Passatempo Sotaques - Sílvia Machete

Passatempo Sotaques - Sílvia Machete
O Sotaques oferece bilhetes para o espectáculo da cantora brasileira Sílvia Machete no próximo dia 2 de Fevereiro, no Hard Clube do Porto, às 22h00. Sílvia Machete é uma das mais criativas e interessantes cantoras da nova vaga da música brasileira. Os seus espectáculos são uma mistura de música, arte e performance que deixam o espectador impressionado co...
m a sua criatividade e arrojo.

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Responda à seguinte questão : A capital do Brasil é :
A) Rio de Janeiro B)São Paulo C) Brasília

Os vencedores serão anunciados em nosso Facebook. Participe em mais um passatempo Sotaques e assista a um magnífico espétaculo esta quinta-feira.

Padre José de Anchieta : fundador de São Paulo e Apóstolo do Brasil


O padre jesuíta  José de  Anchieta teve um papel fundamental na História da cidade de São Paulo. Foi através da sua carta, escrita aos seus superiores da ordem dos Jesuítas, que sabemos que a  primeira missa de conversão dos índios, celebrada no Planalto de Piratininga, em honra ao apóstolo São Paulo, decorreu a 25 de Janeiro de 1554.  
José de Anchieta nasceu na Ilha espanhola de Tenerife em 1534, numa família que tinha laços de parentesco com o fundador da Companhia de Jesus, Inácio de Loyola. Viveu no seio familiar  até aos 14 anos,  quando foi enviado para a Universidade de Coimbra, em Portugal, para estudar Filosofia no Real Colégio das Artes e Humanidades.   
Ordenado sacerdote da companhia de Jesus, foi um dos padres que respondeu à chamada do Provincial dos Jesuítas no Brasil, Manuel Nóbrega, para evangelizar os índios. Chegou ao Brasil com apenas 20 anos, na armada de Duarte Góis, e rapidamente se destacou, por incumbência de Manuel Nóbrega, na construção do Colégio dos Jesuítas e, por interesse particular, na aprendizagem e na composição da primeira gramática da língua Tupi.
Teve uma vida riquíssima: foi intermediário nas negociações de paz entre os portugueses e as tribos índias, defensor dos direitos dos índios, escreveu uma extraordinária colectânea de poemas " Poemas à  Virgem", dirigiu o Colégio de Jesuítas no Rio de Janeiro em entre 1570 e 1573, e foi Provincial da Companhia de Jesus entre 1577 e 1587. Curiosamente também é da sua autoria outra  carta escrita em 9 de Julho de 1565 ao Padre Diogo Morão, que é vista como uma espécie de certificado de nascimento do Rio de Janeiro, onde conta como se começaram a construir casas e a organizar a sociedade, após as guerras com os franceses, falecendo na povoação de Reritiva, atual no Espírito Santo,  que ele próprio fundou, em 1597, localidade que atualmente se chama Anchieta.  
Por todos estes motivos, o padre José de Anchieta foi canonizado em 1980 pelo Papa João Paulo II.O Apóstolo do Brasil, como ficou conhecido para a posteridade, deixou uma marca profunda na História do país, e no nascimento e crescimento das suas duas cidades mais importantes, para além de um legado de tolerância e cultura que não devemos esquecer.  

Autor: Rui Marques  

São Paulo: Biografia de uma cidade



As cidades são como as pessoas. Nascem de circunstâncias imprevisíveis  num determinado  local, ganham raízes e transformam-se ao longo dos séculos, ganhando novas camadas, novas características sociológicas, culturais, económicas.
A grande diferença entre as cidades e as pessoas, é que as primeiras aspiram à imortalidade, enquanto as segundas sabem que irão morrer. São Paulo é atualmente a 6ª maior cidade do planeta,  e a sua área metropolitana é a quarta maior aglomeração urbana mundial  com 19.223897 habitantes, sendo a cidade mais populosa do Brasil, do Continente sul-americano e do Hemisfério sul, e indiscutivelmente  o centro financeiro, corporativo e mercantil da América Latina.  
E tudo começou quando os padres Jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega subiram a Serra do mar, em 1553, com o objectivo de encontrar um local seguro  para se instalarem e catequizar os índios. A data foi 25 de Janeiro e,  quase cinco séculos depois,  o pequeno povoado de Piratininga converteu-se na grande metrópole de São Paulo. 
Daqui a 500 anos,  ainda se celebrará o aniversário  de São Paulo. As cidades são assim: eternas e o único  meio dos homens alcançarem a imortalidade. 

Autor: Rui Marques 

Parabéns pelos seus 458 anos de existência, São Paulo!


São Paulo “ Terra da garoa"

São Paulo, terra da garoa
e dos belíssimos casarões.
À São Paulo que já é coroa,
envio-lhe as minhas congratulações.
A velha Estação da Luz,
com sua grande imponência,
a todos os lugares conduz,
pois tem enorme referência.
O Instituto Butantã
cujas vacinas salvam vidas
de todos, precioso talismã
contra todas as feridas.
O Parque do Ibirapuera,
indispensável para o paulistano,
porque é o oásis de toda era,
e lugar, para todos, soberano.
O paulistano é gente fina,
só vive no corre-corre.
Hoje, dia do seu aniversário,
parabéns e felicitações.





