucolismo do Mondego, por uma Universidade que se tornou na referência para todas as outras que vieram depois. O nome de Coimbra provém da povoação romana de Conímbriga, que dista 16 km da atual cidade.
Após as invasões árabes, a cidade assumiu uma importância decisiva na afirmação do Condado Portugalense - génese de Portugal. Foi em Coimbra que  D. Henrique e D. Teresa fixaram a capital em1129, substituindo Guimarães –  permanecendo  aí até 1225,  quando se mudou para Lisboa – e é nela que nasce D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal.
A Universidade de Coimbra foi a grande impulsionadora da cidade nos séculos seguintes – em 1290, o rei D. Dinis solicita ao Papa a criação do Estudo Geral, antecessor da Universidade que, após uma itinerância entre Coimbra e Lisboa, se fixa definitivamente na cidade   em 1537. Atualmente, a Universidade possui cerca de 21.000 estudantes, sendo 10% estrangeiros: refira-se que ao longo da História da Universidade estudaram nela vários brasileiros famosos  como José Bonifácio, Tomás Gonzaga ou o Padre José de Anchieta. 
Além da Universidade, devemos falar na importância da música, do Fado de Coimbra e da guitarra portuguesa – de nomes como Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Artur Paredes, Carlos Paredes- e da música contemporânea com figuras como Paulo Furtado ( legendary tiger man), J.P. Simões, WrayGun ou Bunnyranch.
Na cultura e na ciências,  surgem personalidades que viveram  em Coimbra  como os escritores Antero de Quental, Eça de Queiroz, Vergílio Ferreira,  Miguel Torga, os músicos Carlos Paredes ou Zeca Afonso,  a irmã Lúcia vidente  de Fátima, o matemático Pedro Nunes, o físico Carlos Fiolhais ou o humorista Pedro Tochas entre tantos outros. A nível de monumentos para além da belíssima baixa de Coimbra, da Torre e Paços  da Universidade, salientam-se o Mosteiro  de Santa Cruz – onde está sepultado D. Afonso Henriques- o Convento de Santa Clara, o Portugal dos pequeninos e a Quinta das Lágrimas onde terão ocorrido os amores proibidos entre D. Pedro e Inês de Castro.
Dizia Miguel  Torga no livro “ Portugal”: Coimbra é uma linda cidade, cheia de sentido nacional. Não há nenhuma mais bela no país, e muito que a Nação fez de bom e de mau fê-lo aí, ou teve aí a sua génese”.
Rui Marques