Palco com Sotaque

 
Sílvia Machete a artista total

Para Sílvia Machete,  o espetáculo é uma arte total ao serviço do espectador. Cantora, artista de circo e de rua, capaz de dialogar diretamente com a plateia, é impossível não apreciarmos esta mulher dos sete ofícios que toma conta do palco e hipnotiza o público.
O Sotaques entrevistou-a  na sua passagem por Portugal. Aqui fica a conversa  com um dos nomes que irá marcar as próximas décadas da música brasileira, e que viu reconhecido, em 2010, o seu espetáculo " Extravaganza" como o melhor do ano pela Associação de críticos de São Paulo. 




P - Como caracteriza este novo Disco " Extravaganza" ? 

R - Vejo-o como um Disco em que procuro transmitir ao espectador uma série de emoções - não só a música,  mas também as sensações visuais, as cores, os números de Circo. Quero que o espectador também participe no espectáculo, que sinta prazer ao vê-lo . 

P - Que diferenças existem entre este trabalho e os anteriores ? 

R- Basicamente que este Disco foi feito com mais cuidado e mais tempo. O último trabalho foi editado em 2008 - "Eu não Sou nenhuma Santa" - e "Extravaganza" levou um tempo a preparar, as canções foram compostas com mais tranquilidade.
De resto, este Disco segue uma linha de continuidade - junta várias artes, a música, as artes de rua, o circo - e prolonga uma visão que eu tenho da minha atividade como artista. 

P - O facto de ter tido experiência no Circo e nas artes de rua é visível em "Extravaganza" ? 

R - Eu acho que ter tido experiência no Circo e na performance de rua apurou o meu instinto criativo. Nos meus espetáculos procuro mostrar essa criatividade e liberdade  através da música, dos números de circo, do humor, fugindo um pouco aos cânones do que é um espetáculo tradicional de um músico. 

P - " Extravaganza" venceu o prémio para espetáculo do ano em 2010, atribuído pela Associação de críticos de arte de São Paulo. Como recebeu o prémio ? 

R - Como um reconhecimento importante ao meu trabalho. É sempre importante que gostem da nossa música. 

P - Comparam-na frequentemente a Carmen Miranda. Como encara esta comparação ? 

R - Com muita honra . Carmen Miranda é um ícone no Brasil, alguém que divulgou a música brasileira pelo mundo, e que se tornou uma estrela em Hollywood participando em vários filmes. 
Sei que ela é natural de Marco de Canavezes, perto do Porto. 

P - Curiosamente a Sílvia também viveu nos Estados -Unidos e na Europa . Foi importante essa vivência para a sua formação como pessoa e artista ? 

R - Vivi 3 anos na Europa e 9 nos Estados -Unidos, em Nova Iorque . Nova Iorque é uma cidade excelente para um artista porque há sempre espaço para a liberdade e a criatividade. 
É muito estimulante viver e actuar lá pois há uma enorme diversidade de culturas, públicos, o que te obriga a crescer como artista. 

P - Conhece a música portuguesa ? 

R- Já actuei com Rui Reininho numa parceria e foi muito divertido . Também gosto do Fado que me emociona - aprecio a Mariza - e sou também fã do trabalho dos Death Combo. 

P - Acha importante este aprofundamento das relações entre os criadores portugueses e brasileiros ? 

R - Sem dúvida. Acho que a troca é o mais importante que podemos fazer.
Somos muito parecidos e ao mesmo tempo muito diferentes e essa diversidade de experiências só pode enriquecer as nossas atividades artísticas. 

P - Gostou do público português ? 

R - Gostei muito. É um público quente que recebe muito bem os artistas brasileiros. 

P - Quais são os seus Projetos para 2012 ? 

R - Vou continuar a digressão com os espetáculos e lançaremos, este ano, o DVD de " Extravaganza" . 

Autor : Rui Marques