Livros com Sotaques

Pornopopéia: uma Epopeia do Sexo

Pornopopéia de Reinaldo Moraes foi considerado um dos livros do ano no Brasil. Conta-nos a história rocambolesca de Zeca, um ex-cineasta que as circunstâncias da vida obrigam  a produzir um  obscuro anúncio para uma Fábrica de enchidos, e que se vê envolvido numa espiral de sexo, drogas e na morte de um traficante. 
É uma obra que marca o regresso de um autor singular no panorama literário brasileiro: Reinaldo Moraes escreveu, nos anos 80, obras como Tanto Faz ou Abacaxi, que mostravam uma escrita irreverente que fugia às convenções literárias. Também trabalhou na escrita de novelas como Helena, exibida em 1987, e livremente adaptada da obra de Machado de Assis. 
 Pornopopéia, publicada em 2009, foi finalista  de vários prémios literários brasileiros entre os quais o Prémio Portugal Telecom  e mereceu a aclamação da crítica no Brasil e em Portugal. Razões mais do que suficientes para ser um livro com Sotaques, com muita irreverência e sexo à mistura. 

Autor: Rui Marques

Oxóssi


20 de Janeiro dia de Oxóssi
Oxóssi na Umbanda é considerado patrono da linha dos caboclos, atuando para o bem-estar físico e espiritual dos seres humanos.
Segundo esta religião, Oxóssi é figura representativa de uma das sete forças principais de Deus: a força da luta, do trabalho, da providência e da afirmação positiva. Assim, para a Umbanda, Oxóssi representa uma das sete forças primordias de Deus, pertencendo ao pólo positivo das energias espirituais, expandindo, irradiando e impelindo os seres para a construção vigorosa de seus destinos, bem como garantindo que os mais fragilizados encontrem doutrinação firme e amorosa, desenvolvendo seu saber religioso e sua fé.
A figura de Oxóssi tem origem na mitologia africana, para a qual seria um antepassado africano divinizado, filho de Yemanjá, irmão de Omulu-Obaluayê e rei da cidade de Oyó, localizada na África sudanesa - de onde provêm os povos nagô (keto, ijexá e oyó) e mina-jeje. Também é considerado o caçador por excelência; o arqueiro de uma flecha só - sempre certeira.
A Umbanda, considerada por muitos como fundada em 1908, é expressão do sincretismo ocorrido no Brasil em razão da perseguição religiosa aos cultos africanos. Por reunir elementos africanos, espiritualistas e cristãos, a figura de Oxóssi pode aparecer, muitas vezes, misturada à figura católica de São Sebastião, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e estados do demais centro -sul do Brasil, e São Jorge, no estado da Bahia.

São Sebastião - Padroeiro da Cidade de Rio de Janeiro

São Sebastião nasceu em Petrória *, na Itália, de acordo com Santo Ambrósio, por volta do século III. Pertencente a uma família cristã, foi batizado em criança. Mais tarde, tomou a decisão de engajar-se nas fileiras romanas e chegou a ser considerado um dos oficiais prediletos do Imperador Diocleciano.
Contudo, nunca deixou de ser um cristão convicto e ativo. Fazia de tudo para ajudar os irmãos na fé, procurando revelar o Deus verdadeiro aos soldados e aos prisioneiros. Secretamente, Sebastião conseguiu converter muitos pagãos ao cristianismo. Até mesmo o governador de Roma, Cromácio, e seu filho, Tibúrcio, foram convertidos por ele.
Em certa ocasião, Sebastião foi denunciado, pois estava contrariando o seu dever de oficial da lei. Teve, então, que comparecer ante o imperador para dar satisfações sobre o seu procedimento. O imperador se queixou de que tinha confiado nele, esperava dele uma brilhante carreira e ele o havia traído.
Diante do Imperador, Sebastião não negou a sua fé e foi condenado à morte, sem direito à apelação. Amarrado a um tronco, foi varado por flechas, na presença da guarda pretoriana. No entanto, uma viúva chamada Irene retirou as flechas do peito de Sebastião e o tratou.
Assim que se recuperou, demonstrando muita coragem, se apresentou novamente diante do Imperador, censurando-o pelas injustiças cometidas contra os cristãos, acusando-o de inimigo do Estado. Perplexo com tamanha ousadia, Diocleciano ordenou que os guardas o açoitassem até a morte. O fato ocorreu no dia 20 de janeiro de 288.




