Um Tango à moda do Porto


Estava uma noite de chuva e nuvens lá fora e, talvez por isso, o público que, neste Domingo,  se deslocou   à Casa da Música para ouvir Melingo, saboreou tão bem os tangos. Buenos Aires e o Porto, cidades  tão distantes e, simultaneamente, tão parecidas, uniram-se numa toada melancólica e bela, com  o artista argentino a exercer de  mestre de cerimónias brilhante.

O que fascinou as pessoas presentes no Concerto, foi a sofisticação e  simplicidade da sua  música. Melingo entrou no palco como quem vem de uma viela de Buenos Aires, sem pretensões, devolvendo-nos aquele ar de homem de rua comum, que canta as banalidades da vida, os amores perdidos, e  se ri de si próprio, ciente das suas limitações.

É  um sedutor, porque não é um sedutor. Alguém que não precisa de pirotecnias circenses para ter o público na mão, que usa os dois recursos mais prosaicos que existem: a voz e o corpo.

O Álbum “ Linyera” ( vagabundo), que apresentou no espectáculo, é um cruzamento de estilos. Jazz, Bossa Nova, Blues são géneros convocados para uma dança com o Tango mais popular, num baile  solitário  em que o artista se revela integralmente ao mundo.

Clássicos como “ Santa Milonga”, “ Narigon “ ou “ Maldito tango”, trouxeram alegria a uma noite de chuva e frio. No final, melancólico como é, o Porto despediu-se de Melingo com saudades.
Foi um autêntico tango à moda do Porto.

R. Marques

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Guilhermina Suggia e um Violoncelo que apaixonou o Mundo




Estava escrito, nas entrelinhas da genética, que Guilhermina Augusta Xavier de Sousa Medin Suggia, nascida a 27 de Junho de 1885 no Porto, tinha um encontro marcado com a História da Música e, mais especificamente, com o Violoncelo . O pai, Xavier de Suggia foi violoncelista no Real Teatro D. Carlos, e o seu primeiro professor aos cinco anos. 

Não era fácil uma mulher evidenciar-se neste instrumento: pensava-se que este exigiria uma força e destreza física masculinas, e seria inadequado para o sexo feminino. Guilhermina desfez todos os tabus e aos 16 anos recebeu uma Bolsa de Estudo, entrando no prestigiado Conservatório de Leipzig, o mais conceituado da Europa na altura. 

Daí foi viver para Paris e Londres, onde tocou com a elite musical europeia - com violoncelistas como Pablo Casals ou pianistas como Arthur Rubinstein e Wilhelm Backhaus. O seu reportório era variado, mas alcançava um nível sublime quando tocava as Suites para Violoncelo de Bach. 

Guilhermina Suggia tinha vários violoncelos. Entre eles destacam-se os famosos Stradivarius (Cremona, 1717) e Montagna (Cremona, 1700 . No testamento dispôs que ambos fossem vendidos, e com o fruto da sua venda foram instituídos prémios anuais aos melhores alunos de violoncelo da Royal Academy of Music de Londres, do Arts Council da Grã-Bretanha e do Conservatório de Música do Porto. 

Morreu em 1950, de doença no Porto, mas o eco da sua música ainda ressoa como só acontece com os grandes génios da História da Música, que alcançam a imortalidade na nossa memória. 

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R. Marques 

Papa Francisco celebra um ano de Pontificado




Foi há um ano, a 13 de Março de 2013, que o Cardeal argentino Jorge Maria Bergoglio foi eleito, em conclave, como o Papa Francisco, substituindo Bento XVI, que abdicou por razões de saúde. 

Um ano de Pontificado marcado por gestos de aproximação da Igreja às bases – o nome Francisco é uma referência clara ao legado intemporal que Francisco de Assis deixou na História da Igreja – deste Papa com formação Jesuíta que fez questão de impor um estilo mais informal à Cúria romana. 

O primeiro Papa sul-americano da História e primeiro Papa do Sul promete continuar a renovar as fundações da Igreja católica, e a influenciar as grandes mudanças das sociedades contemporâneas. 

R. Marques 

Chiquinha Gonzaga: pioneira da Música popular brasileira




Chiquinha Gonzaga é uma espécie de matriarca da Música popular brasileira. Não é por acaso que o Dia Nacional da Música Popular brasileira é celebrado, desde 2012, no dia 17 de Outubro, data do seu aniversário. 

Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu a 17 de Outubro de 1847, no Rio de Janeiro. Filha de um general do exército brasileiro, José Basileu Gonzaga, e de uma negra, Rosa Maria Neves de Lima, Chiquinha sofreu com a educação espartana do pai, que a obrigou a casar contra a vontade. 

Divorcia-se do marido, provocando o escândalo na sociedade brasileira, e dedica-se totalmente à música. Compositora precoce – aos 16 anos compôs uma canção de Natal, Canção dos Pastores – foi a primeira pianista de choro e a autora da primeira marcha de Carnaval “ Ô abre latas”. 

Também foi a primeira mulher brasileira a reger uma Orquestra. Chiquinha Gonzaga morreu, curiosamente, a 28 de Fevereiro de 1935, quando começava o Carnaval, nada mais apropriado para uma artista que deixou uma marca indelével na História da Música Popular Brasileira. 

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R. Marques 

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Carolina Michaelis: uma pioneira no Estudo da Língua Portuguesa



Carolina Michaelis é o nome de uma das mais afamadas Escolas Secundárias da cidade do Porto. Uma pequena homenagem a uma mulher que marcou profundamente os Estudo da Língua Portuguesa, e a História da Universidade em Portugal. 
Nascida em Berlim, em 1851, destacou-se precocemente como autodidacta: aos 16 anos, já estudava as literaturas italianas e espanholas, correspondendo-se com académicos portugueses como Teófilo Braga e Joaquim de Vasconcelos, com quem se casaria, vindo viver para o Porto. 
Foi a partir da Invicta que exerceu um magistério incansável no estudo da Língua e Literatura. Deixou marcas visíveis em áreas como a filologia, a história ou a etimologia em obras como o “ Dicionário etimológico das Línguas hispânicas”, “ Estudos sobre o Romanceiro popular” ou “ As cem melhores poesias líricas da Língua Portuguesa”. 
Também foi a primeira mulher a dar aulas numa Universidade – a Universidade de Coimbra – e junto com a escritora Maria Amália Vaz de Carvalho, foi uma das primeiras mulheres a serem admitidas, em 1912, na Academia de Ciências de Lisboa. 

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R. Marques