Entrevista com Ruth Teixeira, Presidente da Associação Mais Brasil
Associação
Mais Brasil promove a relação luso-brasileira
Ruth Teixeira é a atual Presidente da
Associação Mais Brasil no Norte do país.
Uma Instituição criada em 2005, e
que se tem destacado na defesa dos
direitos comunidade brasileira no Norte
do país. Nesta entrevista falamos com ela do trabalho de uma Associação que não
quer apenas ser um ponto de apoio para
os brasileiros que vivem no Norte, como também tornar-se um elo de ligação mais forte entre portugueses e os brasileiros.
P
– Há quanto tempo está em Portugal e o que é que motivou que viesse para cá ?
R
– Estou há
cerca de catorze anos. Vim a Portugal por motivos de lazer, gostei e acabei por
ficar no Porto.
Trabalhei
primeiro numa Instituição social dirigida por uma brasileira, depois como
promotora de vendas e na área da Hotelaria. Mas sempre senti um grande apelo da
área social – incutida também pelos meus pais - e
quando soube que foi criada a Associação
Mais Brasil, em 2005, quis fazer parte dela. Comecei como
voluntária, mais tarde fui vice-Presidente e a partir de 2010 acabei por me
tornar Presidente da Associação.
P
– Qual é o trabalho desta Associação ?
R-
Essencialmente
a nossa acção é ajudar a comunidade brasileira a integrar-se em Portugal. E
esse auxílio é feito através de aconselhamento jurídico, disponibilização de
informações úteis para quem chega ao país, realização de Workshopops sobre a
lei da emigração e
as famílias e outros temas, bem como
apoio psicossocial que permita às pessoas enfrentar os problemas que encontram
cá.
Trabalhamos
com o Centro de apoio de emigrantes de migrações São Cirilo, o Secretário
Diocesano de migrações temos o apoio do
ACIDI – Alto Comissariado para a imigração e diálogo inter-cultural e do Consulado.
P
– Também prestam um apoio às mulheres brasileiras reclusas em prisões. Como
funciona este Projeto ?
R
– Prestamos
esse serviço na Prisão de Santa Cruz do Bispo. Consiste numa série de
atividades sociais e pedagógicas que desenvolvemos com o intuito de reforçar a
auto-estima dessas mulheres e de as preparar para os desafios que irão
enfrentar quando saírem da cadeia.
P
– Tem tido êxito ?
R
– Sem dúvida.
Sentimos que elas necessitam desse reforço positivo e respondem de uma forma
imediata quando as tentamos ajudar.
P
– Que eventos ou iniciativas realizam ao longo do ano direccionados para a
comunidade brasileira ?
R
– Desenvolvemos
eventos regularmente em parceria com
outras Associações como a festa de Carnaval, a festa junina, celebramos o Dia
da mulher, organizamos a feijoada da independência. Também participamos na
festa dos povos, promovida pelo Secretariado Diocesano das Migrações.
Também
participamos na organização do Congresso Internacional das Migrações no
Porto, que teve um grande acolhimento e foi um evento muito valorizado.
P
– A mulher continua arredada dos cargos dirigentes nas mais variadas Entidades
– Empresas, Instituições etc. Encontra alguma explicação para este facto ?
R
– Acho que
gradualmente isso está a mudar. As mulheres estão a ganhar um espaço mais justo
nas várias áreas.
Na área
social elas já são a maioria e acredito que é uma questão de tempo até estarem
mais representadas nos sectores ligados ao poder político e à economia.
P
– Como podemos reforçar mais a relação entre a comunidade brasileira em
Portugal e no Porto e os portugueses ?
R
– Sobretudo é
importante que os eventos juntem portugueses e brasileiros, que não estejam
circunscritos à comunidade emigrante.
Porque essa
inter-acção faz com que os brasileiros se integrem melhor no país de origem e é
benéfica para todos.
P
– Que conselho diria a uma jovem que
quisesse trabalhar na área do apoio aos emigrantes ?
R
– Eu acho que é
fundamental que tenha vontade de ajudar. Sem isso não vai conseguir trabalhar
na área social.
Que
disponibilize o seu tempo – seja ele qual for – para as atividades da
Associação e que se empenhe em tudo o que fizer. A nossa recompensa é conseguir
melhorar a vida das pessoas – lembro-me de um caso de uma rapariga emigrante
com uma doença grave e sem recursos que,
graças a uma série de apoios que conseguirem várias Entidades entre as quais a
Associação Mais Brasil, voltou ao Brasil.
Dar alegria e
esperança aos outros é a melhor recompensa que podemos ter.
Autor: Rui
Marques