Guimarães: o berço de Portugal e da Capital Europeia da Cultura 2012

 Guimarães 2012, capital europeia da cultura, começa oficialmente a sua atividade neste sábado 21 de Janeiro. Durante um ano, a bonita cidade de Guimarães e a região envolvente vão viver intensamente uma numerosa e rica agenda de eventos culturais. 
A cidade minhota  torna-se não só num ponto de encontro de criadores e criações das mais variadas áreas- cinema, arquitectura, música,literatura,pensamento, fotografia, artes plásticas, teatro, artes de rua - como num espaço de promoção da regeneração urbana, económica e social. Para isso, a organização de Guimarães 2012 definiu, na sua página oficial, três grandes objectivos: desenvolver o capital humano das suas comunidades, estimular a economia criativa na Região, exportando-a e promovendo-a  internacionalmente,  e gerar uma Geografia dos sentidos para quem a visite ou viva em Guimarães. 
Amanhã, no arranque de Guimarães 2012, está previsto um espetáculo que combina música, multimédia e performance e que assinala memórias da história de Guimarães e da Europa. Na primeira semana, quem vier a Guimarães encontra um programa eclético - que vai desde laboratórios de criação para jovens, conferências sobre Teatro, ciclos de cinema ou atuações de artistas consagrados como Buraka Som Sistema, Rita Redshoes, Legendary Tiger Man ou eventos  de música erudita como o Festival de órgão ibérico programado para o dia 27 de Janeiro - um ecletismo que se prolongará ao longo do ano. 
As capitais europeias da cultura nasceram no seio da Comunidade económica europeia, em 1985. Lisboa, em 1994, e o Porto, em 2004, já foram nomeadas capitais europeias da cultura. 
O Sotaques, como agente cultural que defende a criatividade, o espírito de parceria,  e  o valor da cultura como elo de ligação entre os povos, saúda a organização de Guimarães 2012. E incentiva, vivamente, os seus amigos espalhados pelo mundo a  visitarem Guimarães em 2012. 
O berço da Nação portuguesa e deste extraordinário Projeto. Venham e serão bem recebidos !!!

Autor: Rui Marques 

Elis Regina: 30 anos de infinita saudade


 Hoje é um dia muito especial para a História da música popular brasileira. Comemoram-se trinta anos da morte de Elis Regina, a cantora que partiu de Porto Alegre para conquistar o Brasil e o mundo com a sua voz forte e as suas interpretações cheias de garra e personalidade.

Elis Regina nasceu em Porto Alegre em 1945 e foi um exemplo de precocidade: aos 11 anos cantou pela primeira vez na rádio Farroupilha da terra natal, chamando logo ali a atenção para o seu extraordinário timbre de voz quente e profundo. Aos 18 foi para o Rio de Janeiro, na companhia do pai, atuando nas rádios locais e no mítico Beco das garrafas, que era então o ponto de encontro dos artistas cariocas, mas foi em 1965, quando venceu o  I Festival de música brasileira, na rádio Excelsior,  com a música " Arrastão", que o fenómeno Elis explodiu em todo o país.

 Daí em diante sucedem-se as músicas e parcerias inesquecíveis: das músicas podemos destacar " Atrás da Porta", " Romaria", " O bêbado e equilibrista" ou " Como nossos pais", entre tantos êxitos. Das parcerias recordamo-nos das que fez com Chico Buarque e, claro está, da especialíssima dupla Elis/ Tom Jobim que cantava o hino da MPB " Águas de Março" .

Elis morreu precocemente há 30 anos, aos 36 anos. Mas a " pimentinha" como lhe chamava Vínicius de Moraes, permanece na nossa memória com a palavra mais bonita da língua portuguesa: saudade, infinita, saudade. 
 

Autor: Rui Marques

Homenagem com Sotaque – Elis Regina

Entrevista com Sotaques


                  


    Danyel Guerra : um amante incondicional  da Língua Portuguesa 

Escritor, jornalista que já trabalhou nos dois  Jornais portugueses mais lidos, Jornal de Notícias e atualmente Correio da Manhã, sócio do mítico espaço Labirintho, dinamizador cultural com uma especial devoção pela poesia,  Danyel Guerra é uma das figuras que mais se tem destacado, na cidade do Porto, no aprofundamento das relações luso-brasileiras.Mas mais que a sua Biografia, há   uma palavra que o caracteriza e  com a qual   ele próprio se define:  é Lusofilia, amor pela Língua portuguesa, pela sua promoção no mundo.

P- Define-se como um Lusófilo . Poderia explicar este conceito ? 

R- O Lusófilo é aquele que ama a Língua portuguesa,  sem pretender impor esta ou aquela forma de falar ou escrever . Não concordo nem com um certo preconceito que parte do princípio de que o português falado pelos portugueses deva prevalecer sobre a língua que é falada no Brasil, em Angola e Moçambique, nem com aqueles que referem que devemos privilegiar o português falado no Brasil. 
O primeiro preconceito tem a ver com uma certa noção de pureza da língua, das raízes que estão em Portugal, e o segundo com a força económica do Brasil,  que faz com que se pense que o português se adapte à forma de falar dos brasileiros. 
Defino-me como Lusófilo, e não como Lusófono, porque acho que temos de encontrar um ponto de encontro, um meio termo, em que sem perder a diversidade promovamos a nossa língua comum. Sem esquecer todos aqueles que falam e amam a língua portuguesa no mundo: não só os países de língua oficial portuguesa, mas todos os que se interessam pela língua portuguesa, seja ela a sua língua materna ou não. 



P-  O acordo ortográfico vai melhorar as relações entre Portugal e o Brasil ?  Com que mudanças concorda e com quais está em desacordo ?

R - Creio que o escopo do acordo não é esse. Este acordo sobre os critérios que permitam
uma harmonização ortográfica dos diversos padrões da língua portuguesa visa, na minha opinião,  facilitar a vida aos milhares, milhões de lusófilos, espalhados pelo planeta. Há uns anos, numa  conversa que tive com  um dinamarquês que estava a aprender  a nossa língua, ele chamava-me  a atenção para a confusão que lhe causavam as diferenças ortográficas e lexicais,  que encontrava entre os padrões brasileiro e o português. Eu disse-lhe que estava para breve a adopção de um acordo de harmonização ortográfica. Quanto à questão  lexical  nada podemos alterar, sob pena de estarmos a distorcer a língua enquanto fenómeno cultural. Certamente que não faz  sentido compelir  os brasileiros a começarem a chamar "lixívia" à "água sanitária", nem obrigar os portugueses a dizerem "pedágio" em vez de "portagem". Esse léxico multímodo  também revela  a   riqueza da língua comum, a sua diversidade, que devemos preservar .
Estou 99% a favor do Acordo. Julgo, porém,  que os filólogos e linguistas foram um tanto minudentes na questão  da utilização ou não dos  hífens.    

P - Tem uma ampla experiência laboral como jornalista e escritor - no Jornal de Notícias e Correio da Manhã . Sentiu dificuldades a nível da  língua ao longo da sua carreira jornalística ? 

R- Ao princípio,  senti algumas dificuldades com algumas expressões. E isso tem a ver com diferenças que existem nalgumas palavras entre o português de Portugal e o Brasil,  que são ditas e pronunciadas de forma diversa. 
Volto a uma ideia que  disse atrás: é importante encontrarmos um ponto de equilíbrio, que permita que falemos e escrevamos na mesma língua, sem perdermos os traços culturais que nos definam. 

P - É autor de vários livros - os livros de crónicas " O Céu sobre  Berlim", " Amor; città aberta" e uma obra sobre uma grande figura da cultura luso-brasileira, "Tomás Gonzaga". Podia falar-nos  sobre este autor ? 

R - A minha curiosidade sobre Tomás Gonzaga começou quando vim viver para aqui, há trinta anos, e soube que um poeta brasileiro muito importante, Tomás Gonzaga, tinha nascido em Miragaia. Ele era filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, licenciou-se em Coimbra e foi para o Brasil em 1782 onde foi desembargador da Relação da Baía e  teve um papel muito importante na crise da Inconfidência Mineira - escreveu o poema em forma de epístolas " Cartas chilenas" - sendo condenado a prisão por três anos, durante os quais se julga que escreveu a maior parte dos seus poemas, e mais tarde foi degredado para Moçambique onde acabou por morrer. 
O conjunto da sua obra " Marília de Dirceu" foi publicada em Lisboa, em 1792, por irmãos maçons de Tomás Gonzaga. É uma personagem muito importante na cultura brasileira com fortes ligações a Portugal, que temos de relembrar e que eu quis homenagear com este livro. 


P- Tem tido um papel importante como dinamizador cultural no espaço  Labirintho. Sente que faltam eventos na cidade do Porto que promovam as ligações luso-brasileiras? 

R -  Essa primeira assertiva deve ser relativizada. Tenho tido apenas um papel secundário, dada a escassez do tempo disponível. No que concerne à segunda parte da questão, julgo que este problema  se coloca, antes de mais,  a nível da qualidade e não  da quantidade. De um modo geral,o que nos chega do Brasil, em termos de expressões e realizações da chamada indústria de entretenimento/cultural,  tem o estigma de  mainstream. Só para dar um exemplo de um segmento dominante –a música -,  o que vem  do Brasil são produções das vacas sagradas e consagradas, sejam elas chiques ou bregas. Não tenho uma solucão, mas defendo que do Brasil devem-nos ser proporcionados  propostas-desafios com o selo da qualidade alternativa, do vanguardismo, do experimentalismo, do indie.
Contudo nesta matéria   evito ser  paternalista e nacionalista. Entre um show do Alexandre Pires ou de um dupla sertaneja,  não hesito em preferir um espetáculo de folclore do Bangladesh ou de danças nativas da Zâmbia ou da ilha de Tonga.

 P- Como é que poderíamos revitalizar essas ligações ? 

R- Eis um trabalho de Hércules. Não tenho receitas milagrosas, mas tudo  passa por um árduo e aturado esforço de educação para o gosto, sem preconceitos elitistas. Vejamos o caso da arte literária brasileira. Quando falo desse tema até com pessoas de formação universitária, os nomes que se elencam são os Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes e o inenarrável Paulo Coelho..
 Os nomes alternativos como os de Ana Cristina César, Paulo Leminski, Torquato Neto, Hilda Hilst são  desconhecidos. O próprio Ferreira Gullar só saiu da obscuridade quando venceu o Prémio Camões.


 P- Vive no Porto há anos. Como vê a cidade na atualidade ? 

R- Precisando, eu vivo em Porto/Gaia. Como a política, a vida de uma cidade é também a arte do possível. Julgo que o Porto se tem vindo gradualmente a libertar  do seu complexo de superioridade/inferioridade, típico das segundas cidades de qualquer país. É um cidade de múltiplos cambiantes, com quem há mais de 30 anos mantenho um relação de atracção e repulsa, tese e antítese de toda dialéctica da paixão. O grande óbice é o clima, demasiado inóspito, frio e húmido, especialmente para mim  que  sou movido a energia solar.
No último quarto de século, a cidade  deu um notável salto qualitativo, atenuando a pátina conservadora e provinciana, questionando mesmices e sobrancerias. Sem perder o tónus da tradição, julgo que do ponto de vista lúdico-cultural -que é aquele que agora nos motiva-  o Porto tem acolhido uma vibração inusitada, tendo a juventude como agente catalisador dessa movida. Ressalvando o fato de ser apenas uma urbe de média dimensão europeia, com um rendimento per capita pouco elevado, as ofertas   de entretenimento apresentam um índice de variedade e qualidade muito apreciáveis. Serralves e a Casa da Música serão a epítome desse novo paradigma.
De um ponto de vista sociológico, penso que a grande mudança se deu no comportamento e no modo de representação social das mulheres. Quando aqui desembarquei há mais de 30 anos, as meninas eram muito ariscas, caretas até. Raramente saiam sozinhas, sem terem um elemento masculino à ilharga.  Hoje, elas são as protagonistas das baladas.


P- Há uma significativa comunidade brasileira a viver no Grande Porto.  Sente que existe uma ligação forte entre os brasileiros e que se adaptam bem ao Porto e a outras cidades do Norte ? 

R- Verifico que, regra geral, os brasileiros migrantes em Portugal em Portugal estão com um pé dentro e outro fora do país. Na sua maioria, estão aqui de passagem para darem o salto para outro lugar mais propício - ou  para regressar à pátria amada. 
Quando estão cá têm uma existência muito gregária, vivem em comunidade, muitas vezes fechados em relação aos portugueses. Estabelecem relações fortes entre si quer seja pela necessidade de ganharem algum dinheiro enquanto estão cá, quer pelo facto de trabalharem em profissões de desgaste rápido.
Também há outros factores que determinam este comportamento : o medo e a insegurança de alguma Xenofobia
 e também a necessidade de mostrarem algum distanciamento sobranceiro, o que faz com que não estejam disponíveis para conviverem e conhecerem mais aprofundadamente a cultura portuguesa. 
Passam as horas de lazer num espírito de patota ( Tertúlia ) . A feijoada, o chope, a caipirinha, o samba pagode, o forró, a música sertanheza, a praia são os emblemas culturais da sua vida lúdica. 
Salvo as exceções do costume, não os vejo muito motivados, nem disponíveis para se envolverem na cultura portuguesa. Refira-se, no entanto, que essa é uma atitude dominante nas comunidades migrantes, como vi também na comunidade portuguesa no Brasil.
Friso que esta é uma apreciação geral, e que existem sempre exceções.


 P- Vai publicar brevemente um novo livro sobre cinema. Pode levantar um pouco  o véu sobre esta obra ? 

R- Sempre tive uma grande paixão  pelo cinema. O neo-realismo italiano - Rosselini, Visconti, Antonioni - é uma   paixão minha  porque  foi  uma referência muito importante  para o cinema feito no Brasil e em Portugal nas décadas seguintes. 
Este novo livro pretende ser uma viagem pelo mundo do cinema, salientando as obras e os autores que me impressionaram ao longo das últimas décadas. 

Autor: Rui Marques

Notícias com Sotaques




Carminho e Pedro Luís, dois dos valores emergentes da  música  portuguesa e  brasileira , uniram esforços e cantaram em parceria  a canção " Lusa". A música faz parte do primeiro Álbum do cantor brasileiro Pedro Luís, membro do extinto grupo rock Urge, " Tempo de menino" e contou com a participação também da sua mulher, a cantora Renata Sá, e de uma das grandes figuras da música popular brasileira das últimas décadas, Milton Nascimento. 
Figura cimeira  da nova geração do Fado, Carminho  participou  também recentemente no Álbum "Perdonáme" do cantor espanhol, Pedro Albóran, que é atualmente nº 1 em Espanha. Por sua vez, o compositor e cantor carioca Pedro Luís, afirma-se neste CD como um apaixonado pelo Bairro da Tijuca e pelo Rio, sem esquecer as suas raízes portuguesas - é filho de portugueses e possui dupla cidadania- mostrando a sua admiração igualmente  por Lisboa, cidade onde compôs " Lusa".
 Uma Parceria com Sotaques que revela a importância da música como Ponte cultural que liga Portugal e o Brasil.

Autor: Rui Marques  

Passatempo Sotaques

Um abraço do Sotaques e de Portugal


O Brasil está a ser afectado pelas chuvas     nas últimas semanas.  No Estado do Rio de Janeiro, os números oficiais apontam para mais de 700 vítimas, e os Estados de Minas e do  Paraná  também foram  afectados pelas intempéries. 
Do Projeto cultural  Sotaques, a partir de Portugal,  queremos mandar um abraço de solidariedade para os nossos irmãos  brasileiros. E apelar a todos os nossos amigos no Facebook, portugueses e brasileiros, para que na medida do possível possam ajudar as famílias afectadas.

Autor: Rui Marques  

Portugal: o país onde a solidariedade não está em crise



Portugal é um país que está sempre presente quando é necessário ser solidário. Exemplo disso foi a entrada do país  no livro dos recordes  Guiness, pela recolha  de  101.240 peças para famílias carenciadas, o que constituiu o maior estendal do mundo. 
Estas peças de roupa foram entregues a mais de 100 Instituições de Solidariedade social, chegando a mais de 20 mil famílias em dificuldades económicas. A campanha foi certificada pelo Livro dos recordes Guiness a 4 de Janeiro, mas a recolha de vestuário e roupa continuou até o dia 6 de Janeiro, tendo sido entregues mais 16.116 peças de roupa.
Esta iniciativa junto com outras como a recolha de alimentos pelo  Banco alimentar, que tiveram uma grande adesão popular,  comprovam que os portugueses deixam a crise à porta, quando se trata de mostrar solidariedade. 


Autor: Rui Marques 

Entrevistas com Sotaques



A música “Oração” gravada e divulgada em Maio de 2011,  teve o visionamento de quase 5 milhões de pessoas no youtube, e foi a rampa de lançamento de “ A banda mais bonita da cidade” no Brasil e na Europa. Um fenómeno que os trouxe a uma digressão a várias cidades portuguesas, com um grande acolhimento da parte do público.
Falámos com o guitarrista, Rodrigo  Lemos,  desta  banda nascida em 2009 na cidade de   Curitiba,  que adaptou os cantores e músicas locais ao seu reportório,  e procuramos  saber mais sobre este Projeto que aposta na defesa das raízes musicais  da Língua e da Cultura como principal traço de identidade.


 P- Quais são as vossas expectativas para esta digressão a Portugal ?
 R- Sinceramente não sabemos bem o que esperar. Cruzar o Oceano com o objectivo de tocar noutro país, noutro Continente já é o maior feito das nossas vidas, a partir daí tudo o que vier será positivo.
Estamos ansiosos para conhecer o público português, que foi muito carinhoso connosco nos meses que se sucederam ao fenómeno que foi a divulgação de “ Oração” no Youtube.  

P- É a primeira vez que estão em Portugal ?
R- Sim. Como Banda é a primeira vez que atuámos cá.

P- Conhecem a música e os músicos portugueses ?
R- Eu tenho os meus favoritos, na pop, que são os Ornato Violeta ( é pena que tenham deixado de tocar) ou Toranja,  e também sei da importância histórica de artistas como os Madredeus e Xutos & Pontapés.
No Brasil graças à TV aberta temos um carinho especial pela figura carismática do Roberto Leal que, para a nossa Geração e a dos nossos pais, representa um elo – ainda que superficial- de ligação ao Fado.  

P- Como se definiriam como banda ? 
 R- Somos um camaleão. Ou seja,  procuramos conhecer a música que faz à nossa volta, absorver os vários estilos, estar atentos à enorme diversidade que existe na música brasileira.

P-  Que influências marcaram o vosso percurso musical ? 
R- Os compositores das canções que interpretamos são, provavelmente,  a nossa maior influência. Mas também ouvimos um pouco de tudo : música popular brasileira, rock, música mais experimental.

     
P-  O Sotaques é um Projeto cultural  que aposta na relação entre Portugal e o Brasil. Que importância tem essa ligação para a música ? Devemos apostar em mais parcerias entre músicos portugueses e brasileiros ? 
R- Com certeza: o nosso reconhecimento está a vir através de um trabalho que inclui não apenas a Banda, mas  por via das Parcerias com outros artistas e Projetos. Em Curitiba,  já tínhamos essa característica de flirtar com outros músicos, agora estamos a ter a oportunidade de experimentar essa troca com outras cidades brasileiras.
Quem sabe se algum dia não poderemos desenvolver essas Parcerias além mar, com artistas portugueses ?

 P Quais são os vossos planos para 2012? Já tem espetáculos agendados ?
R- Estamos a organizar  uma digressão  para divulgar esse disco de estreia  da Banda. É o plano a curto prazo, mas para além disso temos de aproveitar as oportunidades que forem surgindo.
O Vinícius, que é o nosso teclista e Diretor de vídeo,   tem um instinto especial para captar novas ideias no meio de uma ideia em andamento. Portanto não faltarão novos Projetos em 2012.  

P- Esperam voltar a Portugal em 2012 ?
R- Esperamos voltar este ano e nos próximos não só para tocar, mas para conhecer melhor o país. A Uyara – vocalista da Banda – tem um irmão que mora no Porto. Eu sou neto de portugueses da parte da mãe.
Gostava de visitar Portugal com mais tempo para fazer uma regressão como se vê nos filmes : desvendar a árvore genealógica da família, visitar casas, túmulos, encontrar algum parente. Conhecer melhor as ligações históricas do nosso  passado que estão em Portugal. 


Autor: Rui Marques

Descubra-nos!

Estejam atentos porque o Sotaques vai dar à língua...

Lenda do Bolo Rei

Quando os Reis Magos foram visitar o Menino Jesus, perto da gruta onde estava o menino, os Reis Magos tiveram uma discussão para saber qual deles seria o primeiro a oferecer os presentes.


Um artesão que por ali passava assistiu à conversa e propôs uma solução para o problema, de maneira a ficarem todos satisfeitos. O artesão resolveu fazer um bolo e meter uma fava na massa. Depois de cozido repartiu o bolo em três partes e aquele a quem saísse a fava seria o primeiro a oferecer os presentes ao Menino.
Assim ficou conhecido pelo nome de Bolo Rei e como tinha sido feito para escolher um rei passou a usar-se como doce de Natal.
Dizem que a côdea do bolo simboliza o ouro, as frutas simbolizam a mirra e o aroma, o incenso.

Dia de Reis

Os Reis Magos fazem parte das Tradições de Natal em quase todos os Países da Europa e são figuras que animam os presépios.
Os Reis vieram do Oriente para conhecer o Menino Jesus.
O nome dos três Reis são: Gaspar, Bastasar e Belchior.
Contam as lendas que eles eram muito ricos e sábios. Eles sabiam que um dia havia de nascer um Menino que seria o Salvador do Mundo e que nesse dia apareceria no céu uma estrela muito brilhante. Quando esse sinal apareceu eles puseram-se a caminho e foram até Belém.
Ofereceram ouro, incenso e mirra ao Menino Jesus.


O ouro significa riqueza e é o metal mais valioso.
O incenso é um perfume que se queima em honra de Deus.
A mirra é um creme perfumado que serve para embalsamar os mortos.
Nós festejamos o dia de Reis no dia 6 de Janeiro.
Uma tradição dos Reis é o Bolo Rei.

Agostinho da Silva : uma Biografia entre dois países

George Agostinho Baptista da Silva nasceu no Porto em 13 de Fevereiro de 1906 e faleceu em Lisboa a 3 de Abril de 1994. Foi um filósofo e pensador português que influenciou gerações em Portugal e no Brasil, onde viveu entre 1947 e 1969.
Licenciado em Filologia Clássica pela Universidade de Letras do Porto, doutorou-se  com a tese " O sentido histórico das civilizações". Estudou em Paris e em Espanha e,   no regresso  a  Portugal,  fundou o Núcleo pedagógico Antero de Quental, desenvolvendo uma intensa  atividade pedagógica e de promoção do pensamento e da  liberdade,  que suscitou a hostilidade do Estado Novo e o levou  a exilar-se do país.
Parte então para a América do Sul,  passando pela Argentina e Uruguai, fixando-se no Brasil em 1947. Neste país teve um notável percurso académico: ensinou em várias Instituições como o  Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, a Faculdade Fluminense de Filosofia, na Universidade Federal de Paraíba e na Universidade de Pernambuco, para além de colaborar com  outro grande intelectual português exilado no Brasil, Jaime Cortesão, na pesquisa sobre Alexandre Gusmão, diplomata português que teve um papel crucial no Tratado de Madrid, assinado com Espanha  em 1750, que definiu as fronteiras brasileiras na América do Sul. 
Volta a Portugal em 1969,  retomando a carreira académica e notabilizando-se também nas célebres " Conversas vadias" na RTP, nos anos 90. Morre em 1994,  deixando atrás si uma excepcional obra sobre a Filosofia, a História, a Religião,  afirmando-se como um admirador da crença no Espírito Santo.
Uma última nota: tinha dupla nacionalidade - portuguesa e brasileira-  e deixou discípulos dos dois lados do Atlântico, que ainda hoje o evocam como uma referência intelectual e moral.

Autor: Rui Marques   



5 de Janeiro: Aniversário da primeira Tipografia no Brasil




A Imprensa brasileira comemora hoje o seu aniversário . Com efeito, foi  a 5 de Janeiro de 1808 que D. João VI concedeu o alvará que permitiu o funcionamento das Fábricas e favoreceu    a produção da 1ª Tipografia no Brasil. Primeiro foi fundada a  " Imprensa Régia", um órgão de informação restrito que só circulava na Corte.  Pouco depois  surgiu o primeiro Jornal brasileiro " A Gazeta do Rio", com uma difusão  mais generalizada entre a população. 
Mais de duzentos depois, podemos afirmar que a Imprensa  - escrita, radiofónica, televisiva - tem desempenhado um papel essencial na História do Brasil. Tem sido um espelho refletor que mostra para os brasileiros e para o mundo o que é o país, quais são as suas forças e fragilidades, como olha para o seu Passado  e que caminho quer traçar para o Presente e  Futuro. 

 Autor: Rui Marques

Notícias com Sotaques



O escritor português Valter Hugo Mãe conquistou definitivamente o Brasil. Duas obras deste autor " O remorso de Baltazar Serapião" e " A máquina de fazer espanhóis", foram incluídas na lista das melhores do ano pelo Jornal brasileiro O Globo.

Valter Hugo Mãe é uma das vozes emergentes da nova e pujante Literatura Portuguesa, ao lado de autores como Gonçalo M. Tavares, João Tordo ou José Luís Peixoto. É um autor com uma obra rica e diversificada que se tem adentrado nos campos da ficção e da poesia, além de ser o vocalista e letrista da banda musical "O Governo", que se estreou em 2008 no Teatro do Campo Alegre, no Porto.

Já tinha causado impacto com a sua intervenção no último Festival Literário de Paraty, e agora viu reconhecida a qualidade da sua obra por um dos mais prestigiados jornais brasileiros. Este é um sinal extremamente positivo para a nova geração da Literatura portuguesa: prova que os novos caminhos que se estão a abrir apontam para a internacionalização, e para que a Literatura Portuguesa encontre novas vias para crescer, independentes da sombra tutelar de José Saramago e António Lobo Antunes.

Café com Sotaques ....


            A Alma livre voa na relação cultural entre Portugal e o Brasil 

A Alma Livre, banda brasileira  constituída  em 2000, chegou a Portugal com a mesma ambição com que se formou no Brasil: ser uma banda sem amarras, guiada pelo desejo de fazer música que fuja aos estereótipos que aprisionam tantos grupos na atualidade. Falamos com José Alves, vocalista do grupo, no Café Guarany no Porto, numa conversa que  se prolongou por horas - a "Alma Livre" contagiou-nos e levou-nos a viajar  pela música brasileira, as ligações entre Portugal e o Brasil, as futuras Parcerias com artistas  portugueses, e a perspectivar o nossa relação especial no mundo global. 


P - Como surgiu a Banda ? 

R- O grupo foi criado em São Paulo em 2000. Nós já tocávamos individualmente como músicos free-lancer com vários artistas, reunimo-nos - eu, o meu irmão Aguinaldo ( Naldinho), Sabiá e Chico - e decidimos avançar para um Projeto nosso. 

Durante muito tempo tocamos todo o tipo de música, mas a partir de 2006 com o lançamento do Álbum " Hoje eu sei" trilhamos o nosso próprio caminho que teve continuidade com o segundo Álbum " El amor vencio"  este Disco " Coragem",   que apresentamos em 2011 em várias cidades portuguesas . 


P- O nome " Alma Livre" tem algo a ver com essa necessidade de terem um som próprio ? 

R- Sem dúvida. Tínhamos a vontade de desenvolver o nosso estilo próprio e não nos preocuparmos tanto de sermos enquadrados neste ou naquele género musical. Ao princípio foi difícil- também porque o mercado brasileiro é muito grande e a concorrência é grande - mas pouco a pouco ganhámos o nosso espaço e reconhecimento público.

Cantámos em várias línguas nos nossos Discos- português, inglês e espanhol- e tentamos dar às nossas  músicas um estilo livre e autónomo.  
 

P- Qual é o estilo  de música da "Alma Livre"? 

R- É uma música simples que procura valorizar o lado poético das canções. As letras são muito importantes para nós porque nos permitem expressar sentimentos e ideias sobre a liberdade, o amor, e  uma série de temas universais que nos afetam a todos. 


P- O José Alves atuou   em Portugal, apresentando as músicas da Banda  pela primeira vez. Que balanço faz desta passagem pelo nosso país ?

R- Superou as minhas  melhores expectativas. Fui  muito bem recebido pelo público português, fiz vários Concertos e também atuei  no Programa " Portugal no coração" da RTP. 

Esta digressão também teve  repercussão no Brasil- a Ritmos e Temas, Empresa que nos representa,  disse-me  que a comunicação social brasileira  esteve atenta a esta vinda a Portugal. Portanto o balanço que faço  é o melhor possível. 
 

P- Também esteve  no Porto,  onde estamos a fazer esta entrevista. Com que impressão ficou desta cidade ?

R- Gostei muito de estar cá. Ainda estava no avião e sentia-me fascinado ao olhar para o  rio, para a   Arquitectura das ruas do Porto. 

Eu vivo na Cantareira, a dez quilómetros de São Paulo e identifico-me com cidades que não sejam muito grandes, e que tenham uma identidade cultural e  histórica  própria.

 
P - Curiosamente a " Alma Livre" tem uma ligação forte  a Portugal no Brasil. Pode contar-nos qual é ? 

R- Nós costumamos ser uma das Bandas convidadas para as Festas de Santo António, no Bairro de Santo Amaro. Nos últimos três anos fomos convidados deste evento e temos uma relação muito boa com a Casa da Madeira que é a organizadora do evento. 


P - Querem desenvolver Parcerias com artistas portugueses ?

R- Sim. Já desenvolvemos uma Parceria com esta digressão - com o músico português Pedro Brandão- mas naturalmente gostávamos de estabelecer novas Parcerias,  porque é muito importante este intercâmbio entre os artistas dos dois países.  


P- O Projeto cultural Sotaques aposta na valorização da relação cultural entre Portugal e o Brasil. Que importância tem esta relação também na área da música ? 

R- É muito importante. Nesta era da Globalização, com os avanços tecnológicos,   nós estamos cada vez mais próximos uns dos outros. 

Temos de aproveitar essa proximidade para nos unirmos mais, porque essa ligação torna-nos mais fortes e não diminui os valores culturais de cada povo. Pelo contrário, fortalece ainda mais os nossos valores no mundo. 


P- A Banda " Alma Livre" vai estar em Portugal em 2012? 

R- Queremos vir cá no próximo ano. Ainda não está definida a data, mas desejamos voltar a mostrar a nossa música ao público português, que nos recebeu com tanto calor humano e simpatia.